Confraria anuncia homenagem à fadista na Casa de Viseu do Rio

Por Ígor Lopes

 

José Ernesto, Teresa Bergher e Flávio Martins apresentam cultura de Viseu aos cariocas. Foto Igor Lopes

 

Um desfile de cores, gastronomia e ritos. Foi assim o primeiro almoço da Confraria Saberes e Sabores da Beira Grão Vasco, no último dia 25, na Casa de Viseu, na Zona Norte do Rio. Regado a bacalhau, o evento contou com mais de 200 pessoas que viram a confraria anunciar uma homenagem à fadista Maria Alcina, que fez as honras da casa durante um show emblemático.

O almoço ditava o ritmo da comemoração. Com casa cheia, o salão nobre da associação visiense recebeu dezenas de confrades, trajados tipicamente, que enalteceram a cultura beirã. No início da tarde, o almoxarife da confraria, José Ernesto, explicou como esse grupo se articula e quais são os seus propósitos. O dia ficou marcado também pelo anúncio dos novos membros, que irão ser entronizados numa cerimônia marcada para 24 de março de 2013. De seguida, uma novidade: a fadista Maria Alcina foi indicada para receber o grau de comendadora, também no ano que vem. “Estou muito feliz e emocionada”, afirmou a cantora, que, em seguida, “agradeceu” cantando os mais tradicionais fados. No final da sua apresentação, os confrades e os seus “afilhados” indicados uniram-se para cantar, em uma só voz, a canção “Viseu, senhora da Beira”, recordando essa região portuguesa.

“Tivemos uma entronização na Casa de Viseu em março de 2010 e vamos fazer outra em março de 2013. Vamos ter aqui muitos visienses ilustres que vão vir de Viseu para cá para confraternizar como irmãos”, conta José Ernesto, que avalia que o trabalho da confraria acontece “pelo bem de Portugal”, como forma de união entre as pessoas para que “o país cresça e que seja uma grande pátria onde caibam todos”.

José Ernesto lembra ainda que, através da confraria, há divulgação da cultura, artes, tradições e gastronomia de Viseu, com o intuito de mostrar aos mais jovens “o que foi e o que é a nossa terra”.

“Congregamos personalidades que nasceram nesse distrito, mas que estão espalhadas pelo país”, recorda o almoxarife.

Na opinião de Flávio Martins, presidente da Casa de Viseu, a instituição que preside é “verdadeiramente a embaixada do distrito de Viseu no Brasil”, já que o clube “defende a cultura popular, os saberes e a gastronomia do distrito”.

A visiense Teresa Bergher, vereadora no Rio e primeira comendadora mulher da confraria, acredita que a indicação da fadista Maria Alcina para ser a segunda pessoa do sexo feminino a receber a comenda foi acertada.

“Todas as homenagens que prestamos à Maria Alcina são poucas, pois ela já fez muito pela comunidade portuguesa no Rio. Alcina é uma das grandes divulgadoras da nossa cultura”, refere Teresa, que assume que as atividades da confraria trazem à tona a sua “origem, raízes, tradições, costumes, família e aldeia”.

Patrono tradicional

A confraria surgiu em 19 de Abril de 2002, em Viseu, tendo como objetivo máximo valorizar, preservar e dar a conhecer os saberes e sabores da região. O Patrono principal é o pintor Renascentista Grão Vasco, que exerceu sua atividade artística no Norte de Portugal na primeira metade do século XVI. Esta associação cívica e cultural engloba três pontos temáticos: conselho Enófilo, tendo como patrono o Infante D. Henrique, primeiro Duque de Viseu; conselho Gastronômico, cujo patrono é Aquilino Ribeiro, escritor beirão; conselho de Artes de Tradições, onde, neste caso, o patrono é Augusto Hilário, poeta e fadista viseense.

As atividades da confraria prendem-se com a realização de jantares confrádicos, onde se degustam os sabores da tradição e acontecem pequenas tertúlias, além do festival anual do caldo, congresso de artes e tradições e comemoração do Dia Nacional do Vinho, em louvor de Baco, que brindou a Beira com vinhos de qualidade. A entronização destaca-se por ser o momento mais nobre da vida de uma confraria.

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