Timor: Papa Francisco destaca que crianças e jovens são um “grande dom”

Da Redação com Lusa

 

Nesta terça-feira, o Papa Francisco disse na missa em Tasi Tolu, perante milhares de pessoas, que as crianças e os jovens de Timor-Leste são um “grande dom”.

“Timor-Leste é bonito, porque tem muitas crianças: sois um país jovem onde por todo o lado se sente a vida a pulsar, a desabrochar e isso é um grande dom”, disse Francisco, durante a homilia, que ainda decorre.

“A presença de tantos jovens e crianças renova constantemente a frescura, a energia, a alegria e o entusiasmo do vosso povo, mas, mais ainda, trata-se de um sinal, porque dar espaço aos mais pequenos, acolhê-los, cuidar deles e fazermo-nos pequenos diante de Deus e diante uns dos outros são precisamente atitudes que nos abrem à ação do Senhor”, continuou o Francisco.

O Papa pediu às pessoas para não terem medo de “perder a vida”, de “rever programas”, de “renunciar a alguma coisa para que um irmão ou irmã possa estar melhor e ser feliz”.

“Não tenhamos medo até de redimensionar os nossos projetos quando for necessário, não para os diminuir, mas para os tornar ainda mais belos através do dom de nós mesmos e do acolhimento dos outros, com a imprevisibilidade que isso comporta, porque a verdadeira realeza é a de quem dá a vida por amor como Maria e como Jesus”, salientou.

Francisco destacou que tudo aquilo está simbolizado em dois adornos tradicionais timorenses, nomeadamente o Kaibauk e o Belak.

“O primeiro simboliza os cornos do búfalo e a luz do sol e é colocado no alto, adornando a fronte, bem como no topo das casas, com o formato dos telhados. Fala de força, energia e calor e pode representar o poder de Deus que dá vida”, disse o Sumo Pontífice.

O segundo, continuou Francisco, é “complementar do primeiro”.

“Recorda o brilho delicado da lua, que à noite reflete humildemente a luz do sol, envolvendo tudo numa suave fluorescência. Fala de paz, fertilidade e doçura e simboliza a ternura da mãe”.

“Kaibauk e Belak, força e ternura do pai e da mãe: assim o Senhor manifesta a sua realeza, feita de caridade e misericórdia”, disse.

Francisco pediu também para que cada homem e mulher, “enquanto igreja e sociedade peça a sabedoria de refletir no mundo a luz forte e terna de Deus” que “levanta do pó o indigente e tira o pobre da miséria para o fazer sentar entre os grandes do seu povo”.

Crocodilos

O Papa Francisco alertou os timorenses, já na fase final da missa em Tasi Tolu, a cerca de 10 quilômetros de Díli, para terem cuidado com os “crocodilos” que querem mudar a identidade e a história de Timor-Leste.

“Estejam atentos, porque me disseram que em algumas praias vivem crocodilos. Os crocodilos que nadam e têm uma mordida forte. Estejam atentos a esses crocodilos, que querem mudar-vos a cultura e a história”, afirmou Francisco.

“Não se aproximem desses crocodilos porque mordem e mordem muito”, disse, perante os aplausos dos timorenses, depois de ter sido traduzido para tétum.

Francisco voltou a salientar que o melhor que Timor-Leste tem é o seu povo e o melhor que o povo tem são as suas crianças.

“Um povo que ensina as suas crianças a sorrir, é um povo com futuro”, disse Francisco, pedindo aos timorenses para continuarem a ter muitos filhos.

O Papa pediu também para que os timorenses cuidem dos mais velhos, porque “são a memória da terra”.

“Obrigada, muito obrigada pela vossa caridade, pela vossa fé. Sigam em frente com esperança”, disse, deixando momentos depois o palco em Tasi Tolu, onde permanecem milhares de pessoas.

As autoridades estimam que estejam em Tasi Tolu mais de meio milhão de pessoas, num país com 1,3 milhões de pessoas, 98% das quais são católicas.

O Papa Francisco iniciou segunda-feira uma visita a Díli, capital de Timor-Leste, no âmbito de um périplo que está a fazer à região, tendo já passado pela Indonésia e Papua Nova Guiné e que termina em Singapura, na sexta-feira, naquela que é a mais longa viagem do seu pontificado.

Esta é a segunda vez que um Papa visita Timor-Leste, a primeira ocorreu em 1989 quando João Paulo II visitou o território, ainda sob ocupação indonésia.

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