Da Redação com Lusa
O Brasil está com um “foco global” na expansão do ensino do português pelo mundo para os próximos anos, disse à Lusa o diretor do Instituto Guimarães Rosa.
Marco Antonio Nakata, em entrevista à Lusa para assinalar o Dia Mundial da Língua Portuguesa – 05 de Maio, frisou que o Instituto Guimarães Rosa tem 24 unidades espalhadas pelo mundo, sendo a maioria na América Latina (13), seguida de África, com seis.
“As atividades culturais, as atividades de ensino de língua portuguesa já acontecem em vários países”, disse.
Mas, sublinhou, “a ideia é que a expansão disso [do número de unidades] aconteça nos próximos anos”.
Nos Estados Unidos há 10 consulados brasileiros e “todos eles têm atividade cultural”.
Ao interesse sul-americano que é, naturalmente, “muito grande”, juntam-se alguns países “que surpreendentemente apontam um interesse maior”, destacou.
É o caso do Líbano, devido à “migração libanesa no Brasil, sobretudo em São Paulo, e dos laços que existem entre os dois países”. De acordo com a Agência Senado, cerca de 10 milhões de libaneses e descendentes vivem no Brasil.
Na Europa, é em Itália que é demonstrado bastante interesse na aprendizagem do português, muito por ‘culpa’, também, da grande imigração italiana no Brasil.
“Itália tem um interesse bastante grande, com a imigração brasileira no Brasil isso também faz com que haja esse interesse”, disse o diretor.
Em paralelo, através do acordo assinado entre o Camões – Instituto da Cooperação e da Língua e o Instituto brasileiro Guimarães Rosa, a ambição de expandir o ensino da língua portuguesa é agora maior.
Entre os vários pontos do protocolo estabelecido em março, disse Marco Antonio Nakata, está a “utilização de espaços físicos” das duas instituições.
“O Brasil é muito presente em termos de instituto Guimarães Rosa, ou centros culturais na América do Sul, América Latina, África também, ao passo que Portugal tem uma presença maior na Ásia do que nós temos”, explicou.
“A ideia é nós podermos utilizar espaços do instituto Camões nesses países em que nós não temos esse espaço e penetração, e vice-versa”, detalhou.
Tal protocolo, frisou, aproxima as duas unidades e facilita as instituições a chegarem ao mesmo propósito: “ensinar a língua portuguesa, a cultura brasileira e a cultura portuguesa”.
De acordo com dados divulgados à Lusa, o Instituto Guimarães Rosa tem, neste momento, 24 unidades espalhadas pelo mundo, sendo a maioria na América Latina (13).
Seguem-se seis em África, três na Europa e duas no Médio Oriente, além de Núcleos de Estudos Brasileiros (NEBs) em Artigas (Uruguai), Nova Iorque, Belgrado, Ramalá, Guatemala e Malabo, que foram criados para dar resposta à procura pelo ensino do português nestas regiões.
Atualmente existem 50 leitores Guimarães Rosa que atuam em várias universidades do mundo.
Por outro lado, o Camões, Instituto da Cooperação e da Língua tem a responsabilidade de gerir o ensino do português em 76 países e de apoiar o funcionamento de 64 cátedras, 54 leitorados, 19 centros culturais e ainda oito centros de língua portuguesa em todo o mundo.
O português é a quarta língua mais falada no mundo, por mais de 260 milhões de pessoas nos cinco continentes. Em 2050, os falantes da língua portuguesa serão quase 400 milhões e em 2100 serão mais de 500 milhões, segundo estimativas das Nações Unidas.
Custos elevados
O responsável máximo pela promoção da cultura brasileira e da língua portuguesa no estrangeiro afirmou à Lusa que o Brasil tem interesse em tornar o português língua oficial das Nações Unidas, mas advertiu para os elevados custos.
“Na verdade é extremamente custoso, porque ter o português como língua de trabalho nas Nações Unidas é muito caro”, disse, o diretor do Instituto Guimarães Rosa, a congênere brasileira do Instituto Camões.
Na opinião de Marco Antonio Nakata, neste primeiro momento, é necessário “avaliar realmente a importância que isso teria para o Brasil e se esse volume de recursos não teria uma utilidade maior” noutros campos de divulgação do português, como a existência de “mais leitores, mais professores, investir em novas tecnologias de ensino”.
Ou seja, para já, existe interesse, mas o foco tem sido na “ampliação com caráter experimental em algumas organizações internacionais” como é o caso da UNESCO, onde já é uma língua de trabalho em casos pontuais.
“A ideia é de que a gente comesse a ampliar. O Governo brasileiro, juntamente com o Governo português já se manifestaram a favor de uma ampliação, incluindo na UNESCO”, frisou o responsável do Instituto Guimarães Rosa.
Em entrevista à Lusa, em Lisboa, a 26 de abril, o Ministro das Relações Exteriores do Brasil afirmou querer “um avanço” no projeto de tornar o português língua oficial das Nações Unidas, acrescentando ser “um dos temas que é muito caro ao Presidente Lula é a língua portuguesa”.
“Ele [Lula das Silva] insiste que muito que gostaria de ter o português como língua oficial das Nações Unidas”.
Segundo o ministro, o projeto do português como língua oficial das Nações Unidas é um tema que o Governo brasileiro considera “seriamente”. E “gostaríamos de ver um avanço”, concluiu.
Já que “é um tema de longo prazo, porque, inclusive, e não é algo que se possa decidir diretamente nas Nações Unidas. Isso tem impacto orçamental das Nações Unidas”, afirmou.
O Dia Internacional da Língua Portuguesa, que se celebra a 05 de maio, foi proclamado pela 40.ª Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), em novembro de 2019, e comemora-se este ano pela quinta vez.
O português é a quarta língua mais falada no mundo, por mais de 260 milhões de pessoas nos cinco continentes. Em 2050, os falantes da língua portuguesa serão quase 400 milhões e em 2100 serão mais de 500 milhões, segundo estimativas das Nações Unidas.