Da Redação
Com agencias
O Governo britânico anunciou neste dia 14 que vai suspender ligações aéreas de Portugal e Cabo Verde para Inglaterra para tentar impedir a entrada da variante brasileira do SARS-CoV-2, e proibiu também chegadas do Brasil e de outros países sul-americanos.
“Tomei a decisão urgente de proibir chegadas da Argentina, Brasil, Bolívia, Cabo Verde, Chile, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Guiana, Panamá, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela a partir de sexta-feira após informação sobre uma nova variante no Brasil”, anunciou o ministro dos Transportes, Grant Shapps, através da rede social Twitter.
As viagens de Portugal para o Reino Unido também serão suspensas “devido às suas fortes ligações com o Brasil, funcionando como mais uma forma de reduzir o risco de importação de infecções”.
No entanto, o Governo britânico dá isenção aos transportadores que viajem a partir de Portugal para permitir a circulação de bens essenciais e também aos cidadãos britânicos e irlandeses e nacionais de países terceiros com direito de residência, que poderão entrar no país, mas cumprir quarentena de 10 dias.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, tinha revelado na quarta-feira estar preocupado com uma nova estirpe originária do Brasil do SARS-CoV-2, o vírus que causa a covid-19, e admitiu tomar medidas para impedir a sua entrada no Reino Unido.
“Estamos preocupados com a nova estirpe brasileira. (…) Já temos medidas duras para proteger este país de novas infeções vindas do estrangeiro. Estamos a tomar medidas para fazê-lo em relação à estirpe brasileira”, afirmou, durante uma audição com a Comissão de Ligação, composta pelos presidentes das diferentes comissões parlamentares.
O chefe do Governo britânico disse que ainda existem “muitas dúvidas” sobre a estirpe, incluindo se ela resistente às vacinas, tal como não se sabe em relação à estirpe sul-africana.
Johnson respondia a uma pergunta do antigo ministro da Saúde Jeremy Hunt, que referiu que a nova estirpe terá sido discutida na terça-feira pelo Grupo de Aconselhamento sobre Ameaças de Vírus Respiratórios Novos e Emergentes (NERVTAG), o grupo de cientistas que aconselham o Governo a propósito da pandemia covid-19.
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o maior centro de pesquisa médica da América Latina, confirmou na terça-feira a identificação e circulação de uma nova estirpe do novo coronavírus originária do estado brasileiro do Amazonas.
Esta semana, o Ministério da Saúde do Brasil já tinha confirmado que o Japão identificou em quatro viajantes provenientes do Brasil a nova estirpe, que possui doze mutações, incluindo a mesma encontrada em variantes já identificadas no Reino Unido e África do Sul, o que implica um maior potencial de transmissão do vírus.
A identificação de uma nova estirpe mais infecciosa no sul de Inglaterra levou o Governo britânico a impor restrições mais duras antes do Natal e dezenas de países a suspenderem voos a partir do Reino Unido ou a exigir testes antes do embarque.
Em 24 de dezembro foi a vez de o Reino Unido proibir voos diretos com a África do Sul e a entrada de passageiros que tenham estado no país africano nos 10 dias anteriores devido ao risco apresentado por uma nova estirpe do SARS-CoV-2 identificada pelos cientistas sul-africanos, também considerada altamente infecciosa.
Na semana passada, estas restrições foram alargadas a vários países africanos, como Angola e Moçambique, por terem ligações com a África do Sul, segundo a agencia Lusa.
A estirpe brasileira do novo coronavírus ainda não foi detectada em Portugal, garantiu à Lusa o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), que tem a decorrer desde março um estudo sobre as variantes do SARS-CoV-2.
Dentro do Brasil
O estado que faz divisa com Amazonas, o Pará decidiu proibir a entrada no estado de embarcações de passageiros provenientes do Amazonas, segundo publicação no Diário Oficial neste dia 14.
Assinado pelo governador Helder Barbalho, o texto sugere que o objetivo da iniciativa é conter a disseminação do vírus, e tem por base legal a lei federal 13.979, que trata exatamente das medidas de enfrentamento à situação de emergência em saúde pública. O governo estadual informou que a possibilidade de restringir também deslocamentos aéreos não está descartada.
O estado acumulava 306.029 casos confirmados da covid-19 e 7.366 mortos pela doença até esta quarta-feira.
Já o Amazonas, que enfrenta uma nova crise nos sistemas de saúde público e privado, com o aumento do número de internações provocando dificuldades de abastecimento de oxigênio nas unidades de saúde, contabilizava 219.544 casos confirmados, 5.879 óbitos, 27.676 pacientes em observação e 540 casos suspeitos de pacientes internados em análise
O Amazonas já tinha proibido, esta semana, o transporte fluvial e rodoviário intermunicipal de passageiros. Está autorizado apenas transporte fluvial de cargas – conforme determinação judicial que estabeleceu o fechamento dos serviços não essenciais por 15 dias.
Também devido aos reflexos da covid-19, o governo do Amazonas estendeu até 31 de janeiro a determinação para que os órgãos e entidades da Administração Direta e Indireta do Poder Executivo Estadual que não estejam diretamente envolvidos com o enfrentamento da pandemia mantenham no mínimo 70% de seus servidores e empregados trabalhando remotamente, informou a Agencia Brasil.