Apelo ao silenciar das armas deixado em Fátima por cardeal brasileiro

Mundo Lusíada com Lusa

 

O arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Steiner, pediu neste domingo em Fátima, o silenciar das armas “que geram a morte”, apelando aos governantes que trilhem “as sendas da fraternidade, da paz”.

Na homilia da missa da peregrinação internacional aniversária de 13 de outubro ao Santuário de Fátima, o cardeal brasileiro exortou à intervenção de Nossa Senhora para que “converta, transforme o coração dos que alimentam o ódio, a vingança, a destruição, a morte, e se instaure a fraternidade, a irmandade”.

Recordando a garantia deixada na sexta aparição na Cova da Iria em 13 de outubro de 1917, em plena I Guerra Mundial – “A guerra vai acabar e os militares voltarão em breve para suas casas” -, Leonardo Steiner pediu: “silenciai as armas que geram a morte, extingui a violência no coração humano; concedei o dom da paz; tocai os corações e as mentes dos governantes para trilharem as sendas da fraternidade, da paz”.

“Imploremos a paz! Imploremos a paz!”, apelou o arcebispo, dirigindo-se aos peregrinos, que responderam ao seu apelo e gritaram “Paz! Paz!”.

Na ocasião, e perante milhares de peregrinos que não tiveram medo da instabilidade das condições meteorológicas, o arcebispo de Manaus voltou a referir-se aos problemas vividos na Amazônia, como já havia feito no sábado.

“Suplicamos para que os pobres sejam integrados na sociedade e não rejeitados, os migrantes acolhidos em nossas comunidades e não dispensados. Aqui, aos pés da Virgem, elevo a prece pelos indígenas: que sejam respeitados no seu modo de vida, na sua cultura. As terras dos antepassados, dos ancestrais, sejam a casa, a morada dos nossos irmãos e irmãs indígenas no Brasil”, afirmou.

O cardeal deixou o apelo a que “desapareça a ganância, a destruição, a morte nas terras ancestrais. Cesse o desmatamento, termine a pesca predatória, desapareça o garimpo ganancioso, destruidor e depredador. Rezemos pela conversão daqueles que iniciam queimadas”.

“Vinde socorrer-nos nestes tempos subjugados pela injustiça e devastados pelas guerras, enxugai as lágrimas dos rostos sofredores de quem chora a morte dos seus entes queridos, despertai-nos do torpor que obscureceu o nosso caminho e tirai do nosso coração as armas da violência”, disse ainda o arcebispo brasileiro, citando as palavras do Papa Francisco no dia 06 de outubro, na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, onde rezou o terço pela paz conjuntamente com os participantes no Sínodo dos Bispos.

Além do apelo à paz e do alerta para os problemas na Amazônia, também o papel da mulher na Igreja foi abordado pelo cardeal Steiner nesta sua passagem por Fátima.

O arcebispo de Manaus, no sábado, considerou que o papel da mulher “é fundamental” na Igreja da Amazônia e admitiu a possibilidade de reintrodução do diaconado feminino.

“Essas questões estão muito tensas na Igreja. Não deveríamos deixar de discutir e refletir. E se, numa hora, chegarmos à conclusão de que, no passado, havia o diaconado feminino, porque não reintroduzi-lo, como foi reintroduzido o diaconado permanente?”, questionou.

Esta peregrinação, a última internacional aniversária do ano, registou a presença de 181 grupos organizados de fiéis oriundos de 31 países. Segundo estimativa do santuário, estiveram participando cerca de 180 mil peregrinos nas cerimônias deste dia 13.

Bispo de Leiria-Fátima

O bispo de Leiria-Fátima, José Ornelas, pediu aos peregrinos que participaram na peregrinação internacional aniversária que levem uma mensagem de paz para as suas famílias e para o mundo.

“Que esta peregrinação, que tem gente de todas as partes do mundo, dos cinco continentes, passe a ser uma mensagem que nos ajude a construir, a partir do nosso coração, uma paz e uma justiça para todos”, pediu José Ornelas, durante a mensagem final da peregrinação aniversária de 13 de outubro ao Santuário de Fátima.

José Ornelas agradeceu a presença de Leonardo Steiner, com quem está a participar, até 27 de outubro, no Sínodo dos Bispos.

“Viemos os dois de Roma e voltamos hoje para lá para continuar o Sínodo. É a nossa Igreja, a Igreja a que nós pertencemos, que se reúne: bispos, padres, leigos e leigas, religiosos, religiosas, com Pedro”, frisou.

O bispo de Leiria-Fátima pediu aos presentes que, cada um na sua vida, continue “a missão dos apóstolos, a missão de Pedro, porque este mundo tem necessidade de mais esperança, tem necessidade de mais justiça, tem necessidade de mais paz”.

Os conflitos armados estiveram em destaque neste domingo, no Santuário de Fátima, com os fiéis a rezarem pelo final da guerra.

Na Oração Universal, foi deixado o desejo de que “cessem as guerras no mundo, especialmente na Síria, em Israel, na Palestina, na Ucrânia e em outros lugares de conflito”, bem como para que os “governantes do mundo inteiro (…) promovam a paz, a justiça e defendam os mais desfavorecidos e maltratados”.

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