Mundo Lusíada
Com Lusa
As sete bocas da erupção vulcânica que assola desde domingo a ilha do Fogo, Cabo Verde, se juntaram numa só provocando uma grande explosão de lava com a torrente a ter cerca de um quilômetro de largura.
O primeiro-ministro de Cabo Verde considerou em 27 de novembro que a ilha do Fogo já vive uma situação de catástrofe, após as sucessivas erupções na conhecida precisamente por “ilha do vulcão”.
Após uma reunião com responsáveis municipais, forças de segurança e proteção civil em São Filipe, José Maria Neves declarou que o vulcão do Fogo, que “acordou” após 19 anos de “adormecimento”, continua “imprevisível”, tantos são os altos e baixos das atividades sísmicas e magmáticas.
“Neste momento estamos numa situação de catástrofe e, havendo esta situação, temos é de continuar com o trabalho da Proteção Civil. Desde o primeiro momento que se declarou a situação de contingência, aqui (no Fogo) e na Brava”, afirmou.
“Vamos ter de monitorar cientificamente o vulcão para estabelecer cenários numa base diária. Já houve aumentos e diminuições da atividade sísmica e da emissão de lavas. As coisas vão acontecendo com altos e baixos e não podemos ter ideias muito precisas”, acrescentou.
José Maria Neves garantiu, porém, que a proteção civil está no terreno e a trabalhar de perto junto dos que, em Portela, a principal e a mais afetada povoação da zona de Chã das Caldeiras, guardam os seus pertences nas encostas, após atingir casas, após mulheres, crianças e idosos terem sido retirados da povoação. Em Chã das Caldeiras, cerca de 1.000 pessoas já foi retirada e realojada em diversos pontos da ilha.
“Há muitas crianças, por exemplo, temos de lhes reforçar a dieta alimentar, de garantir que continuam nas escolas e jardins de infância e de criar as condições de terem alguma recreação e de viverem com mais dignidade. Temos gente de idade também. O trabalho vai continuar no terreno”, assegurou.
O primeiro-ministro cabo-verdiano, que falava aos jornalistas antes da nova e maior erupção registrada desde domingo, adiantou que o Governo está já a elaborar um plano de médio e longo prazo para toda a zona próxima do vulcão. “Vai haver uma destruição de Chã das Caldeiras e teremos de realojar as pessoas depois da fase de emergência, trabalho que vai ser feito imediatamente”, disse.
Portugal
O ministro português da Defesa já disse que a fragata que irá partir nesta sexta-feira para apoiar os esforços de combate às consequências da erupção vulcânica ficará na região durante 15 dias.
“A pedido das autoridades cabo-verdianas, amanhã [sexta-feira] vai zarpar para Cabo Verde uma fragata com um meio aéreo para uma missão de cerca de 15 dias e também disponibilizamos para apoio nesta situação de catástrofe uma equipe de comunicação por via satélite que terá uma missão mais prolongada”, afirmou o ministro da Defesa, José Pedro Aguiar Branco, em Dubai, na visita do Presidente da República aos Emirados Árabes Unidos.
Sobre as ajudas externas, José Maria Neves adiantou que haverá reunião, já na Cidade da Praia, que juntará Governo, a coordenadora residente do Sistema das Nações Unidas em Cabo Verde, Ulrika Richardson-Golinski, e com o corpo diplomático acreditado no arquipélago e agências de cooperação.
“A reunião servirá para discutirmos novos apoios para a população da ilha do Fogo. As câmaras municipais vão abrir contas bancárias para que se canalizem todas as ajudas, de toda a parte de Cabo Verde e da diáspora” e também do exterior”, disse.
O primeiro-ministro cabo-verdiano destacou ainda a chegada de técnicos espanhóis ao Fogo, ligados ao Instituto Tecnológico das Energias Renováveis das Canárias, para medir a toxicidade do ar, devido à elevada quantidade de dióxido de carbono e de dióxido de enxofre no ar. “Depois saberemos que medidas teremos de tomar relativamente aos gases que estão a ser emitidos. Constatamos hoje que há uma grande influência no Fogo e eventualmente na Brava”, concluiu.