Negócio da China: Cooperação tripartida, com Brasil e Portugal, será direcionada para lusófonos

Mundo Lusíada
Com agencias

IV Conferência Ministerial do Fórum de Macau, na China. Foto: Anderson Riedel/VPR
IV Conferência Ministerial do Fórum de Macau, na China. Foto: Anderson Riedel/VPR

O vice-primeiro-ministro chinês Wang Yang usou, em Macau, a expressão portuguesa “negócio da China” para descrever as potencialidades da cooperação com os países de língua portuguesa.

“Ouvi dizer que o termo ‘negócio da China’ significa, em português, bom negócio. Estou convicto de que com os esforços conjuntos de todas as partes o ‘negócio da China’ será cada vez mais próspero e o futuro da cooperação amistosa entre a China e os países de língua portuguesa ainda mais promissor”, realçou Wang Yang, no discurso que proferiu na abertura da IV Conferência Ministerial do Fórum para a Cooperação Econômica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, em 05 de novembro.

Comentando a expressão, o vice-primeiro-ministro português, Paulo Portas, referiu: “Em qualquer português, com qualquer acento, a expressão ‘negócio da China’ quer dizer fazer um bom negócio. Podemos, por isso, fazer bons negócios da China: da China, com os parceiros lusófonos”. Paulo Portas elogiou ainda o desafio também lançado pelo dirigente chinês que, minutos antes, na sua intervenção, tinha proposto uma cooperação tripartida – envolvendo China, Portugal e Brasil – direcionada para projetos lusófonos na África e na Ásia.

“A parte chinesa está disposta a somar esforços com Brasil e Portugal para realizar cooperações tripartidas voltadas para países membros asiáticos e africanos do Fórum”, em setores como os de formação, agricultura, proteção ambiental ou novas energias, desejo que visa “promover em conjunto o desenvolvimento econômico dos países participantes no Fórum Macau” e constitui uma das oito novas medidas anunciadas por Wang Yang.

Na sua intervenção, Wang Yang salientou ainda que com base numa visão a longo prazo e através de medidas pragmáticas, elevar-se-á a cooperação entre a China e os Países de Língua Portuguesa a novos âmbitos, novas áreas.

Além da economia, a língua foi outro dos aspetos mais focados, com o vice-primeiro-ministro chinês a referir que “uma crescente febre da língua portuguesa está a surgir na China”, onde o número de instituições de ensino superior que oferece cursos em português aumentou para 18.

Interesse assinalado por outros dirigentes da lusofonia, nomeadamente por Paulo Portas, e que se verifica também em sentido contrário. Wang Yang sublinhou que o mandarim “também é muito procurado nos países de língua portuguesa onde se instalam cada vez mais institutos Confúcio”.

O vice-Presidente do Brasil, Michel Temer, também assinalou a “especial importância” do Fórum Macau para a promoção do ensino do português e do mandarim, destacando que “a ampliação do número de Institutos Confúcio nos países de língua portuguesa, aliada à disseminação do idioma português na China, desempenha importante papel também na produção de conteúdos e métodos de intercâmbio na promoção da educação e do ensino” entre os países.

BRASIL
A visita oficial do Vice-Presidente brasileiro, Michel Temer, à China, entre 4 e 9 de novembro, tem ainda como contexto a Parceria Estratégica Global entre Brasil e China, numa visita que inclui as cidades de Pequim, Cantão e Macau.

Em Pequim, o Vice-Presidente é recebido pelo Presidente chinês Xi Jinping; pelo Vice-Presidente Li Yuanchao; e participa de encontros empresariais. Durante a visita, será avaliada a implementação do Plano Decenal de Cooperação Brasil-China 2012-2021, com destaque à área econômico-comercial, com ênfase na promoção do agronegócio e de oportunidades de investimentos em programas brasileiros de infraestrutura, além da evolução da agenda bilateral em ciência, tecnologia e inovação; cooperação espacial; e em educação e cultura.

Em Cantão, Temer preside, juntamente com o Vice-Primeiro-Ministro Wang Yang, a III Reunião da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban). A Cosban é o mecanismo de diálogo político de mais alto nível entre Brasil e China. Integram sua estrutura onze Subcomissões, que cobrem todo o universo das relações bilaterais.

A China é, desde 2009, o maior parceiro comercial do Brasil e uma das principais origens de investimentos diretos no País. O comércio bilateral registrou US$ 75,4 bilhões, em 2012, quando o Brasil exportou para a China US$ 41,2 bilhões e importou daquele país US$ 34,2 bilhões, obtendo, como resultado, um superávit de US$ 6,9 bilhões, o equivalente a pouco menos de um terço do superávit comercial total do Brasil, de US$ 19,4 bilhões.

Os dois países assinam um plano decenal, válido de 2013 a 2021, pelo qual se comprometem a construir satélites meteorológicos – categoria não inclusa no programa CBers (Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres, na sigla em inglês). A delegação brasileira deve priorizar ainda temas relacionados à inovação espacial, nanotecnologia e biotecnológica.

PORTUGAL
“A China está a internacionalizar-se e, em 2012, 82 milhões de cidadãos chineses fizeram turismo, mas a Portugal chegaram apenas umas dezenas de milhar”, afirmou o Vice-Primeiro-Ministro, durante o seminário «No caminho da internacionalização» em Macau, acrescentando que Portugal vai trabalhar para receber mais turistas chineses, que têm um gasto per capita “interessante”.

Segundo Portas, o instituto do Turismo de Portugal vai ter uma representação permanente em Pequim a partir de 2014. O futuro representante do Turismo de Portugal “ficará enquadrado na embaixada portuguesa na China, com a missão de promover adequadamente o país como destino turístico”.

Mas também no setor agroalimentar se estreitam relações comerciais. “Portugal está na reta final do processo de certificação que permitirá às nossas empresas exportar para o mercado chinês”. A exportação de carne de porco, de arroz e de fruta, além do leite, são outros produtos agroalimentares que estão em negociação.

Paulo Portas reuniu-se também com o Ministro chinês do Comércio, Gao Hucheng, referindo que as autoridades chinesas saudaram que a economia portuguesa dá sinais de sair da recessão técnica, um caminho aberto para um maior crescimento, uma maior redução do desemprego e uma dinamização das trocas comerciais entre ambos países.

A China já é o terceiro maior mercado de Portugal fora da União Europeia, segundo Paulo Portas. “Os resultados da nossa parceria estratégica com a China são absolutamente espetaculares. Na última década, a China subiu 18 lugares na lista dos principais clientes de Portugal”, disse Paulo Portas num encontro com a comunidade portuguesa de Macau.

Evocando a recente entrada de duas grandes empresas estatais chinesas no capital da EDP e da REN, Paulo Portas afirmou que o seu governo “tenciona continuar a abrir a economia portuguesa ao investimento nacional e estrangeiro” e que “o investimento vindo da República Popular da China é bem-vindo”. E referiu: “As instituições portuguesas não esquecerão que a China investiu em Portugal num período difícil”.

O vice-primeiro-ministro deixou os convidados de uma recepção no consulado português de Macau à espera durante duas horas. Cerca de metade das pessoas desistiram de esperar, segundo noticiou o Hoje Macau, acrescentando que a comunidade não ouviu pedido de desculpas ou explicações do ministro.

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