Da Redação com Lusa
O 27.º Congresso Mundial de Arquitetos (UIA2021RIO), celebrado virtualmente desde o Rio de Janeiro, no Brasil, concluiu neste dia 22 uma extensa programação de cinco meses, que reuniu mais de 85 mil participantes de 190 países, impulsionada pela edição ‘online’.
No encerramento das atividades, o presidente da União Internacional de Arquitetos (UIA), Thomas Vonier, sublinhou, num vídeo exibido dentro da programação final do evento, totalmente celebrado virtualmente por causa da pandemia, os números da edição ‘carioca’, destacando que foi o maior congresso de arquitetos já organizado no mundo, e considerou que as atividades tiveram “um resultado maravilhoso, que superou qualquer expectativa.”
“A UIA2021RIO não termina aqui, [segue] por mais dois anos, até 2023, à abertura do Congresso Mundial de Copenhaga. As 200 horas de conteúdo digital estarão disponíveis ‘online'”, assim como “as ideias que surgiram no Rio [de Janeiro]”, que poderão ser “compartilhadas e disseminadas, mais amplamente do que em qualquer outro congresso anterior da UIA”. “Este é um lindo legado e um lindo exemplo para o futuro”, frisou Vonier.
“Outro exemplo deixado pelo Rio de Janeiro, e parte de seu legado duradouro, é a ampla gama de eventos, seminários, exposições, palestras, filmes, e programas culturais que foram apresentados como parte do papel [da cidade], como primeira capital mundial da arquitetura sob os auspícios da UNESCO [Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura] e da UIA”, acrescentou.
Em entrevista à Lusa, o comissário-geral do UIA2021RIO, Igor Vetyemy, considerou que o congresso realizou sonhos e superou as espectativas até mesmo dos seus organizadores.
“Foi o maior evento de arquitetura e humanismo da história. E não só o maior, mas o mais relevante. O congresso reuniu arquitetos e urbanistas do mundo inteiro, num momento em que isto era mais do que necessário. Foi um evento digital de uma proporção que talvez nunca tenha acontecido, não só no campo da arquitetura”, disse Vetyemy.
“Tivemos cinco palcos paralelos com sessões ocorrendo ao mesmo tempo, sessões com tradução simultânea para cinco línguas diferentes, sessões com ‘palestrantes’ de todo o mundo, de todos os cinco continentes, e com participação total de mais de 80 mil pessoas,” completou.
O comissário-geral destacou ainda que, além destas proporções de alcance, inéditas, os debates promovidos também indicaram uma mudança de paradigma em congressos de arquitetura, já que estes eventos costumam trazer profissionais para mostrar seus projetos de maneira mais hermética e, desta vez, os arquitetos convidados usaram suas obras para mostrar a maneira como compreendem o mundo.
“Era o que nós precisávamos partilhar, pessoas do mundo inteiro mostrando como a gente tem uma possibilidade de criar um mundo muito melhor do que este ponto a que chegamos; mostrando que existe esperança, porque existe gente fazendo isto no mundo inteiro, de maneira magistral”, avaliou Vetyemy.
Sobre o legado do UIA2021RIO, o responsável destacou que a equipa de Copenhaga, que receberá a próxima edição do congresso em 2023, já tem trocado informações com eles desde o início do evento, nomeadamente no que se refere às atividades virtuais, que abrem a possibilidade de aumentar muito o alcance das intervenções e da iniciativa.
Além dos depoimentos das autoridades envolvidas na realização do congresso, também foi divulgado um documento chamado “Carta do Rio”, que será entregue aos prefeitos de todas as capitais do Brasil, com propostas para o desenvolvimento urbano de cidades ao redor do mundo, nos próximos anos.
O documento defende um novo modelo de cidade no mundo pós-pandémico, “mais atento às mudanças climáticas, aos bons espaços, à saúde pública, à dignidade da habitação e à redução das desigualdades”.
“A ‘Carta do Rio’ não é só uma declaração de princípios, como costumam ser as cartas resultantes de congressos ao redor do mundo. Ela avança para ser, de facto, propositiva. Essas propostas significam o desejo e a esperança dos que participaram do UIA2021RIO para a construção de um mundo melhor”, ressaltou o presidente do Comité Executivo do UIA2021RIO, Sérgio Magalhães.
Num âmbito internacional, a carta será novamente divulgada na Assembleia Geral da União Internacional de Arquitetos (UIA), que reunirá lideranças de vários países, durante a próxima semana, até dia 30 de julho.
Num vídeo exibido no encerramento das atividades do Congresso, Magalhães ainda fez a transferência da bandeira do congresso para a presidente do Congresso UIA Copenhague 2023, Natalie Mossin, assim como do título de Capital Mundial da Arquitetura, que passou do Rio de Janeiro para aquela cidade da Dinamarca.
A decorrer desde março, em versão digital, o congresso reuniu profissionais dos cinco continentes, em semanas temáticas de debate, que abordaram “Fragilidades e Desigualdades”, “Diversidade e Mistura”, “Mudanças e Emergências” e “Transitoriedades e Fluxos”.
Marcado inicialmente para 2020, o congresso teve de ser adiado para este ano, por causa da pandemia de covid-19, tendo decorrido de forma virtual desde março.