Consultora revê em alta crescimento de Portugal em 2018 e 2019

Da Redação
Com Lusa

A consultora BMI Research reviu em alta a sua previsão de crescimento econômico em Portugal para 2,3% em 2018 e 1,9% em 2019, embora antecipe uma “ligeira desaceleração” da economia face ao recorde de 17 anos registrado em 2017.

“A atividade econômica portuguesa vai desacelerar ligeiramente em 2018-19, depois de em 2017 o crescimento do PIB [Produto Interno Bruto] real ter atingido o valor mais alto dos últimos 17 anos. Contudo, o investimento em capital fixo e o consumo privado vão continuar relativamente dinâmicos, com a confiança das empresas e dos consumidores na economia e na zona euro a continuar forte”, lê-se num relatório sobre Portugal.

Segundo a consultora, que integra o mesmo grupo da agência de ‘rating’ Fitch, “o crescimento acima das expectativas de 0,7% da economia portuguesa no quarto trimestre de 2017 marcou uma aceleração em cadeia face aos 0,5% do terceiro trimestre de 2017 e aos 0,2% do trimestre anterior, traduzindo-se num crescimento anual de 2,7%”.

“Este valor ficou acima da nossa estimativa de 2,5% e levou-nos a rever em alta a nossa previsão de crescimento para 2018, dos anteriores 1,9% para 2,3%, e também o valor estimado para 2019, de 1,3% para 1,9%, o que sugere que o crescimento irá manter-se bem acima do potencial de longo prazo, que estimamos em torno dos 0,8%”, refere.

Na nota hoje publicada, a BMI Research reporta uma aceleração das exportações acima das importações no quarto trimestre de 2017, “o que resultou numa contribuição positiva das exportações líquidas”, enquanto a procura interna – particularmente o consumo privado — “abrandou ligeiramente”.

A consultora prevê que o setor exportador português “continue forte” e destaca o setor do turismo como o principal impulsionador da recuperação econômica, não apenas ao nível das receitas dos serviços, mas também pelo impacto que está a ter na construção e subsetores com ela relacionados.

“Neste sentido, a procura interna continuará a ser dinamizada pelo investimento em capital fixo e pelo consumo privado”, sustenta, prevendo uma desaceleração do investimento fixo dos 9,0% de 2017 para 5,0% em 2018 e 3,0% em 2019, mas ressalvando que esta componente continuará a ser “um dos principais impulsionadores do crescimento durante os próximos dois anos”.

De acordo com a BMI Research, “também o investimento das empresas deverá continuar forte, seguindo a tendência de crescimento de 13,0% em 2017 do investimento em equipamento e maquinaria, o mais alto da última década e que seguiu à média de 6,9% em 2015 e 2016”.

Salientando que “a prudência das políticas públicas continuará a desempenhar um papel central na confiança das empresas”, a consultora destaca os “vários grandes investimentos” anunciados desde o final de 2017 em Portugal, apontando como exemplo o centro da Google em Oeiras.

No seu ‘outlook’ para Portugal, a BMI Research recorda que a diminuição da dívida pública e do défice levaram várias agências de notação financeira a melhorar o ‘rating’ de Portugal e antecipa uma maior consolidação orçamental nos próximos dois anos, com o défice a recuar para 1,3% do PIB em 2018 e em 2019.

“Isto irá manter os credores e o setor privado confiantes”, considera.

A unidade de análise da Fitch refere ainda que o previsível aumento das taxas de juro a nível global “coloca riscos ao atual ambiente favorável” existente a este nível, mas diz “não ver razões para antecipar uma subida do prêmio de risco de Portugal, desde que as políticas continuem no bom caminho”.

O consumo das famílias é destacado como contribuinte previsível de cerca de metade do crescimento em 2018 e 2019 (1,2 pontos percentuais por ano, em média): “Após ter registado o maior crescimento da última década em 2017, de 2,2%, o consumo privado real deverá abrandar para 2,0% e 1,5% nos próximos dois anos o que, tal como o investimento, representará uma descida face ao pico atingido, mas ainda assim o triênio mais forte desde o início do milênio”, refere a BMI.

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