Da Redação com Lusa
Neste sábado, o presidente do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP) disse que Portugal precisa de olhar com mais atenção para os problemas que os emigrantes atravessam e que, em certos casos, se poderiam solucionar com mais organização e empenho do Estado.
“As comunidades não podem ser vistas apenas como as pessoas que querem regressar a Portugal e as pessoas que têm alguma projeção e que podem fazer alguma coisa por Portugal. Temos muitas pessoas também nas nossas comunidades que precisam de ser olhadas com mais atenção pelo Estado português”, afirmou.
Em Lisboa a propósito da reunião do Conselho Permanente do CCP, que se reúne entre segunda e quarta-feira, Flávio Martins enumerou três áreas em que as comunidades portuguesas enfrentam dificuldades: O funcionamento dos postos consulares, o associativismo e o Ensino do Português no Estrangeiro (EPE).
“Os postos consulares são a representação do Estado português e do apoio que ele dá aos portugueses e portuguesas no estrangeiro e tem sido alvo de críticas de todos os lugares”, referiu.
Em relação ao associativismo, Flávio Martins indicou que este “pode ter diversos perfis, pode ser um associativismo mais voltado para o aspeto beneficente, o aspeto cultural, desportivo e social, mas é uma marca das comunidades portuguesas que vivem no estrangeiro”.
Sobre o EPE, recordou que, para alguns países, como o Brasil, onde reside, um país de língua oficial portuguesa, este ensino “pode não ser tão urgente ou necessário, mas na grande parte das comunidades que vivem no estrangeiro, é também um aspeto preocupante”.
Flávio Martins também revelou a sua apreensão com a forma como a crise está a afetar alguma comunidade portuguesa – nomeadamente na Venezuela, África do Sul e outros países africanos -, defendendo a importância dos “apoios sociais”.
“Sabemos que há uma série de problemas que Portugal precisa de resolver com as portuguesas e portugueses que vivem em Portugal, mas também há que se olhar para aqueles que vivem fora”, afirmou.
E prosseguiu: “Sabemos que os problemas sociais, econômicos, com toda esta conjuntura, tem-se agravado em Portugal, e não desconsideramos isso, mas lá fora também há muito para se olhar”.
“Grande parte disso, às vezes, pode ser solucionado com um pouco mais de organização, de mais empenho do Estado português, ao olhar para essas pessoas”, concluiu.
“É isso que precisamos, que se dê mais voz às comunidades portuguesas, que elas sejam mais auscultadas em Portugal, seja por via do CCP, que é um órgão legitimado para isso, mas hoje também há outras redes que se têm manifestado nesse sentido”.
O dirigente do CCP acredita, contudo, na força da resiliência dos emigrantes portugueses: “Eles sabem que, mesmo que haja dificuldades maiores em algumas áreas, a gente vai passar por isso; é uma fase”.