Por Ígor Lopes
A comunidade luso-brasileira residente no Rio de Janeiro comemorou o Dia de Portugal, no último dia 10 de junho, durante um evento no Palácio São Clemente, na Zona Sul carioca, residência oficial do cônsul-geral de Portugal no Rio. A festividade contou com a presença do Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Portugal, Luís Campos Ferreira, além de empresários, personalidades, políticos e membros da sociedade civil. A celebração ficou marcada ainda pelo “ingresso” de dez novos cidadãos no universo português.
No dia em que a cidade maravilhosa celebrou Portugal, Camões e as Comunidades Portuguesas, o consulado português local anunciou dez novos cidadãos que conquistaram a nacionalidade portuguesa. Eles foram escolhidos, ao acaso, em meio à centenas de requerimentos de nacionalidade que dão entrada, todos os dias, nesse serviço consular. Os contemplados receberam publicamente as suas primeiras certidões do Registro Civil português. Eram todos brasileiros que finalizaram o processo de requerimento de nacionalidade recentemente e que já podem contar, dentre outros direitos e deveres, com passaporte português.
Dados do consulado português no Rio dão conta de que, desde janeiro deste ano, mais de dois mil requerimentos de nacionalidade foram concluídos nesse posto consular, que calcula que haja cerca de 300 mil portugueses e luso-brasileiros vivendo em todo o Estado do Rio. E esse número pode ficar ainda maior, já que com a aprovação da alteração à Lei da Nacionalidade, que vai entrar em vigor em breve, netos de portugueses originários poderão também solicitar a nacionalidade dos seus antepassados, em um processo que leva cerca de quatro meses até a decisão final.
O Secretário de Estado português, Luís Ferreira, avalia que, ao adquirir a nacionalidade portuguesa, o cidadão poderá usufruir de deveres e direitos, que incluem a “livre circulação de pessoas dentro da Europa, além do orgulho de portar um passaporte português”.
Por seu turno, Nuno de Mello Bello, cônsul-geral de Portugal no Rio, assegura que “as pessoas estão a solicitar a nacionalidade portuguesa por vários motivos, desde razões sentimentais à praticas, como jovens que pretendem estudar na Europa. Há muitos potenciais portugueses no Brasil”.
Festejar o novo momento de Portugal
Na opinião de Nuno Mello, Portugal vive momentos mais positivos. “Portugal passou por períodos difíceis. Acredito que, atualmente, se sentem os resultados desse esforço coletivo. Os índices melhoraram, mas o desemprego e as dívidas ainda são altos. Entendo que o povo português e os empresários se adaptaram. Mas hoje Portugal vende mais do que importa e o turismo está com grande impacto na economia. Estamos no caminho certo”, afirmou Nuno Bello, que aproveitou para recordar que haverá eleições legislativas este ano e que é preciso que os “portugueses votem para fazerem a sua escolha”.
Luís Ferreira sublinhou ainda que Portugal está no caminho certo após anos de problemas econômicos e financeiros.
“Faz um ano que Portugal saiu do programa de ajustamento. É o país que mais cresce na Europa, juntamente com Irlanda e Espanha. Vamos crescer cerca de dois por cento este ano. Será um crescimento sólido. Temos enorme esperança no futuro. Vivemos períodos de grandes dificuldades, austeridade e sacrifícios, mas veremos que valeu a pena. Hoje, o nosso país é mais competitivo e pode dar mais aos portugueses”, avançou este membro do governo central.
Nova cultura e novas perspectivas
Em mensagem aos dez “novos portugueses” presentes na cerimônia no Palácio São Clemente, Susana Audi, cônsul-adjunta no Rio, ressaltou a importância e orgulho de se fazer parte da cultura de Portugal.
“Efetivamente, a partir de agora todos vocês são cidadãos nacionais e passam a fazer parte, de fato e de direito, da grande comunidade portuguesa no Rio de Janeiro, cada vez maior, que vos recebe hoje aqui de coração aberto, e vos dá as boas-vindas num dia tão especial como o que estamos a celebrar. É importante frisar que a pertença a Portugal é muito mais do que a instrução administrativa de um processo e a titularidade de um passaporte português e, portanto, também europeu”, comentou Susana Audi, que aproveitou para destacar que “ser nacional português significa fazer parte de uma grande nação, com mais de oito séculos de história, com um passado de que se orgulha e que deixou raízes em todos os continentes, incluindo, entre outros, o grande patrimônio que é a língua portuguesa, uma das mais faladas do mundo”.
País moderno
Durante o seu discurso, Susana Audi mencionou que “Portugal é hoje um país de futuro, moderno e próspero, orgulhoso de todas as gerações que, ao longo de vários séculos, fizeram e fazem hoje do nosso País esta grande nação”.
A cônsul-adjunta garantiu também que “para a construção deste Portugal moderno, contribuíram de forma determinante os milhões de portugueses e luso-descendentes espalhados pelo mundo afora, e que mantêm acesa a portugalidade não só nas suas famílias ao longo de gerações, como também promovendo esta mesma portugalidade junto dos diversos meios sociais e profissionais em que se encontram inseridos, sendo de realçar o papel fundamental que é desempenhado pelas casas regionais e demais instituições portuguesas no Rio de Janeiro”.
O evento contou com a apresentação do cantor português Tiago Bettencourt e da banda luso-brasileira “Embaixadores do Rock”, além da interpretação da atriz Inês Oneto sobre Camões. Houve espaço ainda para a entrega da Comenda da Ordem de Mérito do governo português à deputada estadual Martha Rocha e ao empresário português Gentil Moreira da Souza, residente na cidade de Niterói. O público pôde também ver uma exposição dedicada ao azulejo português.