Covid-19: Mesmo com variantes, vacinas são eficazes contra doença grave

Foto Governo de Portugal

Mundo Lusíada com Lusa

A variante delta é 60% mais transmissível, tem o dobro das probabilidades de levar uma pessoa ao hospital, mas as vacinas mostraram-se eficazes a prevenir doença grave, revelou o microbiologista João Paulo Gomes, citando dados das autoridades britânicas.

Em declarações à agência Lusa, o especialista do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) cita estudos feitos pelos investigadores ingleses (a variante delta tem uma prevalência que ronda os 90% em Inglaterra) e dados da autoridade de saúde britânica que indicam que a delta é 60% mais transmissível do que a variante alfa (conhecida inicialmente como a do Reino Unido) e tem duas vezes mais probabilidade de levar a pessoa ao hospital, mas sublinha que os resultados da vacinação “são promissores e animadores”.

“Com duas doses da vacina [AstraZeneca], a proteção conferida contra a hospitalização é na ordem dos 92%”, afirmou o especialista, acrescentando: “Quem tenha a vacinação completa, este grau proteção contra a hospitalização é na ordem de 92% a 96% [vacina Pfizer], o que é excelente”.

“A palavra de ordem é vacinar”, insistiu.

Predominante em Portugal

Nesta terça-feira, o microbiologista considerou que, dentro de duas a três semanas, a variante delta será predominante em Portugal continental e diz que a ‘delta plus’, por enquanto, não é preocupante pois tem pequena expressão e está “relativamente controlada”.

“Não podemos dizer com precisão, mas a velocidade em termos de prevalência desta variante no nosso país (em maio era 4% e em junho 55,6%) leva-nos a crer que dentro de duas a três semanas estará em todo o país a 80% a 90%”, afirmou o especialista do INSA.

Em declarações à agência Lusa no dia em que foi divulgado o mais recente relatório de situação sobre a diversidade genética do SARS-CoV-2 em Portugal, o especialista sublinha que relativamente à variante delta “há ainda uma heterogeneidade entre regiões”, o que pode alterar as previsões.

Segundo o relatório do INSA, a distribuição da variante delta varia entre 3,2% (Açores) e 94,5% (Alentejo).

O documento indica que a frequência relativa da variante delta é de 82,8% na região Centro, 76,4% em Lisboa e Vale do Tejo e 75% no Algarve. Na região Norte a variante dominante ainda é a alfa (conhecida inicialmente como variante do Reuni Unido), com 62,7%, tendo a variante delta uma expressão de 32,1%.

“Tendo em conta a tendência observada entre maio e junho, é expectável que esta variante [delta] se torne dominante em todo território nacional durante as próximas semanas”, afirmou João Paulo Gomes, referindo que nas ilhas predomina a variante alfa: “tem estado a 100% na Madeira há três meses, agora é que variou um pouco”.

O especialista diz que a variante delta “está a crescer a uma velocidade surpreendente também noutros países” e, quando questionado sobre a ‘delta plus’ diz que não é preocupante pois existe em apenas ‘alguns clusters’ relativamente controlados.

Serão, segundo o especialista, menos de 50 casos da ‘delta plus’, identificados “em contexto próprio”.

“[A delta plujs] representa uma pequena percentagem de todas as delta, o que é positivo, e mostra apenas uma expressão residual e que não se estará a disseminar”, afirmou.

O especialista do INSA disse ainda que, pelas características genéticas, sabe-se que “muitos dos casos fazem parte de cadeias de transmissão muito especificas”, o que significa que “não se trata de múltiplas introduções que originaram múltiplas cadeias de transmissão, mas são ‘clusters’ muito bem definidos”.

“Na região do Alentejo, por exemplo, há um ‘cluster’ com pouco mais de uma dezena de casos da ‘delta plus’. Está relativamente controlado. É menos preocupante do que encontrar [a variante] espalhada por múltiplos pontos do país”, disse o responsável.

Aumento de casos

Portugal regista hoje 1.746 novos casos de infecção pelo coronavírus SARS-CoV-2, o número mais alto de novas infecções desde fevereiro, seis mortos com covid-19 e menos 10 pessoas internadas.

Desde o dia 19 de fevereiro, quando se registraram 1.940 contágios, que o número de novos casos diários não era tão elevado.

No boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS) assinala-se que estão hoje internadas 492 pessoas com covid-19, menos 10 do que na segunda-feira, 119 das quais em unidades de cuidados intensivos, onde deram entrada mais quatro pessoas.

A área de Lisboa e Vale do Tejo tem 55 por cento do total das novas infecções, concentrando 965 novos casos.

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