Mundo Lusíada com Lusa
O primeiro-ministro português considerou que a Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP27) tem de dar respostas aos problemas do continente africano e adiantou que Portugal vai reforçar a sua cooperação no domínio ambiental em 2023.
Esta posição foi transmitida por António Costa no discurso que proferiu perante a COP27 nesta terça-feira, que decorre em Sharm el-Sheikh, no Egito, até ao próximo dia 18.
“Não podemos esquecer as nossas responsabilidades no esforço global de financiamento. Esta COP27, realizada em África, tem de conseguir também dar respostas aos problemas deste continente”, advertiu o líder do executivo português, que antes desta intervenção esteve reunido com a vice-presidente de Angola, Esperança da Costa.
Na perspectiva do primeiro-ministro, Portugal tem vindo a “intensificar a cooperação para a ação climática” e em setembro assinou com o Banco Africano de Desenvolvimento um acordo de garantias de 400 milhões de euros.
“Um acordo para apoiar o investimento nos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa), em setores prioritários tais como as energias renováveis”, apontou.
De acordo com António Costa, o país pretende “fazer mais” em termos de cooperação e, no quadro da Estratégia da Cooperação Portuguesa 2030 haverá um pilar dedicado ao planeta.
“E iremos reforçar em 25% o apoio aos nossos parceiros da cooperação neste domínio”, acrescentou.
Na segunda-feira, em declarações à agência Lusa e RTP, o primeiro-ministro referiu que na COP26, em Glasgow, na Escócia, “Portugal assumiu o compromisso de afetar uma parcela significativa da sua cooperação para o desenvolvimento centrado na transição energética, cerca de quatro milhões de euros por ano”.
“Na estratégia de cooperação até 2023, está previsto aumentar em mais um milhão de euros por ano esse apoio à cooperação. Portanto, serão cinco milhões de euros por ano de apoio à cooperação”, realçou o líder do executivo.
Europa
Também a União Europeia (UE) apelou, na conferência, a um maior e imediato empenho global na luta contra as alterações climáticas e na defesa da vida. “O tempo das promessas que se somam acabou, chegou o momento do compromisso, da realização”, disse o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.
O líder europeu acrescentou ainda – em reposta a palavras que o secretário-geral da ONU, António Guterres proferiu na segunda-feira – que perante o “suicídio coletivo” ou a solidariedade, a Europa escolhe “a solidariedade e a vida”.
Por seu lado, a presidente da Comissão Europeia, que também discursou hoje na sessão plenária, salientou que a UE se mantém no caminho da descarbonização, da redução em 55% das emissões de gases poluentes até 2050, da opção por energias de fontes renováveis e da ajuda na transição para uma economia mais verde dos países em desenvolvimentos. “Vamos fazer este caminho juntos”, desafiou von der Leyen.
A UE assinou hoje acordos com a Namíbia para desenvolvimento de hidrogênio e com República do Congo, Uganda e Zâmbia, entre outros, para proteção das florestas, no âmbito da conferência da ONU sobre o clima.
Já na segunda-feira, o primeiro-ministro de Portugal salientou a urgência da cooperação internacional sobre a escassez de água e contra a seca, num discurso em que saudou a posição do Lula da Silva, Presidente eleito no Brasil em defesa da floresta da Amazônia, durante o lançamento da Aliança Internacional para a Resiliência à Seca (IDRA).
A IDRA é uma iniciativa do primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, e do Presidente do Senegal, Macky Sall, e a sessão de lançamento contou também com a participação dos presidentes da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, e do Conselho, Charles Michel.
“Como primeiro-ministro de um país que este ano sofreu uma das piores secas de sempre, gostaria de felicitar os promotores da iniciativa pelo lançamento desta aliança e expressar o nosso apoio e disponibilidade para contribuir para a transformar numa valiosa plataforma”, afirmou António Costa.
.Na parte final da sua intervenção, o primeiro-ministro aproveitou a sua intervenção sobre matéria ambiental para transmitir que “é com renovada esperança que se ouviu o Presidente eleito do Brasil, Lula da Silva, renovar o seu compromisso com a desflorestação zero da floresta amazônica”. Após convite, o partido de Lula confirmou a sua presença na COP27 na semana que vem.
Humanidade
De Lisboa, o Presidente português Marcelo Rebelo de Sousa afirmou esperar que na COP27 não se sacrifique o futuro a prazo da humanidade por razões de futuro imediato.
“Num largo consenso nacional e como afirmou o primeiro-ministro, Portugal tem vindo a assumir as suas responsabilidades e espera que a COP27 possa obter conclusões que permitam atingir os objetivos para 2050, não cedendo à tentação, por razões de futuro imediato, de sacrificar o futuro a prazo da humanidade”, afirma Marcelo Rebelo de Sousa.
Em nota, o Presidente da República subscreve a posição do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, de que “a luta contra as alterações climáticas é uma questão decisiva e vital para o futuro de todos” e de que “é por isso fundamental tomar medidas efetivamente indispensáveis para evitar uma catástrofe mundial”.