Da Redação
Com Lusa
A elevada dívida pública de Itália e o déficit das contas espanholas estão entre os principais problemas que os Governos dos dois países têm de resolver para resistir ao contágio da crise da dívida soberana na Europa.
O principal problema das finanças públicas italianas é a dívida, que ultrapassa os 120% do Produto Interno Bruto do país (1.900 bilhões de euros), uma das maiores do mundo em termos absolutos.
Já em Espanha a dívida é menor, representando 63,6% da riqueza gerada anualmente pelo país, mas está no nível mais alto da última década.
“Se os Estados têm uma dívida elevada, se essa dívida crescer torna-se insustentável. Este é o ponto crucial e é por isso que a Itália e a Espanha se tornaram alvos” dos mercados, disse Chiara Corsa, economista do banco italiano UniCredit, citado pela agência de notícias France Presse.
Quanto ao déficit orçamental, os lugares invertem-se, com a Espanha a registar um saldo negativo das contas públicas de 9,24% em 2010, ao passo que o da Itália ficou por metade desse valor, ao fixar-se nos 4,6% no mesmo ano.
Para combater o agravamento das finanças públicas, ambos os países lançaram recentemente planos de consolidação orçamental, que deverão vir a reforçar no seguimento do aumento dos custos de financiamento.
Em meados de julho, o parlamento italiano aprovou um pacote de austeridade com o objetivo de reduzir o déficit público para 0,2% em 2014. Já a semana passada, o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, prometeu a aprovação em setembro de um “pacto” para impulsionar o crescimento.
Na Espanha, o chefe de Governo, José Luis Rodriguez Zapatero, interrompeu as férias para acompanhar a situação nos mercados e marcou dois conselhos de ministros extraordinários para agosto (19 e 26), em que se prevê a aprovação de medidas de cariz econômico para somar às reformas já lançadas sobre o mercado de trabalho, setor bancário e sistema de pensões.
Em ambos os casos os Governos pretendem acalmar os mercados e assim fazer baixar os valores recorde das taxas de juro com que a dívida de Itália e Espanha transaciona nos mercados secundários.
“As possíveis repercussões das tensões sobre os mercados de dívida soberana sobre a economia real são a principal fonte de risco”, disse o Banco de Espanha.
No entanto, a austeridade pode levar a um abrandamento do crescimento das terceira e quarta maiores economias europeias, com redução das receitas fiscais, do consumo e do investimento, dificultando ainda mais a consolidação orçamental.
Entre abril e junho, o Produto Interno Bruto (PIB) de Itália teve uma variação trimestral de 0,3%, um valor que compara com um crescimento anêmico de 0,1% no primeiro trimestre de 2011. Em Espanha, a economia cresceu 0,2% no segundo trimestre, uma abrandamento face aos 0,3% do período anterior.
No ano passado, a Espanha registou uma contração de 0,1% do PIB, influenciada pelas consequências da bolha imobiliária, que rebentou e que deu origem à mais alta taxa de desemprego da Europa, registando 21% em junho.
Já a Itália cresceu 1,3% em 2010, e tinha ‘apenas’ uma taxa de desemprego de 8% em junho.
PORTUGAL
No Porto, o ministro da Economia e do Emprego, Álvaro Santos Pereira, afirmou que “em breve” o Governo vai apresentar medidas para ajudar as empresas portuguesas a obter crédito, que considerou “um problema sério”.
Numa visita em Paredes, Álvaro Santos Pereira garantiu que o ministério da Economia e o das Finanças estão a trabalhar com o Banco de Portugal (BdP) para “tentar resolver o problema”.
“As empresas queixam-se que há uma falta de liquidez acentuada. Já estamos a trabalhar e, dentro em breve, vamos apresentar medidas para ajudar as empresas portuguesas”, declarou o governante, que, no âmbito da iniciativa “Empresas à Sexta”, visitou uma dezena de empresas em Paços de Ferreira e Paredes.