Mundo Lusíada
Com Lusa
O presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, iniciou formalmente uma visita de Estado a Portugal, a convite do seu homólogo português Aníbal Cavaco Silva. O programa oficial da visita começou com a deposição de uma coroa de flores no túmulo de Luís de Camões, após o chefe de Estado moçambicano, acompanhado da mulher, ser recebido no Palácio de Belém, seguindo-se uma reunião de trabalho entre os dois presidentes.
O Presidente português, Aníbal Cavaco Silva, elogiou o desenvolvimento econômico e social de Moçambique e sublinhou que Portugal quer estar na “linha da frente” da cooperação com o país. “Queremos estar na linha da frente, queremos ser parceiros relevantes nesta aposta que o senhor Presidente [de Moçambique] está a fazer visando acima de tudo a melhoria do bem estar dos moçambicanos”, vincou o chefe de Estado português.
Para Cavaco, o tempo da visita do seu homólogo moçambicano é “muito particular”, numa altura em que passam 40 anos de independência do país, e este momento “diz muito também a Portugal, não apenas a Moçambique”. “É forte a vontade das duas partes de reforçarem a cooperação em todos os domínios”, vincou Cavaco Silva, que destacou o papel das empresas portuguesas no país e a confiança das mesmas “no futuro da economia de Moçambique”.
“Sabemos bem que a estabilidade política e que a paz são decisivas para o desenvolvimento econômico e social de Moçambique”, advogou o Presidente da República, reconhecendo todavia que é possível “fazer mais ainda” na cooperação entre os dois países, nomeadamente a nível de investimentos e comércio.
E acrescentou, dirigindo-se a Filipe Nyusi: “Pode contar connosco para trabalharmos em conjunto tirando partido dos laços de amizade, história e língua, para contribuir ainda mais para o desenvolvimento econômico e social de Moçambique”. Cavaco Silva destacou também a “visão comum” entre os dois Estados na necessidade de haver uma “consolidação da ordem institucional na Guiné-Bissau”.
Esta visita é a primeira que o chefe de Estado moçambicano, empossado a 15 de janeiro, realiza fora do continente africano. Neste dia 16, Filipe Nyusi teve encontros marcados com o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, e com a presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves. Após uma cerimônia de entrega das Chaves da Cidade de Lisboa pelo presidente da Câmara Municipal, Fernando Medina, o programa terminou com um jantar de Estado.
De acordo com dados do Centro de Promoção de Investimentos, em 2014 Portugal ocupava a 4.ª posição da lista dos dez maiores investidores externos em Moçambique, com cerca de 300 milhões de euros.
Circulação
O chefe da diplomacia moçambicana disse em Lisboa que a questão relacionada com o emissão do visto de negócios já devia estar concluída e que Portugal e Moçambique continuam a trabalhar sobre a facilitação da circulação de pessoas.
“Está-se a trabalhar nisso. Para já, a ideia é fazer-se isso de uma forma faseada, começando, por exemplo, com o visto de negócios, mas está-se a trabalhar. Havia até a esperança de que nesta altura isso já estivesse concluído, pelo menos a nível bilateral. Não se conseguiu. Vai-se continuar a trabalhar”, disse Oldemiro Baloi.
O ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique respondia aos jornalistas após um encontro na sede da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), após encontro com o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho.
O chefe da diplomacia moçambicano disse ainda que durante a reunião que decorreu durante a tarde na sede da CPLP, o chefe de Estado de Moçambique transmitiu o empenhamento de Maputo na organização mas referiu-se também à “necessidade de uma nova visão”.
“Uma visão que chegue às comunidades e aos povos dos países membros e a única forma de isso acontecer é responder às necessidades desses mesmos povos. A língua, a cultura e as relações político-diplomáticas são necessárias mas como pano de fundo são precisos mecanismos de enquadramento e ligações mais concretas”, explicou Oldemiro Baloi.
Vistos de Negócios
O presidente das confederações econômicas de Moçambique (CTA), Rogério Manuel, reclamou a facilitação da circulação entre empresários dos dois países, afirmando que não faz sentido um longo tempo de espera para reuniões.
Rogério Manuel durante o discurso no fórum de negócios Portugal Moçambique, qem Lisboa, disse que a facilitação da circulação de homens de negócios vai aumentar os negócios.
No discurso, a seguir a Miguel Frasquilho, presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, Rogério Manuel apresentou as vantagens de Moçambique, lembrando que o investimento direto estrangeiro português mais que duplicou no ano passado, passando de 178 milhões, em 2103, para 336 milhões de dólares.
“Almejamos o desenvolvimento das empresas locais e diversificação da economia e Encorajamos parcerias estratégicas para elevar a massa crítica e a competitividade das nossas empresas”, acrescentou o responsável, sublinhando que Moçambique subiu 15 lugares no ranking “Doing Business” do banco mundial, melhorando de 142 para 127, numa análise a 189 países.
A tendência de crescimento da economia é para continuar, disse o presidente da CTA, lembrando que a previsão aponta para uma expansão de 7,8% do PIB este ano, já depois de apresentar algumas das principais medidas tendentes a melhorar o ambiente empresarial, como a lei que rege as parcerias público-privadas e o regime jurídico sobre falências e insolvências.