Da Redação com Lusa
Em Luanda, o Presidente de Portugal afirmou que as relações entre Portugal e Angola são “francamente muito boas” nos planos bilateral e multilateral e mostrou-se convicto num novo impulso com a entrada em vigor do acordo de mobilidade.
Esta posição foi transmitida por Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, após encontro pela manhã com o chefe de Estado de Angola, João Lourenço, na véspera do início da Cimeira da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) em Luanda.
“As nossas relações com Angola são muito boas em termos de posições comuns sobre questões comuns, quer no plano bilateral, quer no plano multilateral perante a comunidade internacional. Temos também relações muito boas em termos de chefes de Estado, responsáveis de Governo, designadamente ministros das Relações Exteriores ou dos Negócios Estrangeiros”, salientou o chefe de Estado português no final do encontro com João Lourenço no Palácio Presidencial de Angola.
Marcelo Rebelo de Sousa fez depois referência ao acordo sobre mobilidade, que foi impulsionado pelo Governo português desde 2016 e que será assinado no sábado, no final da cimeira.
“O acordo de mobilidade permite que os Estados-membros da CPLP possam bilateralmente ir mais longe, ou menos longe. Há países que já foram longe e podem ainda ir mais longe. Depois, há países que demorarão mais tempo”, indicou.
Segundo o Presidente da República, no caso do relacionamento bilateral entre Portugal e Angola, “os passos a dar serão muito positivos”.
“Importa apostar no futuro, nomeadamente na juventude. Os vistos são muito importantes para trabalho, mas são muitíssimo importantes para estudantes”, observou.
Marcelo Rebelo de Sousa afirmou estar confiante de que no sábado, em Luanda, se realizará “uma grande cimeira virada para o futuro”, pelo fato de ter sido possível chegar ao acordo de mobilidade, “é um triunfo fundamental que diz respeito à vida das pessoas, sobretudo de estudantes, trabalhadores ou empresários”.
Educação
Portugal assinou hoje com Angola três acordos bilaterais, entre os quais um na área da educação, no valor de 3,85 milhões de euros, com 3,1 milhões assegurados pela cooperação portuguesa, anunciou o ministro de Estado e Negócios Estrangeiros.
Augusto Santos Silva, após o encerramento do Conselho de Ministros da CPLP, falou dos três acordos nos domínios da facilitação de vistos, proteção e promoção recíproca de investimentos e educação.
“Este é o mais importante por que é aquele que lança o novo programa de cooperação entre Portugal e Angola na área da educação, que começará a partir do próximo ano letivo e destina-se à formação de formadores”, afirmou o ministro.
O programa vai ser desenvolvido nas províncias de Luanda e do Bié, que foram escolhidas pelo Governo angolano, e vai prolongar-se até 2025, estando previsto um investimento de cerca de 3,85 milhões de euros, dos quais 3,1 milhões garantidos pela cooperação portuguesa e 750 mil euros pela parte angolana.
O chefe da diplomacia portuguesa disse ainda que o acordo relativo aos vistos reduz o número de documentos e obrigações administrativas necessárias para os vistos nacionais, facilitando a circulação, sobretudo de estudantes e profissionais, e antecipa o acordo-quadro de mobilidade a celebrar no sábado e que diz respeito a todos os Estados-membros da CPLP.
Aplaudido nas ruas
O Presidente português obrigou a interromper o trânsito nesta sexta-feira e foi saudado por dezenas de angolanos que o acompanharam enquanto percorria a pé as ruas da baixa de Luanda.
Este foi o segundo passeio de Marcelo Rebelo de Sousa, que se encontra há menos de 24 horas na capital angolana, por Luanda, onde chegou na noite de quinta-feira.
Pouco depois das 10:00, e antes de ser recebido pelo seu homólogo angolano, João Lourenço, na Cidade Alta, Marcelo Rebelo de Sousa desceu do hotel onde se encontra instalado em direção à Mutamba, tendo obrigado a parar o trânsito por breves instantes.
Vários angolanos foram-se juntando ao chefe de Estado português durante o seu percurso matinal, parando para aplaudir e gritar: “isto é que é presidente”.
“Presidente tem de andar na rua”, exortavam alguns, considerando que o seu anfitrião e homólogo o devia acompanhar no passeio.
Na noite de quinta-feira, o Presidente português deu outro passeio, por cerca de 40 minutos, destacando o ambiente “muito, muito simpático” que encontrou e a proximidade dos angolanos em relação a Portugal.