Brasil e Angola tem mais peso na movimentação comercial entre lusófonos. Brasil ainda fechou acordo para vender o equivalente a R$ 4 bilhões de milho para China. Portugal fez balanço positivo mas defendeu haver margem para melhorias não só na área comercial.
Mundo Lusíada
Com agencias
O comércio entre a China e os países de língua portuguesa deverá aumentar em média cerca de 8% ao ano, atingindo 160 bilhões de dólares em 2016, segundo o plano de ação aprovado em Macau em 05 de novembro, “Plano de Ação 2014-16”.
Desde a criação do Fórum para a Cooperação Econômica e Comercial China-Países de Língua Portuguesa, há uma década, o comércio entre os países cresceu mais de dez vezes, somando cerca de 120 bilhões de dólares em 2012.
Nos próximos três anos, o fórum propõe-se “promover em conjunto o desenvolvimento econômico” dos países-membros e dedicar “novas energias para estudar a cooperação trilateral” envolvendo China, Brasil e Portugal, e os países africanos de língua portuguesa e Timor-Leste.
As trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa (PLP) mais do que duplicaram nos últimos quatro anos, impulsionadas pelo Brasil e Angola, que valem mais de 100 dos 130 bilhões de dólares movimentados nestes nove países.
De acordo com os dados da Alfândega Chinesa, em 2009 o total das trocas entre a China e os PLP representavam 62,4 bilhões de dólares, valendo no final do ano passado 128,5 bilhões de dólares. Extrapolando os valores de janeiro a julho para o final do ano, chega-se então ao valor de 130,1 bilhões de dólares, que representa uma subida de 108,3% face aos valores de 2009.
Os números mostram um aumento exponencial das relações comerciais desde 2009, mas revelam também enormes assimetrias entre os países que compõem o Fórum Macau, por exemplo em 2010, só Angola e Brasil representavam a esmagadora maioria das trocas comerciais, valendo mais de 87 bilhões de dólares do total de 91,5 bilhões.
TEMER
No dia 06, o Brasil e a China firmaram o Plano Decenal de Cooperação para o período de 2013 a 2022 na 3ª reunião da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban), em Cantão. Durante o encontro, foi feita uma avaliação positiva do contato bilateral, do desempenho nas áreas comercial, de investimentos e da cooperação em ciência, tecnologia, inovação, cultura educação. As trocas entre o Brasil e a China atingiram US$ 80 bilhões em 2013.
“A bem-vinda participação de empresas chinesas no consórcio para a exploração do Campo de Libra, no pré-sal da Bacia de Santos, abre importantes novas perspectivas para nossa atuação conjunta no setor de petróleo e gás. Estimulo a participação chinesa nesses empreendimentos, que haverão de fortalecer ainda mais nosso conhecimento e confiança mútuos, com ganhos compartilhados”, disse o vice-presidente Michel Temer.
“Estamos abertos a investimentos chineses no Brasil, em especial nas áreas ferroviária, de portos, aeroportos e rodovias. Muitos desses projetos estão inseridos no contexto maior da integração física na América do Sul, o que os torna ainda mais atraentes para investimentos externos”, declarou o vice-primeiro ministro chinês, Wang Yang.
O vice-presidente Temer e o ministro da Agricultura, Antônio Andrade, assinaram ainda um acordo com a China para a exportação de milho. Com o acordo, o Brasil vai vender o equivalente a R$ 4 bilhões do grão para o país asiático.
O vice-presidente disse que recebeu das autoridades chinesas a indicação de que o processo de suspensão de embargo da carne bovina brasileira será concluído. “Por isso, acordamos com as autoridades chinesas a mais rápida realização de visitas técnicas também com vistas à habilitação de novos estabelecimento exportadoras de carnes bovinas, suínas e de aves”, disse.
A partir do acordo, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) vai emitir um Certificado Fitossanitário para amparar as exportações a serem feitas. De acordo com o Mapa, a China vem importando volumes crescentes do cereal nos últimos anos e o Brasil tem perspectivas de se tornar um dos maiores fornecedores de milho para a China. “No ano passado, as exportações brasileiras do produto foram 19,8 milhões de toneladas”, informa o ministério em nota.
PORTAS
Já o vice-primeiro-ministro português, Paulo Portas, considerou “muito positivo” o balanço dos dez anos de atividade do Fórum Macau, que “pode e deve desempenhar um papel crucial”, mas defendeu haver margem para melhorias. “O balanço é muito positivo, mas há margem para melhorar, nomeadamente ao nível da identificação dos interesses comuns e específicos de cada país”, afirmou Paulo Portas, na abertura da IV Conferência Ministerial do Fórum.
Para Paulo Portas, “o Fórum Macau adquiriu uma projeção e notoriedade que talvez poucos julgassem possível na China, em Macau e nos países de língua portuguesa” e representa, “por si só, um reconhecimento por parte do Governo chinês da importância e natureza estratégica da língua portuguesa no mundo e dos países que falam português”.
“São países com economias diversas mas com grandes complementaridades, quer pela sua geografia, quer pela diversidade de recursos a elas associados”, afirmou, salientando que os países de língua portuguesa representam cerca de 250 milhões de consumidores – o equivalente a 4,6% da economia mundial.
“Um dos efeitos visíveis da ação do Fórum traduz-se no crescimento exponencial de estudantes chineses que estão a aprender português, tanto nas universidades da China continental como em Macau, com o objetivo de desenvolverem carreiras profissionais nos países de língua portuguesa”, afirmou Paulo Portas, recordando que em Portugal também se “testemunha” o crescente número de estudantes chineses que procuram aprofundar conhecimentos.
O vice-presidente brasileiro comparou o papel do Fórum Macau nos dias de hoje ao dos navegadores portugueses na época os Descobrimentos: “estimularam as correntes de comércio e investimento e reduziram as distâncias entre os povos”.
“De um lado, os países de língua portuguesa com os quais o Brasil se orgulha de compartilhar profundos vínculos históricos e culturais. De outro a China, principal sócio comercial do Brasil com o qual elevámos a nossa relação ao patamar de Parceria Estratégica Global e nossa aliada na construção de uma ordem internacional mais justa e representativa”, disse Michel Temer no Fórum Macau.