Da Redação com Lusa
A 23.ª edição do Festival de Cinema Luso-Brasileiro arranca em Santa Maria da Feira, no próximo domingo, e terá em competição sete longas-metragens e 20 ‘curtas’, focando-se também na divulgação da obra de Bárbara Wagner & Benjamin de Burca.
Até 04 de julho, o evento organizado pelo Cineclube da Feira, com o apoio da respetiva autarquia do distrito de Aveiro, propõe assim o que a direção do certame define como “um confronto saudável entre duas cinematografias ligadas pela mesma língua”, numa mostra das “produções mais representativas do biênio 2020-2021”, em Portugal e no Brasil.
Para a sessão de abertura está anunciado o filme “O Último Banho”, primeiro ‘longa-duração’ do realizador português David Bonneville, e, ao longo do evento, o festival exibirá um total de 60 filmes reunidos em diferentes categorias, inclusivamente a relativa a valores emergentes da cinematografia de um e do outro lado do Atlântico.
A aposta numa retrospetiva da dupla brasileira Wagner & Benjamin de Luca deve-se à “prática multidisciplinar” destes cineastas. “Os seus ‘projetos fílmicos’ ziguezagueiam entre os recursos do documentário e da ficção, e usam os corpos e a música para gerar testemunhos e fantasias como forma de manifestos políticos”, explica a direção do festival, que, por isso, selecionou para exibição “Faz que vai” (2015), “Estás vendo coisas” (2016), “Terramoto santo” (2017) e “Swinguerra” (2019).
A portuguesa Leonor Noivo, por sua vez, será a realizadora em destaque na rubrica “Sangue Novo”, que procura dar a conhecer valores emergentes do novo cinema luso-brasileiro, e apresentará “Tudo o que imagino” (2017), “Raposa” (2019) e “Dopping! Exercise with gloria” (2019).
A edição de 2021 do festival presta ainda homenagem a três artistas cujas carreiras marcaram a cinematografia lusófona: o realizador Domingos Oliveira, “uma espécie de Woody Allen carioca cujo cinema percorre as crises existenciais, as neuroses, as traições amorosas, o desejo, a amizade e o fervor da criação artística”; o compositor Nelson Sargento (1924-2021), “nome incontornável do samba que será lembrado através da exibição do filme ‘O primeiro dia’, realizado por Daniela Thomas e Walter Salles”; e Julião Sarmento (1948-2021), que foi “o mais influente e internacional artista plástico português” e também trabalhou como ator no filme “Rusga” (2006), do realizador e crítico Rui Pedro Tendinha.
O programa do evento integra também um debate que, abordando a atualidade da indústria cinematográfica luso-brasileira, contará com perspetivas do realizador João Nicolau, do investigador Daniel Ribas, do produtor Luís Urbano, do diretor de fotografia Mário Castanheira e da roteirista (argumentista) Mariana Ricardo.
Haverá ainda uma sessão especial dedicada ao universo musical de Gilberto Gil, com a exibição do documentário “Gilberto Gil – Antologia – Vol. 1”, do realizador brasileiro Lula Buarque de Hollanda.