Da Redação
Com Lusa
Cerca de 1.800 passageiros de um cruzeiro com origem no Brasil fizeram uma escala não prevista no porto de Cadiz, na Espanha, devido à interdição de desembarque em Portugal, terminando o percurso no Aeroporto de Lisboa por via terrestre.
Contactada pela agência Lusa, fonte da GNR confirmou ter identificado alguns destes ônibus de passageiros, tendo procedido ao seu acompanhamento desde a fronteira de Caia até ao Aeroporto de Lisboa.
Os passageiros viajavam a bordo do cruzeiro “MS Sovereign”, operado pela Pullmantur Cruises, do grupo Royal Caribbean International, sendo o seu destino final Lisboa, onde está previsto permanecerem uma semana até ao regresso ao Brasil.
Um operador turístico relatou à Lusa que transportou alguns dos passageiros do cruzeiro do aeroporto até ao hotel onde estava previsto ficarem hospedados e que estes, apesar de viajarem de máscara, estavam pouco informados sobre a situação de emergência na Europa e em Portugal devido à propagação da Covid 19.
Segundo a fonte, os passageiros viajaram de autocarros do porto de Cádiz, tendo permanecido “várias horas na fronteira” à espera de ser autorizada a sua entrada em Portugal e depois fizeram a viagem terrestre até ao Aeroporto de Lisboa.
“No aeroporto, os autocarros deixavam os passageiros na área de desembarque”, relatou.
Na sexta-feira, o governo assinou um despacho conjunto que interdita o desembarque de passageiros de navios de cruzeiro em portos nacionais a partir de sábado, com exceção para cidadãos portugueses, devido à pandemia de Covid-19.
“O despacho conjunto interdita o desembarque e licenças para terra de passageiros e tripulações dos navios de cruzeiro nos portos nacionais, exceto a cidadãos nacionais, titulares de autorização de residência em Portugal ou em casos excepcionais relacionados com uma situação de saúde, mediante autorização da autoridade de saúde”, refere o Ministério da Administração Interna em comunicado.
O despacho foi assinado pelo ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, pela ministra da Saúde, Marta Temido, e pelo secretário de estado Adjunto e das Comunicações, Alberto Souto de Miranda.
Esta interdição decorre até 09 de abril, podendo ser prorrogada “em função da evolução da situação epidemiológica”. O documento esclarece que os navios de cruzeiro estão autorizados a atracar nos portos nacionais para abastecimento e manutenção.
Este despacho é justificado pelo Governo devido à situação epidemiológica a nível mundial, ao aumento dos casos de infecção em Portugal, com o alargamento progressivo da sua expressão geográfica, à necessidade de conter as possíveis linhas de contágio para controlar a situação e ao fato de “a experiência internacional demonstrar o elevado risco decorrente do desembarque de passageiros e tripulações dos navios de cruzeiro”.
Esta decisão já tinha sido anunciada pelo primeiro-ministro, António Costa, na noite de quinta-feira, como uma das medidas de um pacote alargado com o objetivo de travar os casos de infecção em Portugal.
O novo coronavírus foi detectado pela primeira vez em dezembro, na China, e já provocou mais de 5.700 mortos em todo o mundo.
O número de infectados ultrapassa agora os 154 mil, com registro de casos em 139 países e territórios.
A Organização Mundial da Saúde declarou entretanto que o epicentro da pandemia provocada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) se deslocou da China para a Europa, onde se situa o segundo caso mais grave, o da Itália, que anunciou 175 novas mortes e que regista 1.441 vítimas fatais.
Em Portugal, o número de casos confirmados de infecção pelo novo coronavírus, que causa a doença Covid-19, passou dos 300.