Da Redação com Lusa
A comissão das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril já financiou projetos ligados às artes, cinema e pesquisa com dois milhões de euros e assinalou a exposição sobre Amílcar Cabral como exemplo de dinamização junto do público.
“Estamos neste momento a transformá-la numa exposição itinerante que vai permitir não só que ela circule por todo o país, em escolas, autarquias, juntas de freguesia como também que vá para fora”, anunciou em entrevista à Lusa Maria Inácia Rezola, comissária Executiva da Comissão Comemorativa 50 Anos 25 de Abril.
A exposição esteve também na Guiné Bissau, em novembro, e vai este ano ser instalada definitivamente em Cabo Verde.
“Para Cabo Verde seguirá também uma exposição itinerante, uma forma mais ligeira dessa exposição que vai percorrer todas as ilhas e todas as escolas. Há um grande envolvimento com o Instituto do Patrimônio Cultural de Cabo Verde para possibilitar este dinamismo”, adiantou.
A exposição intitulada Amílcar Cabral – figura destacada do século XX e fundador do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) – foi inaugurada em março de 2023 no Palácio Baldaya, em Lisboa.
“Promoveu uma mobilização que superou em muito as nossas expectativas, todos os dias havia pessoas a visitar a exposição, houve excursões, visitas de estudo, e a partir dessa exposição, dinamizámos uma série de visitas guiadas, conversas temáticas, iniciativas sobre diferentes temas ligados à questão colonial, à colonização”, enumerou.
Foi também neste local que ficaram centradas as iniciativas do dia 25 de Abril de 2023 a cargo da comissão
Para este ano, a comissária revelou apenas que as iniciativas dos 50 anos serão conhecidas em 07 de fevereiro.
“Há linhas de força que vão continuar como esta nossa preocupação de produzir conteúdos disponibilizados para todos na Internet e publicações e outros recursos que são fornecidos gratuitamente a toda a gente”, disse a professora e historiadora.
A comissão que de 2022 a 2026 é responsável pelas comemorações do cinquentenário da revolução portuguesa de 1974 já organizou mais de 90 iniciativas como conferências, colóquios, exposições dossiês digitais, edições, iniciativas educativas, espetáculos ou sessões com documentários.
Segundo o relatório de atividades que a Lusa teve acesso, o programa de apoio Arte pela Democracia, com uma dotação de um milhão de euros e lançado em 2022, após um acordo com a Direção-Geral das Artes, apoiou 45 projetos.
Foi também lançado o programa Cinema pela democracia, em parceria com o Instituto do Cinema e do Audiovisual, com uma dotação de 790 mil euros, cujos resultados serão divulgados proximamente.
No âmbito do acordo com a Fundação para a Ciência e Tecnologia foi aberto o concurso Ciência pela Democracia, com uma verba de 500 mil euros, para projetos de investigação sobre o 25 de Abril e a democracia. Os resultados serão divulgados em abril.
Foi ainda criado um programa especial de bolsas de criação literária para ensaios centrados na temática do 25 de Abril, uma parceria com a Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas. Este concurso deverá abrir durante o primeiro semestre deste ano e tem uma dotação de 60 mil euros.
Referindo-se ao programa Arte pela democracia, especificou que os 45 projetos aprovados são de diferentes regiões do país e alguns deles com caráter inerente, como teatro ou dança.
“Mas não só, temos por exemplo também aplicações para telemóveis, projetos de multidisciplinares, exposições, publicações. É muito interessante perceber que estes projetos já começaram a sair para o terreno.
“A peça [de teatro] da Sara Barros Leitão que está tão divulgada é um dos projetos que foi contemplado e agraciado com o financiamento da Direção-Geral das Artes”, disse.