Presidente quer colocar diáspora como “prioridade global” dos portugueses

O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa (2-E), acompanhado pelo primeiro-ministro António Costa (2-D), pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva (E) e pelo secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro (D), durante o I Congresso Mundial de Redes da Diáspora Portuguesa, na Ordem dos Contabilistas Certificados no Porto, 13 julho de 2019. ESTELA SILVA/LUSA

Da Redação
Com Lusa

Em 13 de julho, o Presidente de Portugal apontou como “grande desafio” do país colocar a diáspora como “prioridade global” dos residentes em território nacional, porque a presença dos portugueses “no mundo” é uma das razões pelas quais eles “são muito bons”.

“Há aqui uma luta cultural que é um desafio para a diáspora também: explicar aos portugueses que somos muito bons e que uma das razões para isso tem a ver com a nossa presença no mundo”, disse Marcelo Rebelo de Sousa no Porto, na abertura do I Congresso Mundial de Redes da Diáspora Portuguesa, no Porto.

O chefe de Estado explicou que este é o desafio que o “preocupa mais” e para o qual não tem encontrado “solução”, porque para os portugueses residentes em Portugal a emigração é um “problema e vivência pessoal, mas não uma prioridade global”.

“Não havendo uma família em Portugal que não viva diariamente esta diáspora, no dia a dia os portugueses que vivem em Portugal acham isso tão natural que o problema não é uma prioridade para eles a nível nacional”, explicou Marcelo Rebelo de Sousa.

O Presidente da República defendeu, por isso, a importância de “fazer entender aos 10 milhões [de portugueses] que vivem aqui [em território nacional] que é de um valor nacional incalculável somar mais 10 ou 12 ou oito milhões que, lá fora, são essenciais para o que todo o mundo pensa sobre Portugal”.

Para o chefe de Estado, “a saúde, a segurança ou a economia” são uma “prioridade” nas preocupações dos portugueses, mas tal não acontece relativamente às comunidades portuguesas no mundo.

“Mas é uma preocupação nacional e não só por corresponder a desígnio nacional. Podia ser assumida por cada um porque tem a ver com a sua vida no passado, presente ou futuro, mas é uma prioridade pessoal, não global”, afirmou.

De acordo com o chefe de Estado, a emigração é considerada em Portugal “tão natural como respirar”, mas deve ser alvo de “atenção”, porque é “muito importante” para o país.

“Temos, na história, a vocação de ser plataforma entre continentes e oceanos. Somos dos melhores do mundo nisso. Todos os dias, em todo mundo, portugueses são capazes de estabelecer pontes e fazer diálogo”, frisou.

Marcelo Rebelo de Sousa apontou ainda outro “grande desafio” quanto aos portugueses espalhados por 178 países. É preciso “cruzar” as várias emigrações portuguesas, “na medida do possível, para que se não queixe a geração mais antiga, a intermédia ou a mais nova”.

O Presidente da República notou estarem em causa “comunidades” e “realidades” diferentes, que fazem surgir o “grande desafio” de saber como “fazer cruzar estas gerações e estas comunidades, que são uma só mas vivem em tempos, modos, linguagens e preocupações diferentes”.

Articulação

Já o ministro dos Negócios Estrangeiros considerou que um dos principais desafios é encontrar a melhor forma para as redes da diáspora se articularem e trabalharem melhor em conjunto.

“Como é que as várias redes de que hoje dispomos, a rede consular, órgãos de comunicação social portugueses e de língua portuguesa, rede consular e diplomática, das associações, das academias, dos luso-eleitos e das comunidades profissionais, como pomos estas redes em contacto, como trabalhamos mais uns com os outros para melhorar, potenciar e aumentar qualitativamente o impacto da nossa ação”, questionou Augusto Santos Silva.

O governante perguntou ainda como é que nos adaptamos à mudança na emigração portuguesa e nas comunidades portuguesas, lembrando que sucessivas vagas de emigrantes de portugueses foram também constituindo comunidades radicadas no estrangeiro.

“E todos nos pertencem, aqueles que partiram, mas também os seus filhos, seus netos, seus parentes e seus familiares, são todos eles que fazem as comunidades portuguesas residentes no estrangeiro”, frisou.

Outra das questões prende-se com a forma como o país organiza os seus serviços para responder às necessidades dos emigrantes, mas também aos seus anseios, propostas e projetos, realçou.

Existem hoje milhares de jovens em mobilidade para os quais a Europa é o seu mercado de trabalho e o seu lugar de residência natural, assim como centenas de milhares de pessoas que enriquecem o nome de Portugal no estrangeiro através do seu trabalho, empreendimento e participação cívica, salientou.

Por isso, Augusto Santos Silva questionou como é que Portugal responde aos serviços que esses procuram, como utiliza as tecnologias para os melhorar e como é que o Governo, Administração pública e municípios organizam a sua estrutura para ajudar os emigrantes.

O governante interrogou ainda como é que o país vai consolidando e aprofundando a ligação das comunidades portuguesas com Portugal e vice-versa, como atrai investimento oriundo da diáspora e como utiliza as redes de profissionais, de investigadores ou de estudantes.

Por fim, mas classificando-a como a pergunta chave, Augusto Santos Silva considerou que o desafio é encontrar a melhor forma para que as várias redes de que hoje dispomos, a rede consular, das associações, das academias, dos luso-eleitos ou das comunidades profissionais, para se colocarem em contacto e trabalharem mais uns com os outros para melhorar qualitativamente o impacto da sua ação.

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