Críticas a corrupção em Portugal marcam solenidade na Sociedade 1º de Dezembro em Curitiba

Composição da mesa >> Professor Milton Ribeiro, secretário, Luis Peinheiro, vice-presidente da Câmara de Comércio Brasil Portugal Paraná, José Brandão Coelho, ex-presidente da Câmara e palestrante, Amilcar Fernandes Silva, presidente da Sociedade, vice-cônsul de Portugal, Dr. Rogério dos Santos Vieira, professora Roza de Oliveira, presidente da Academia Paranaense da Poesia, Amadeu da Costa Monteiro, presidente do Conselho Deliberativo da Sociedade. Foto: Divulgação

Mundo Lusíada

A Sociedade 1º de Dezembro de Curitiba, presidida por Amilcar Fernandes Silva, comemorou no último 01 de dezembro na sede da entidade o “Dia da Restauração”, a reconquista da independência com o restabelecimento da soberania de Portugal de 1640. A sessão solene contou com a presença de 180 convidados, incluindo dirigentes associativos locais, além do vice-cônsul de Portugal, que já esteve no Consulado de Portugal em Santos, litoral paulista, Rogério dos Santos Vieira.
“Parabéns e reconhecimento ao mérito de seus fundadores e todos os dirigentes e colaboradores que nestes longos anos aqui dedicaram muito do seu esforço comunitário em renovados e louváveis projetos culturais, agora representados aqui pelo atual presidente Sr. Amilcar Fernandes da Silva e toda diretoria”, disse o palestrante da noite Dr. José Brandão Coelho, ex-presidente da Câmara do Comércio Brasil-Portugal do Paraná, que iniciou seu discurso falando sobre a restauração da independência de Portugal em 1640, culminando no destaque deste povo como “os maiores descobridores do mundo”.
Brandão ainda citou o momento atual e difícil em Portugal. “Num país como Portugal com nove séculos de história, teríamos muitos outros feitos e heróis para recordar e nos congratularmos com as variadas datas históricas, como hoje. Mas infelizmente outros acontecimentos mais atuais, nos obrigam a sentir mais forte do momento preocupante do Portugal atual, que é de profunda mudança, infelizmente negativa, estando também novamente e perigosamente perdendo a sua Independência, agora econômica”.

Críticas
Em meio as duras metas que organismos internacionais vem impondo a Portugal, o palestrante disse ser notório para o país “alterar os muitos e escandalosos casos de corrupção, dos absurdos ordenados milionários e abusivas mordomias de alguns privilegiados burocratas” em especial na gestão pública portuguesa, onde, diz ele, “se acham iluminados e superiores a tudo e a todos, enquanto afinal essas estão com grandes e continuados prejuízos, como é o caso da TAP, RTP, CP-Caminho de Ferro de Portugal, Metro e todas as empresas públicas”.
De acordo com ele, alguns ordenados de gestores públicos são “significativos” como é o caso da TAP, com salários de 420 mil Euros por mês, ou a RTP com ordenados de 250 mil Euros, “equivalente a 600 mil Reais por mês”, dentre tantos outros gestores públicos com ordenados acima dos 100 mil Euros por mês, citou. “Nem os presidentes dos Estados Unidos, da Rússia, e da Europa incluindo o nosso próprio presidente Aníbal Cavaco Silva, ganham tanto. Simplesmente inacreditável e abusivo”, proferiu durante sua palestra.
Mas diante da crise, o governo se viu obrigado a cortar subsídios de “pessoas que ganham muito menos do que esses homens” numa dura crítica ao sistema que privilegia alguns poucos, nos últimos tempos. “Urge acabar de vez com este verdadeiro insulto a quem trabalha para conseguir atingir a meta da dignidade e pagar as contas no fim do mês”. E insistiu ainda que apenas isso não acabaria com os gravíssimos problemas financeiros acumulados no país, mas estabeleceria “o princípio da moralidade dos governantes”.
Brandão elogiou sistemas que visam uma maior justiça social, como na Dinamarca, Suécia, Noruega ou Finlândia, países onde gestores públicos recebem 50% menos de salário do que os gestores portugueses.
“Portugal tem muitos e valiosos valores imortais, desde a sua cultural secular ao seu belíssimo turismo, invejável gastronomia, o fado, a música popular, o folclore, e todas as belas artes em geral. E acima de tudo um povo culto, atualizado com o mundo de hoje e comprometido na união do esforço conjunto para de novo alcançar a restauração da sua independência plena. Como diria Fernando Pessoa: Falta cumprir-se Portugal”.
O evento contou ainda com a apresentação do Grupo Folclórico Alma Lusa, mostrando canções e danças típicas de Portugal. A Sociedade Portuguesa 1º de Dezembro foi fundada em 10 de Novembro de 1878. Conheça mais em http://www.sociedadeportuguesa.com.br/.

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