A população da maior cidade da América Latina fica acuada e amedrontada Vanessa Sene | Da redação
Agências saqueadas. Comércios encerrando suas atividades mais cedo. Escolas e faculdades fechadas. Congestionamento recorde de 195 quilômetros (às 17h30). Dezenas de pessoas em paradas de ônibus. Medo e dúvida sobre o que está acontecendo.
Pela primeira vez, a Grande São Paulo parou suas atividades antes do horário normal. Após diversos ataques do crime organizado, milhões de trabalhadores deixaram antes o trabalho, outros estudantes não foram para escolas e faculdades, para chegarem mais cedo em casa.
Nesses três dias já somam cerca de 180 ataques, e mais de 90 mortes, entre estes, 43 policiais e agentes, e quase 40 suspeitos. Ainda, mais 91 suspeitos foram presos, e mais de 90 armas apreendidas, desde o início dos ataques. Os ônibus públicos também foram atacados, sendo incendiados cerca de 40.
O crime organizado iniciou os ataques em Postos Militares, comércios, agências bancárias e instituições oficiais desde as 19 horas da sexta-feira, 12 de maio. Na tarde desta segunda-feira, criou-se uma tensão através do noticiário de novos ataques em diversas cidades do estado de São Paulo: Campinas, Jundiaí, Santo André, Diadema; no interior do estado, em Sorocaba, Itapetininga, Tatuí, Paulina, Taubaté, Taboão da Serra, e diversas outras cidades de São Paulo.
A violência foi atribuída ao PCC (Primeiro Comando da Capital), confrontando a decisão do governo do Estado de isolar alguns líderes da facção. De acordo com o Comandante Geral da PM, o coronel Elizeu Eclair Teixeira Borges, o celular foi a “arma” mais potente entre os criminosos para iniciarem a onda de violência.
Afirmou ainda que, mesmo presos, os bandidos mantém contato com outros que estão fora da prisão. Para ele, a arma mais perigosa no momento é o celular.
Neste fim de tarde, não havia sinal de celulares. As linhas ficaram sobrecarregadas e entraram em pane. Ainda, está sendo cogitado a retirada das antenas de sinais nas regiões arredores de prisões. Parte da população pode ser prejudicada, mas seria por uma maior segurança. Medo entre a população Nesta tarde de segunda-feira, a população paulista ficou amedrontada com a seqüência de ataques em diversas cidades paulistas. Pela primeira vez, a perplexidade, e o medo do incerto tomou o cidadão paulistano.
Desde sexta-feira, alguns ônibus foram saqueados e incendiados em cidades da Grande São Paulo. Hoje, algumas empresas de transporte público retiraram seus veículos de circulação, deixando boa parte da população sem condição de se locomover do trabalho até a casa. Cerca de 5 mil ônibus foram recolhidos, deixando de circular durante todo o dia, o que prejudicou mais de cinco milhões de pessoas.
A onda de violência fez com que boatos se espalhassem rapidamente através da Internet e telefone entre a população. Um deles foi o “toque de recolher”, em que foi rapidamente divulgado que aconteceria às 20 horas, depois às 18 horas, durante esta tarde. Enquanto Isso Para o Comandante da Polícia Militar do Estado de São Paulo, o coronel Elizeu Eclair Teixeira Borges, nada disso era preciso. “Não existe um toque de recolher” afirmava o comandante em entrevista coletiva, às 18h desta segunda.
O oficial fez referência ao pânico surgido durante a tarde entre a população por culpa de alguns meios de comunicação. “Me desculpem os jornais, mas há aí um tom de sensacionalismo” mencionou o comandante sobre a polêmica criada em cima da situação.
Teixeira Borges afirmou que entre os dias de ataque, hoje foi um dos "mais tranqüilos". Afirmou que não havia necessidade de fechamento de escolas ou shoppings. "Não tivemos nada em escolas, não tivemos nada em shoppings, não tivemos nada em faculdades".
Citando a mídia, o oficial explicou que esta “guerra” criada contra os criminosos não pode ser vista pela população como se o estado estivesse dominado. “Estamos em guerra contra eles, vamos ter mais baixas, mas não vamos recuar”.
O comandante afirmou que 140 viaturas estão saindo às ruas nesta noite de segunda-feira, e que a partir desta terça, os cidadãos devem trabalhar, estudar e viver normalmente. Governo Federal O Ministro da Justiça, Marcio Thomaz Bastos, esteve em reunião em São Paulo com Cláudio Lembo, Governador de São Paulo. O ministro de Brasília estará nesta terça, 16, conversando com o presidente Lula sobre os ataques e prevenções aos crimes organizados em São Paulo.
Bastos afirmou que o governo federal confia e não quer intervir no policiamento do Estado de São Paulo. Apenas “quer ajudar” a combater os criminosos, dispondo assim da Polícia Federal, caso seja necessário.
O Governador Lembo continuou pedindo tranqüilidade, afirmando que não será preciso a participação do Exército no combate ao crime organizado em São Paulo.
Os Secretários de Segurança de todo país estarão reunidos, nesta terça, 16 de maio, em Brasília.