Cresce interesse pela língua portuguesa na Namíbia, vizinha de Angola

Da Redação
Com Lusa

CPLPO número de alunos a frequentar aulas de português na Namíbia tem crescido expressivamente, de 280 em 2011 para 1.800 atualmente, depois do Governo português ter assinado um acordo com o país.

“É visível (o aumento do interesse pela língua portuguesa na Namíbia). Quando assinamos o memorando de entendimento, nós começámos com sensivelmente 280 alunos e, neste momento, temos 1.800”, disse à Lusa Angelina Costa, coordenadora adjunta do Ensino do Português no Estrangeiro (EPE) na Namíbia.

Segundo a coordenadora adjunta, o memorando de entendimento foi assinado em novembro de 2011 entre o Governo de Portugal, representado pela sua embaixada na Namíbia, e o Governo namibiano, e permitiu que o português fosse introduzido no ensino oficial como língua estrangeira de opção curricular a partir do oitavo ano de escolaridade.

A língua portuguesa na Namíbia assumiu um papel preponderante devido à localização geográfica do país, nomeadamente a proximidade com Angola, de acordo com Angelina Costa.

“Há adultos que querem aprender só por curiosidade. Temos ainda um grande número de médicos que aprendem português devido aos angolanos que vêm à procura cuidados de saúde na Namíbia. Tem muito a ver com a questão de fazermos fronteira com Angola. A questão da procura dos adultos e dos negócios é basicamente devido a Angola”, afirmou.

O interesse também se justifica, segundo a coordenadora adjunta, pelo facto de a Namíbia ser um membro observador da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e por o português ser uma das línguas oficiais da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) e da União Africana (UA), organizações às quais a Namíbia pertence.

Na Namíbia, referiu ainda, há duas vertentes de ensino da língua portuguesa, uma que visa o ensino à comunidade lusodescendente e outra ligada à internacionalização da língua, sendo que ambos os projetos contam com o apoio do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua.

“Todos os cursos do EPE estão integrados na rede oficial de ensino da Namíbia. Nós temos o ensino do português no ensino primário (somente em algumas escolas), secundário (maioritariamente) e superior”, sublinhou.

“Dispomos de um Centro de Língua Portuguesa na Universidade da Namíbia com dois leitores e com um número médio anual de 150 alunos. O Centro de Língua Portuguesa é o maior leitorado de línguas da Universidade da Namíbia”, acrescentou.

Angelina Costa disse que a comunidade portuguesa na Namíbia é reduzida, cerca de 2.000 pessoas, e que os alunos lusodescendentes são uma minoria, “cerca de 20 a 30 alunos” no universo dos 1.800, mas sublinhou um aumento do interesse pelos cursos de língua portuguesa por parte dos lusodescendentes.

“Nós temos, apesar de todo o ensino do português ser integrado, três professores que trabalham para o instituto Camões que ensinam o português, mas a nossa maior rede, o maior número de professores são locais, namibianos que foram formados em língua portuguesa”, acrescentou.

Angelina costa referiu que no total é uma estrutura com “26 professores (entre os quais os três contratados pelo Camões) em 22 escolas de sete regiões da Namíbia”.

“A coordenação de ensino, em parceria com a embaixada de Portugal, apoia este projeto através da formação de professores namibianos na Universidade da Namíbia e posteriores bolsas de estudo em Portugal e fornece às escolas os manuais escolares, assim como todos os materiais relevantes para o ensino da língua”, disse.

“Quando esses bolseiros namibianos regressam de Portugal, são contratados pelo Ministério da Educação namibiano para ensinar português nas escolas oficiais”, acrescentou.

Segundo a responsável, há também cursos livres para crianças e adultos, “com muita procura”, ministrados no Centro Diogo Cão, e há protocolos com entidades namibianas para o ensino da língua, nomeadamente o Ministério dos Negócios Estrangeiros e a polícia da Namíbia, disse.

A rede do EPE inclui cursos de português integrados nos sistemas de ensino locais e ainda cursos associativos/ paralelos, assegurados pelo Estado português (através do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua), em países como a Alemanha, Espanha, Andorra, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, França, Reino Unido, Suíça, África do Sul, Namíbia, Suazilândia e Zimbabué.

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