Por Humberto Pinho da Silva
Passamos tempo de crise; ao desmoronar da civilização alicerçada no cristianismo.
É portanto natural, que também o amor esteja em crise; e está em crise, porque só se fala de satisfação sexual, como se o matrimónio fosse apenas sexo.
No casamento há: respeito, partilha, carinho, auxílio mútuo. Casa-se por amizade, para não se viver só, e também para possuir felicidade sexual.
O tempo de namoro serve para se conhecer o outro: modo de vida e pensar, nada mais do que isso.
O apaixonado, tende apartar-se do mundo, para viver o amor. Para ele o ser amado, basta. O pensamento fixo, que lhe tomou o cérebro, borboleteia só ao redor do eleito.
Enquanto procura descobrir o outro, a paixão cresce, domina-o, mas se a intimidade ultrapassa as licitas balizas, o encanto, a magia do amor, esfuma-se.
Se nada mais há a descobrir, a revelar, a conhecer, a paixão mais excitante, esfria e acaba por morrer.
Se o outro possui forte personalidade, espírito elevado, que constantemente surpreenda, a paixão ainda pode permanecer, assente na amizade ou orgulho e amor-próprio.
Infelizmente pouco são os que têm qualidades que “ atraem” ou “aguçam” a curiosidade, para além da intimidade física.
Se tivesse que aconselhar, recomendaria: que não pedissem ou dessem provas de amor, nem realizassem experiências pré- nupciais; não por motivos religiosos; mas satisfeita a curiosidade, o interesse diminui, se não há “valores” que ativem e despertem a “amizade”.
A vida a dois constrói-se pedra a pedra: com cedências, elogios, paciência e dedicação.
Alimenta-se, com presentes não pedidos, jantares não esperados, flor entregue com ternura em momentos especiais.
Palavras mágicas, como: “Amo-te”, “Gosto muito de ti”, e expressões ternas, são bálsamos, que quem ama, não pode esquecer.
Os olhos também falam. Carlos Schmitte, assevera: “Os olhos não enganam ninguém. E como um espelho: reproduz com exatidão o que se passa no coração.”
O tempo de enamoramento, mesmo em anos serôdios, se é puro e sincero, rejuvenesce o espírito e aformoseia o corpo.
Mesmo quando acontece na infância, ainda que não seja “amor”, mas desejo de “ser amado”, é recordado e vivido, muitas vezes, no crepúsculo da vida, com ardor e saudade imensa.
Por Humberto Pinho da Silva
De Portugal