Casa de Portugal de SP encerra comemorações de 80 anos com homenagens e shows

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Por Odair Sene

A Casa de Portugal de São Paulo fechou com chave de ouro suas comemorações de 80 anos de fundação. Nos dias 3 e 4 de dezembro promoveu dois eventos em sua sede com homenagens feitas e uma recebida, além de inauguração de sua nova iluminação, inauguração da nova biblioteca e shows, fechando com o português Camané.
A diretoria da casa, presidida pelo Comendador Antonio dos Ramos, recebeu um público muito bom na noite de quinta feira, dia 3 de dezembro, quando prestou homenagens a três portugueses líderes associativos que, segundo o presidente são também brasileiros pelo contributo dado ao Brasil: o advogado Joaquim Justo dos Santos (ligado ao Clube Português e Conselho da Comunidade), Antero José Pereira (líder associativo e ligado ao setor da panificação) e ainda o José Manuel Dias Bittencourt (presidente da Casa Ilha da Madeira).
Na sequência das homenagens teve um coquetel de natal, a exemplo do dia 4, com pataniscas de bacalhau, rabanada, polvo, castanhas cozidas, camarão, enfim, muitas coisas da época, um coquetel diferente e bem diversificado. Já no palco as apresentações ficaram por conta dos fadistas: Jorge Fernando e Fábia Rebordão (com participação especial da fadista brasileira Ciça Marinho) e Filipa Cardoso com participação do brasileiro Filipe Catto.
Na sexta feira, dia 4 o evento final teve uma solenidade na biblioteca quando a Câmara Municipal esteve representada para homenagear a Casa de Portugal com uma “Salva de Prata”. Conforme o presidente Ramos, um acontecimento inédito, porque normalmente pessoas vão à Câmara e ali, numa sessão, são homenageadas. Neste caso a Câmara veio até uma entidade para prestar homenagem.
O presidente da Câmara Municipal, Paulo Fiorilo (PT) abriu a solenidade justificando que a presente sessão solene se destina a entrega da Salva de Prata em homenagem aos 80 anos da Casa de Portugal de SP (Decreto Legislativo nº 53 de 24 de setembro de 2015). Todos os presentes, em pé, acompanharam as execuções dos hinos de Portugal e do Brasil.
Durante a solenidade todos da mesa usarem o microfone para falar aos presentes. Assim como a filha do Professor Massaud Moisés que leu uma carta sobre o pai e sobre a importância da implementação da nova biblioteca.
O presidente da mesa e presidente da Câmara, antes de encerrar, ainda disse se sentir mais português do que descendente de italiano, recendo muitos aplausos do público que lotou as dependências da antiga biblioteca. Paulo Fiorilo comunicou a todos também sobre um projeto de lei que tramita na Câmara, que surgiu de conversas junto ao Cônsul Paulo Lourenço, que é de levar o debate sobre a cultura, obras, a história portuguesa para as escolas de São Paulo. Segundo ele, estão trabalhando nisso e que o projeto já teria sido aprovado em primeira votação e a iniciativa foi assinada por muitos vereadores.
O presidente Ramos recebeu dos representantes da Câmara a “Salva de Prata” e foi quem falou por último para basicamente agradecer a Câmara enaltecendo o fato da casa de leis ter vindo até a entidade, num fato inédito, a prestar homenagem aos portugueses. “Estamos encerrando as comemorações dos 80 anos de fundação da Casa de Portugal de forma magistral”, disse citando que a casa teve a doação da nova iluminação da fachada “é uma coisa cara”, referiu agradecendo técnicos e demais envolvidos. Falou um pouco do que a casa tem feito, falou da atitude do Professor Massaud e a doação de uma biblioteca inteira, incluindo mobiliário, e agradeceu os presentes.
Após a solenidade da Câmara tivemos a inauguração da nova biblioteca que a Casa de Portugal ganhou, num espaço reformado no segundo andar, em frente a antiga biblioteca que tem 14 mil títulos. A nova inaugurada já chega com outros 15 mil títulos, somando praticamente 30 mil livros disponíveis para quem quiser, alunos de faculdades, universidades e público em geral que terão acesso a livros raríssimos da literatura portuguesa (e não só). O novo acervo foi doado para a casa, por um dos grandes frequentadores da entidade e especialmente da biblioteca, o professor e escritor Massaud Moisés, idoso e adoentado nesta noite, não pôde comparecer e foi representado pela família.
Na sequência do coquetel a noite teve seu encerramento com mais espetáculo musical – em dose dupla. Primeiro com a brasileira Carla Casarim conhecida no mundo artístico depois de vencer o programa The Voice Brasil, da Globo. E na parte portuguesa esteve no palco encerrando a noite o cantor Camané, considerado um dos melhores fadistas da atualidade.

Camané – O fadista português Camané, um dos mais conceituados nomes da música portuguesa foi quem fechou a noite comemorativa e o ano da Casa de Portugal. Ao Mundo Lusíada o artista lembrou que esteve há 15 anos na entidade, quando festejou 65 anos, e agora volta “numa grande honra” numa data tão importante para a casa que marca seus 80 anos.
Camané comentou que em sua casa ninguém cantava. Ele começou numa brincadeira, e a brincadeira se estendeu ao pai, a mãe, e mais tarde os irmãos, todos começaram a cantar e isso virou o negócio da família (menos os pais). “No fundo eu impulsionei um pouco isso de termos o fado na veia, como muitos brasileiros tem, o Caetano, a Bethânia, o Chico, enfim, é sempre mais de uma pessoa na família que canta e no nosso caso somos os três irmãos que cantamos, somos bem diferentes e isso é bom, muito bom”, disse ao Mundo Lusíada o Carlos Manuel Moutinho Paiva dos Santos, conhecido por Camané, o irmão mais velho dos também fadistas Hélder Moutinho (este mais ligado a área de produção de shows) e Pedro Moutinho, fadista que esteve recentemente na Casa de Portugal de São Paulo.
Perguntado como vê o público luso brasileiro, em vista do público acostumado com ele em Portugal, Camané disse que tem formas diferentes de sentir e de se expressar, “mas eu canto da mesma forma para um público e outro, não faço diferença porque a maneira das pessoas se expressarem é diferente mas eu acho que dá para sentir quando as pessoas estão envolvidas com a música”, disse o artista que está em primeiro lugar do “top” em Portugal com seu último trabalho: “Infinito Presente”, editado em março de 2014 e que corre muito bem, lhe rende prêmios e liderança na preferência musical no país.
Ao Mundo Lusíada o presidente Antonio dos Ramos fez um balanço do que foi o ano de 2015 e as comemorações dos 80 anos da casa. Lembrou que foram seis grandes eventos e cerca de 30 eventos menores. Este estilo modificou a tradição das comemorações e enriqueceu bastante a agenda anual. “Surgiu a ideia de festejarmos os 80 anos com força e assim reforçamos nossa agenda anual que já é boa, mas ficou melhor”. Ramos avaliou o ano de 2015 como sendo “muito bom” com finanças equilibradas, obras avançando, reformas, manutenção, e em termos de público o ano também foi muito marcante para a entidade.
Logo_Galeria-de-ImagensA Casa de Portugal de São Paulo é uma das poucas entidades neste segmento que vem se utilizando da Lei de Incentivo a Cultura (Lei Rouanet). A entidade tem realizado grandes eventos e patrocínios. Antonio dos Ramos disse que outras associações de São Paulo promovem mais a cultura popular e completou: “e nós aqui também temos nosso grupo folclórico, também temos cultura popular, mas promovemos também médios e grandes eventos. É o papel da Casa de Portugal de SP”, disse explicando que a entidade que preside não trabalha diretamente com a Lei Rouanet, ela tem uma parceria com uma empresa e a empresa que faz este trabalho, foi quem implantou este projeto na casa.

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