Para os brasileiros que ainda desconhecem a História do seu País ou foram “envenenado” em criança por maus professores, o Imperador não passa de rude monarca, desconhecedor das mais elementares regras de civilidade.
D. Pedro II era dos reis mais cultos do seu tempo, homem de grande cultura e entusiástico pela boa literatura.
Conhecia e carteava-se com os nomes mais sonantes da arte e da ciência mundial. V.g: Almeida Garrett, Alexandre Herculano, Camilo Castelo Branco – chegou a visitá-lo em sua casa, – Vítor Hugo, Lamartine, Pasteur e muitos outros.
Numa viagem que fez à Europa, quis conhecer pessoalmente o famoso Vítor Hugo, republicano de sete costados, e escritor notável, que deveras admirava e apreciava.
Por intermédio do embaixador do Brasil, enviou convite ao escritor para visitá-lo no hotel onde estava hospedado.
Vítor Hugo – orgulhoso, – recusou a gentileza do Imperador, de modo nada cortês.
D. Pedro II, que era monarca simples, não “ amuou”. Foi ele próprio visitá-lo a sua casa na rua Clicky, 21, em Paris.
Estamos no ano de 1877, mês de Maio. O Imperador bateu de mansinho na porta da residência do escritor. Este, ao conhecer quem era, ficou admirado, e acedeu recebe-lo.
Conversaram durante duas horas. À saída Vítor Hugo estava fascinado com a simpatia e simplicidade de D. Pedro
Apesar de ser republicano convicto, ficou encantado, e desde então tornou-se grande amigo do Imperador.
Sabendo a admiração que seu pai nutria por D. Pedro II, a filha de Vítor Hugo quis estar presente nas cerimónias fúnebres, que tiveram lugar em Paris, realizadas, com toda a pompa, pelo governo de França, após a morte do Imperador, a 05/12/1891.
Pena é que o Brasil, ainda não tenha realizado as homenagens que o Imperador merecia, assim como a sua filha, a Princesa Isabel, que sempre foi estimada pelo povo, pela extrema bondade.
Por Humberto Pinho da Silva
De Portugal