Conselho Superior dos Tribunais Administrativos adota medidas para tramitar processos de imigrantes

Manifestantes exibem os seus documentos de pedido e renovação de residência em Portugal junto à da sede da AIMA - Agência para a Integração Migrações e Asilo em Lisboa na manifestação "Defenda os seus direitos". Ação de protesto convocada pela comunidade do Bangladesh em Portugal, contra os atrasos na renovação ou emissão do primeiro cartão de residência pelo Instituto dos Registos e do Notariado (IRN) 18 de abril de 2024. MIGUEL A. LOPES/LUSA

Da Redação com Lusa

 

O Conselho Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais (CSTAF) aprovou na terça-feira a adoção de medidas legislativas para tramitação de processos de imigrantes relacionados com a Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA).

Segundo a deliberação do CSTAF, a que a agência Lusa teve hoje acesso, este órgão de gestão e coordenação dos juízes dos tribunais administrativos e fiscais decidiu aprovar a proposta de adoção de medidas legislativas para tramitação de processos relativos a questões sobre o regime jurídico de entrada, permanência, saída e afastamento de estrangeiros de território nacional e, “se tal, se vier revelar necessário, processos judiciais atinentes aos pedidos de proteção internacional (asilo)”.

Quanto à proposta de voluntariado e mobilização de juízes de todo o país para despachar processos judiciais relacionados com milhares de pedidos de residência em Portugal apresentados por imigrantes, conforme avançou o jornal Público, o assunto não terá sido ainda decidido, de acordo com a súmula a reunião do CSTAF.

Segundo o Público, juízes dos tribunais administrativos e ficais terão sido sondados para despacharem processos judiciais ligados a imigrantes, que se acumulam aos milhares, sobretudo na região de Lisboa.

Processos

A nova estrutura legal planeada pelo Governo para acelerar a resolução dos processos de imigração e asilo deve ficar instalada no Campus da Justiça e não vai ter juízes próprios, disse a secretária de Estado Adjunta e da Justiça.

“O propósito é aproximar fisicamente os juízes dos tribunais administrativos e fiscais e da jurisdição comum, mas em termos de mapa de pessoal eles estão, respetivamente, no Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa e no Tribunal da Comarca de Lisboa e cada um só exercerá as competências relativas à sua jurisdição. A estrutura não tem juízes próprios”, afirmou Maria Clara Figueiredo, em resposta por escrito a questões da Lusa.

A governante clarificou que o que está a ser ponderado pelo executivo, em articulação com os conselhos superiores da magistratura, “não é a criação de um tribunal, mas de uma estrutura jurisdicional” especializada, cuja competência “certamente será alargada”, mas sem existir neste momento a definição de uma eventual abrangência nacional.

A proposta visa explorar a proximidade dos serviços associados a estes processos, considerando Maria Clara Figueiredo que “o local mais racional é o Campus da Justiça”, através da reorganização dos espaços, apesar de notar que ainda não foi decidida a localização final.

“Englobará juízos de ambas as jurisdições, que mantêm as suas competências próprias”, frisou a secretária de Estado e juíza.

Os juízes vão partilhar espaços próximos e os oficiais de justiça das duas jurisdições trabalharão também no mesmo espaço, enquanto os advogados terão uma sala única, explicou ainda a governante.

“É nesta proximidade física que se está a apostar. O que pretendemos é rentabilizar serviços e ganhar as vantagens da articulação entre juízos que a proximidade traz”, afirmou.

Sobre como vão ser assegurados os recursos humanos necessários, face ao défice atual de magistrados e de oficiais de justiça para dar resposta aos processos administrativos e judiciais nesta área, Maria Clara Figueiredo garantiu que a resposta será efetuada com os meios existentes.

“Esta estrutura fará uma utilização mais eficiente dos recursos que já existem. Não são criados novos encargos, pelo contrário – os recursos vão ser alocados de forma mais eficiente e produtiva”, observou.

O desenvolvimento desta estrutura, prevista no Plano de Ação para as Migrações apresentado no início de junho pelo executivo, está já a ser trabalhado, reiterou a secretária de Estado.

A ideia já recebeu o apoio do vice-presidente do Conselho Superior de Magistratura, Luís Azevedo Mendes, que realçou a sobrecarga sobre os tribunais administrativos com pedidos de intimação da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) para regularizar a situação de milhares de imigrantes.

Segundo adiantou na terça-feira o presidente da AIMA, Luís Goes Pinheiro, existem atualmente cerca de 410 mil processos pendentes de imigrantes em Portugal.

Falando na comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, numa audição requerida pelo Bloco de Esquerda e Livre, Luís Goes Pinheiro afirmou que existem 342 mil pendências no capítulo de “manifestações de interesse e processos administrativos de autorização de residências”, a que se somam “70 mil processos que estão em tramitação”.

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