Da Redação com Lusa
A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) vai passar a ter participação conjunta, civil e militar, em missões de paz das Nações Unidas, anunciou hoje a ministra da Defesa portuguesa, Helena Carreiras, em Luanda.
“Gostaria de destacar a célula de cooperação civil militar que estamos a constituir e que vai permitir que participemos juntos em missões de paz das Nações Unidas. Treinarmos, formarmos, para podermos participar conjuntamente nesse esforço de produção de segurança internacional”, detalhou Helena Carreiras no dia da abertura da reunião dos ministros da defesa da CPLP.
A ministra disse que o reforço da formação conjunta nessa matéria é “um dos temas mais importantes a tratar” na reunião de ministros, que decorre hoje na capital angolana.
Em curso está também trabalho na área da segurança marítima, revelou a representante do Governo português, sem adiantar detalhes, mas frisando a importância de “um trabalho em rede”, nesta matéria.
“Só poderemos proteger porque estamos em rede”, sustentou, reiterando que há certo tipo de bens, como este, em que “não adianta que um país esteja seguro se os outros não estiverem”.
Helena Carreiras disse que o objetivo desta reunião dos ministros da Defesa da CPLP é reforçar “uma vez mais, a importância da cooperação e da coordenação entre estes países irmãos na promoção da segurança e da defesa de todos”.
Outra área de trabalho a continuar e que mencionou foi a da implementação da Agenda Mulheres, Paz e Segurança das Nações Unidas.
“Todos os nossos países estão envolvidos neste esforço de construção da igualdade nas suas Forças Armadas, nas suas estruturas de defesa, para termos uma defesa mais resiliente, mais eficaz”, assegurou.
Helena Carreiras considerou estes encontros muito importantes para os países se compreenderem mutuamente, “um passo essencial para poder trabalhar em conjunto, como tem sido feito, na promoção da segurança e no reforço da resiliência face a um conjunto cada vez mais amplo de ameaças”, que podem enfrentar melhor trabalhando em conjunto.
“É esse o espírito da CPLP, designadamente esta componente de defesa, em que temos projetos muito interessantes em curso”, insistiu nas declarações aos jornalistas.
Angola
O ministro da Defesa Nacional e dos Veteranos da Pátria angolano, João Ernesto dos Santos, destacou também a importância da cooperação no setor da Defesa no seio da CPLP.
“Estamos certos que as comissões de defesa e segurança visam promover a paz e a estabilidade mundial, pelo que devem ser o estandarte a ostentar e enaltecer face aos desafios do presente e do futuro”, salientou o governante angolano, na abertura da XXII reunião de ministros da Defesa da CPLP, em Luanda.
“Os laços que ligam os nossos países e povos têm vindo a intensificar na base do respeito pela soberania e independência de cada um, no interesse de uma cooperação mutuamente proficiente”, acrescentou.
João dos Santos ‘Liberdade’ sublinhou também a importância da cooperação e da coordenação entre os países da CPLP na promoção da segurança e da defesa de todos e deu como exemplo a disponibilidade de Angola no envio de “contingentes e apoio logístico” para a Guiné-Bissau e Moçambique.
“Quando foi necessário estivemos e continuamos prontos a ajudar os Estados-membros da comunidade, enviando contingentes militares e apoio logístico, quando a situação assim nos aconselhou, como foi o caso da missão angolana de apoio à reforma do setor humanitário da Guiné-Bissau”, destacou o ministro de Angola, país que preside atualmente à CPLP.
“E na República de Moçambique, quando foi assolada pelo ciclone Idai e atualmente na província de Cabo Delgado, onde temos uma componente militar, que se cinge apenas às suas ações no posto de comando das operações auxiliar de Informações para as Forças Armadas da Defesa de Moçambique, bem como na projeção de Força de Estados Membros da SADC [Comunidade de Desenvolvimento da África Austral] em apoio ao processo de pacificação e estabilidade daquela parcela do território moçambicano”, acrescentou.
João Ernesto dos Santos recordou que no passado dia 29 de março, os deputados angolanos aprovaram o pedido de autorização do Presidente João Lourenço para a prorrogação de estada por mais três meses dos militares angolanos em Moçambique.
“Na história do passado recente há registos de convivência entre os nossos povos que naturalmente estão determinados ou destinados a partilhar um futuro comum de solidariedade e entreajuda, facilitado pelo idioma e a defesa dos valores comuns”, frisou.
João Ernesto dos Santos salientou ainda que ao longo dos 25 anos de existência da cooperação no setor de defesa da CPLP, Angola “apresentou múltiplas iniciativas de cooperação progressiva e mutuamente vantajosa no domínio da defesa, com os ministérios homólogos e respetivas Forças Armadas” que, concluiu, “contribuíram para a coesão na atuação das nossas instituições”.
O ministro angolano destacou também a realização dos exercícios “Felino”, dos quais duas edições decorreram em Angola, e que visam, sobretudo, preparar o Estado-Maior de uma Força de Tarefa Conjunta e Combinada (FTCC), no âmbito da CPLP, para atingir, manter e otimizar a capacidade de participar em missões de Apoio à Paz e de Assistência Humanitária, aos níveis operacional e tático.
“Foram um valioso contributo na consolidação do projeto da nossa comunidade”, sintetizou.