Corrupção: FIFA diz ser “parte lesada” e senadores pedem afastamento de Blatter

Mundo Lusíada
Com agencias

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Edição da Copa na Rússia começa a ser questionada.

A FIFA garantiu em 27 de maio que está a “cooperar plenamente” com as autoridades suíças que investigam suspeitas de corrupção na atribuição dos mundiais de futebol de 2018, na Rússia, e 2022, no Qatar.

Em comunicado, o organismo diz ser “parte lesada” neste caso, mas “congratula-se com as ações que podem contribuir para erradicar quaisquer irregularidades no futebol”.

Neste sentido, a FIFA lembrou que em novembro tomou a iniciativa de enviar ao ministério público suíço o relatório com as conclusões de uma investigação a alegadas irregularidades nos processos de atribuição dos mundiais de 2018, à Rússia, e 2022, ao Qatar.

“Estamos satisfeitos por ver que esta investigação está a ser conduzida de forma enérgica, para o bem do futebol e com o intuito de reforçar as medidas tomadas anteriormente pela FIFA”, conclui o comunicado.

Os senadores dos EUA Robert Menendez e John McCain pediram ao congresso da FIFA para reconsiderar o seu apoio ao presidente Sepp Blatter devido ao seu apoio ao Mundial de futebol de 2018 na Rússia.

“Há muito tempo que estou preocupado com a escolha da Rússia pela FIFA e as notícias de hoje apenas sublinham a necessidade de eleger um presidente que não somente apoie os valores da FIFA, mas que assegure que a FIFA não recompense países que não apoiam esses valores”, disse o senador Menendez, do estado de Nova Jérsia, numa nota enviada à agência Lusa.

Menendez e McCain defendem que “o próximo presidente da FIFA tem a responsabilidade de assegurar, não apenas o sucesso e segurança do mundial de 2018, mas também a permanência da missão da FIFA de promover o futebol globalmente de forma a unir os seus valores educacionais, culturais e humanitários.” “Encorajamos fortemente a eleição de um presidente que apoie estes valores e negue ao regime de Putin o privilégio de receber o Mundial de 2018″, concluem os senadores.

Em Portugal, a detenção de seis dirigentes da FIFA não surpreendeu Luís Figo, disse à agência Lusa uma fonte da ex-candidatura do português. Na quinta-feira passada, Luís Figo anunciou a desistência da candidatura à presidência da FIFA, marcadas para sexta-feira, comparando o atual estado do organismo que rege o futebol mundial a uma “ditadura”.

Também o presidente da UEFA, Michel Platini, pediu a demissão do líder da FIFA, Joseph Blatter, a um dia do congresso eleitoral do organismo que rege o futebol mundial. O responsável do organismo europeu manifestou-se “enojado e desiludido” com o escândalo de corrupção que envolve a FIFA e garantiu que “uma grande maioria das associações” da UEFA “vai votar Ali [bin Al-Hussein]”, adversário de Blatter nas eleições de sexta-feira.

O Ministério da Justiça e a polícia da Suíça confirmaram a detenção, por acusações de corrupção, de sete dirigentes da FIFA, em Zurique, quando se encontravam num hotel na cidade. As autoridades helvéticas indicaram que se prevê a sua extradição para os Estados Unidos, onde as autoridades de Nova Iorque os investigam por terem, alegadamente, aceitado subornos desde o início dos anos 1990.

Depois das detenções, a Fifa anunciou o afastamento provisório de 11 pessoas investigadas, segundo o presidente do Conselho de Ética da entidade, Hans-Joachim Eckert, poucas horas após sete dirigentes da entidade serem detidos. “As acusações estão claramente relacionadas com o futebol e são de natureza tão grave que era imperativo tomar uma ação rápida e imediata. O processo seguirá o seu curso em linha com o Código de Ética da Fifa”, diz Eckert em nota divulgada pela federação.

Entre os afastados está o ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin. Ele e dez investigados estão proibidos de participar profissionalmente de qualquer atividade relacionada ao futebol, nacional ou internacional.

Os outros suspeitos afastados são o caimanês Jeffrey Webb, vice-presidente da Fifa e presidente da Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caribe (Concacaf); o costarriquenho Eduardo Li; o nicaraguense Julio Rocha; o inglês Costas Takkas; o uruguaio Eugenio Figueredo e o venezuelano Rafael Esquivel. Todos fazem parte da diretoria da Fifa e foram detidos pelas autoridades suíças com o apoio do FBI. Eles deverão ser extraditados para os Estados Unidos em breve.

Além desses dirigentes também foram afastados o ex-presidente da Confederação Norte-Americana de Futebol, Jack Warner, e seu filho Daryll Warner; o paraguaio Nicolás Leoz, ex-presidente da Confederação da América do Sul (Conmebol) e o ex-membro do Comitê Executivo da Fifa, Charles Blazer.

Além de investigar a suspeita de fraude na escolha da Rússia e do Catar como países-sede das duas próximas edições da Copa do Mundo, as autoridades norte-americanas afirmam ter encontrado indícios de irregularidades em negociações levadas à cabo em outros países. No Brasil, as suspeitas recaem sobre contratos de patrocínio assinados pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e de transmissão da Copa do Brasil – campeonato organizado pela confederação e disputado entre clubes de todo o país, segundo o Departamento de Justiça Americano.

Outros dois brasileiros, além de Marin, figuram na lista de investigados do Departamento de Justiça dos Estados Unidos: o empresário José Hawilla, dono da Traffic Group, e José Margulies, dono de empresas de transmissão de eventos esportivos. Segundo o Departamento de Justiça, Hawilla já fez um acordo se comprometendo a pagar multa de US$ 151 milhões por participação no esquema.

Recado de Blatter
Em um pronunciamento, o presidente da FIFA, Joseph Blatter, aconselhou os políticos que querem boicotar o Mundial de futebol de 2018 na Rússia a ficarem em casa. “Se alguns políticos estão descontentes (…) digo-lhes: ‘Fiquem em casa, nós e a Rússia organizaremos o maior campeonato mundial de futebol de sempre”, afirmou Blatter, em declarações após uma reunião com o presidente russo, Vladimir Puttin, em Sochi.

Antes em comunicado, Blatter prometeu expulsão dos corruptos. “É um momento difícil para o futebol, para os adeptos e para a FIFA. Este tipo de comportamentos não tem lugar no futebol e nós vamos assegurar-nos que os implicados serão excluídos do jogo”, reagiu Blatter em comunicado.

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