Mundo Lusíada
Neste dia 15, autoridades portuguesas assinaram em Brasília um memorando para criação de uma rede de hospitais beneficentes portugueses no Brasil, durante visita oficial dos secretários de Estado de Portugal ao Brasil.
O memorando é assinado pela Secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, Berta Nunes, e pelo Secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, em representação do Governo português, pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, e por instituições beneficentes de matriz portuguesa.
“Esta será a gênese da rede ‘PORTUGAL SAÚDE NO BRASIL’, que estabelecerá uma parceria entre instituições, quase todas centenárias, que têm dado provas de trabalho meritório na prestação de cuidados de saúde à população local, e à comunidade portuguesa e lusodescendente; o Governo português; e a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, cuja ação social é conhecida e reconhecida” divulgou o governo português.
Um dos objetivos da iniciativa “PORTUGAL SAÚDE NO BRASIL” é incentivar sinergias, ganhos de escala e de visibilidade conjunta, tanto junto da população, como de interlocutores institucionais, no Brasil e em Portugal.
Além da partilha útil de experiências e boas práticas vigentes em Portugal com estas instituições a operar no Brasil, que são “um apoio incontornável também à nossa comunidade naquele país” segundo SECP.
As entidades signatários são Associação de Beneficência São Miguel – ABMS (Beneficência Portuguesa de Porto Alegre); Benemérita Sociedade Portuguesa Beneficente do Pará; Obra Portuguesa de Assistência (do Rio de Janeiro); Real Hospital Português de Beneficência em Pernambuco; Real Sociedade Portuguesa de Beneficência (de Campinas); Real Sociedade Portuguesa de Beneficência Dezasseis de Setembro na Bahia; Santa Casa de Piracicaba; Sociedade Portuguesa de Beneficência de Pelotas; Sociedade Portuguesa de Beneficência (de Ribeirão Preto); Sociedade Portuguesa de Beneficência (de Santos); e Sociedade Portuguesa Beneficente do Amazonas.
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Visita a Fiocruz
Os Secretários das Comunidades e da Saúde iniciaram dia 14 de outubro no Rio de Janeiro uma visita ao Brasil. O primeiro ato oficial da visita foi uma reunião com a Presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Nísia Trindade Lima e a sua equipe.
O Embaixador de Portugal e o Cônsul-Geral no Rio de Janeiro acompanharam a visita ao icônico castelo mourisco, sede da instituição de referência em saúde pública, na América Latina.
Segundo a embaixada de Portugal, a estratégia de internacionalização da Fiocruz passa cada vez mais por Portugal, com colaborações intensas e em crescimento com a Universidade de Aveiro (UA) e a Universidade Nova de Lisboa.
Fruto da cooperação com a UA, a Plataforma Internacional para Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde (PICTIS), sedeada no Parque de Ciência e Inovação, em Ílhavo, está já em operação, com laboratórios sectoriais para acolher pesquisadores brasileiros, portugueses e internacionais.
O secretário de Estado considerou a visita à Fiocruz “muito importante”, uma vez que a Fundação brasileira tem uma estratégia de internacionalização onde Portugal é “centro nevrálgico”, nomeadamente através da parceria não só com a Universidade de Aveiro, mas também com o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).
Segundo o secretário, a Fiocruz “estudar a implementação de uma estrutura-fábrica para produção de produtos biofarmacêuticos na região norte de Portugal, em Matosinhos”.
Descrevendo Portugal como um parceiro fundamental de décadas, a presidente da Fiocruz anunciou a realização de seminários bienais para discutir o avanço da cooperação e a formação de um grupo de trabalho sobre a cooperação, coordenado por Mario Moreira, vice-presidente de Gestão e Desenvolvimento Institucional.
Nísia fez uma apresentação sobre a história da cooperação entre a Fiocruz e as instituições científicas portuguesas. Ela destacou a semelhança de trajetória entre a Fundação, criada em 1900 como Instituto Soroterápico Federal, e o Instituto Nacional de Saúde Dr Ricardo Jorge (Insa), de 1899. O Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT) veio logo depois, em 1902. Hoje, estas três instituições são observadoras consultivas para a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). “Essas cooperações iniciais continuaram, e várias outras com instituições universitárias portuguesas foram se forjando”, lembrou Nísia.
A SECP também comentou sobre a importância da mobilidade entre os dois países. “Para nós, a cooperação Portugal-Brasil não é sequer uma questão de governo, é uma questão de ambos os povos porque nossas comunidades anseiam por maior colaboração e troca”, disse. “Fiocruz é um bom exemplo, por trabalhar desde políticas de saúde pública até tecnologias de ponta. Não encontraríamos muitas instituições no mundo com essa riqueza e abrangência”, completou Berta Nunes.
Já no final de setembro, uma delegação brasileira esteve visitando a Universidade de Aveiro, encabeçada por Mário Moreira, Vice-presidente da Fiocruz, visitou as instalações do CICECO – Instituto de Materiais de Aveiro, do Instituto de Biomedicina e do Parque de Ciência e Inovação, local onde o Instituto Oswaldo Cruz já tem um centro de investigação.
“Ficamos particularmente impressionados com os projetos em curso na UA e já enumeramos algumas possibilidades de cooperação, tanto com a própria Universidade como também com as startups que nasceram dos projetos de pesquisa da Universidade”, contou o Vice-presidente da Fiocruz. “Saímos de Aveiro muito impressionados e disso darei conta à presidente da Fiocruz. Em breve estaremos consolidando uma colaboração institucional de alto nível”, congratulou-se o responsável na altura da visita a Portugal.
Na atual visita, o secretário António Lacerda Sales também se encontrou com o ministro da Saúde Marcelo Queiroga, em Brasília, e com o Instituto Butantan, um dos maiores produtores de produtos imunobiológicos do país.
“Talvez seja uma das primeiras vezes em que a Saúde está com os Negócios Estrangeiros numa visita exterior, numa área de reforço positivo, que é esta centralidade as políticas de Saúde”, disse à Lusa Lacerda Sales, ainda no Rio de Janeiro para a primeira etapa da viagem.
A deslocação também contou com participação nas comemorações do centenário da Obra Portuguesa de Assistência (OPA).
Norte do Brasil
Berta Nunes fica no Brasil até ao final da próxima semana, tendo encontros com as comunidades do Rio de Janeiro, Brasília, São Luís do Maranhão, Belém do Pará e Manaus.
“Esta é uma viagem a locais do Brasil que ainda não tinha visitado, embora já tenha estado no Rio de Janeiro. Um dos nossos principais objetivos da viagem é estar com as nossas comunidades, com a nossa rede consular e também partilhar com o secretário de Estado da Saúde algumas ações na área da Saúde”, disse à Lusa.
Segundo Berta Nunes, é muito importante para as comunidades portuguesas do norte do Brasil “esta proximidade” e, nesse sentido, irá ao seu encontro, assim como dos cônsules honorários, dirigentes associativos e instituições de cariz social, que se destacam pela sua ação ao serviço da população e particularmente da comunidade portuguesa.
“O Brasil é um país continental e onde nós temos uma das maiores comunidades, com cerca de um milhão de portugueses e lusodescendentes. Embora nos nossos consulados tenhamos 800 mil inscritos, sabemos que temos ainda muitos pedidos de nacionalidade. A nossa comunidade é muito forte e espalhada por todo o Brasil, por isso, não é só numa visita que conseguirei estar com todos”, explicou Berta.
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