Da Redação
Com Lusa
O ministro da Saúde de Moçambique disse nesta quinta-feira que o país terá direito a seis milhões de doses de vacina contra a covid-19, no âmbito das regras definidas na iniciativa global COVAX para acesso equitativo à inoculação.
Armindo Tiago falava na Assembleia da República (AR), em resposta a críticas do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceiro maior partido, de que as propostas do Plano Econômico e Social (PES) e do Orçamento do Estado (OE) de 2021 não fazem referência a qualquer plano de vacinação contra a covid-19.
“Para os cálculos que nós fizemos, Moçambique receberia neste mecanismo cerca de seis milhões de doses de vacina”, correspondente a 20% da população”, estimada em 30 milhões, declarou Armindo Tiago.
O governante avançou que a quantidade a receber por Moçambique – em caso de aprovação final de uma vacina pela Organização Mundial da Saúde (OMS) – decorre da percentagem imposta no âmbito do referido mecanismo para cada um dos países membros da iniciativa.
Armindo Tiago adiantou que o executivo moçambicano submeteu no dia 27 de novembro as necessidades do país em termos de vacinas ao abrigo da COVAX.
“Atualmente, o Ministério da Saúde está a definir os requisitos e condições para a definição dos grupos a serem vacinados e ainda o processo da estratégia de vacinação”, acrescentou.
O Governo, continuou, já elaborou um plano de aquisição, administração e monitorização de uma possível vacina eficaz contra a covid-19, sendo que vai ser usada a estrutura montada no Programa Nacional de Vacinação (PNV) para a administração.
“Uma vez disponível uma vacina segura, eficaz e qualificada pela OMS, Moçambique tem condições para fazer a vacinação, de acordo com o PNV”, enfatizou Tiago.
O dirigente apelou para que não se criem “falsas ilusões” quanto a uma solução rápida contra a covid-19, assinalando que em novembro foram anunciados resultados preliminares de quatro das 11 vacinas candidatas à cura de covid-19.
“Não era previsível, para nós, que em pouco espaço de tempo fosse possível o desenvolvimento de vacinas”, destacou Armindo Tiago.
O mecanismo COVAX conta, entre outros parceiros, com a Aliança Global de Vacinas (GAVI), liderada pelo ex-primeiro-ministro português José Manuel Durão Barroso.
Pico da pandemia
Segundo o ministro da Saúde, a covid-19 atingiu o pico no país em outubro, porque as autoridades conseguiram retardar a aceleração da pandemia, o que permitiu proteger o Sistema Nacional de Saúde (SNS).
“Moçambique conseguiu atingir o pico apenas em outubro”, declarou Armindo Tiago, falando na Assembleia da República.
Foi a primeira vez que um membro do Governo moçambicano se referiu ao mês de outubro como o do pico de casos do novo coronavírus, mas Armindo Tiago não avançou se o país vai ter ou não uma segunda onda e um segundo pico.
Tiago assinalou que as previsões iniciais indicavam que os casos de covid-19 atingiriam o pico em abril em Moçambique e depois foram corrigidos para junho, mas só se concretizaram em outubro.
“Consideramos que o Governo traçou dois objetivos [na luta contra a covid-19] e os cumpriu integralmente: retardar o pico e proteger o Sistema Nacional de Saúde”, frisou.
Sem apontar números, Armindo Tiago salientou que os centros de isolamento de casos de covid-19 montados no país ainda têm camas para mais doentes, o que traduz a eficácia da estratégia seguida pelas autoridades.
O ministro da Saúde frisou que o SNS dispõe de reservas de três meses de equipamento de proteção individual para o pessoal médico e já está a constituir uma provisão para reservas de 12 meses.
Por outro lado, continuou, as reservas de medicamentos essenciais chegam para três meses e estão em curso diligências para que sejam constituídas reservas para outros três meses.
Moçambique contabiliza 132 mortes por covid-19 e 15.866 casos.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.495.205 mortos resultantes de mais de 64,5 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.