Da Redação
Com Lusa
O ministro português da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, considerou a aeronave KC-390 “a melhor do mercado” e argumentou que a compra de cinco destes aviões por Portugal é “um investimento”, em vez de “uma simples despesa”.
“A participação nacional na edificação e dinamização do programa do KC-390 revela bem a atual capacidade competitiva da indústria aeronáutica nacional, incluindo aquela que está instalada em Évora, e que garante um retorno econômico, financeiro e de conhecimento” para Portugal, defendeu o ministro.
Segundo João Gomes Cravinho, nas instalações da construtora aeronáutica brasileira Embraer em Évora, onde possui duas fábricas, “é por isso” que “o processo de aquisição do KC-390” por Portugal, “muito mais do que uma simples despesa, é um grande investimento para o país”.
O ministro da Defesa Nacional discursou na cerimônia de assinatura dos contratos relativos à aquisição de cinco aeronaves KC-390 e de um simulador de voo, no dia 22, e respectiva sustentação logística, com as configurações e especificações técnicas, operacionais e logísticas definidas pela Força Aérea Portuguesa (FAP).
Na cerimônia, presidida pelo primeiro-ministro, António Costa, João Gomes Cravinho frisou que “os 827 milhões que serão investidos nos próximos 12 anos incluem a aquisição das aeronaves, o simulador, os equipamentos, mas também os custos de manutenção, da aquisição de sistemas complementares ou ainda a construção e adaptação de infraestruturas necessárias à sua operação, a partir da Base Aérea n.º 6 no Montijo”.
“Isto significa que futuros orçamentos não serão onerados com despesas necessárias, mas de difícil enquadramento, como aconteceu no caso de algumas das capacidades atualmente ao dispor da Força Aérea”, comparou.
Com o KC-390 da Embraer, que contou com participação nacional, “Portugal está a adquirir a melhor aeronave do mercado para os requisitos operacionais e logísticos específicos” do país, afiançou o ministro.
O ‘cluster’ aeronáutico português “representa já cerca de 1% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional” e o que se espera é que “possa vir a duplica num horizonte próximo”, assinalou o ministro.
“Esta indústria representa 3,3% das exportações nacionais” e registra “uma tendência crescente nos últimos 10 anos”, indicou ainda, argumentando que esta “grande competitividade nacional” se estende ao plano europeu, o que permite a Portugal “liderar projetos no âmbito da cooperação estruturada permanente da União Europeia nesta área”.
Com o KC-390, cuja primeira aeronave está prevista ser entregue a Portugal em 2023, as Forças Armadas portuguesas “ficam melhor equipadas” e “Portugal fica melhor equipado”.
Trata-se de uma aeronave “com alcance intercontinental” e com capacidade para executar diversas missões e operações “estratégicas, táticas, civis e militares”.
“Permitirá reforçar as atuais capacidades de transporte aéreo, busca e salvamento, evacuações sanitárias e de apoio a cidadãos nacionais, nomeadamente entre o continente e os arquipélagos ou na diáspora, entre outras missões”, indicou.
Embraer Évora já exporta
As empresas Embraer em Portugal exportam mais de 300 milhões de euros por ano e preveem crescer para os 400 milhões em 2020, no conjunto das duas fábricas de Évora e da OGMA, em Alverca.
“No conjunto, as empresas em Portugal exportam mais de 300 milhões de euros por ano” e as exportações “irão crescer para além de 400 milhões de euros por volta de 2020, em resultado dos mais recentes investimentos que já aprovamos”, disse o presidente e CEO da Embraer Defesa & Segurança, Jackson Schneider.
O primeiro destes aviões de carga KC-390 do grupo brasileiro será entregue à FAP em fevereiro de 2023, seguindo-se mais um por cada ano até fevereiro de 2027, no âmbito dos contratos.
Portugal é o primeiro país europeu a adquirir os KC-390, que são produzidos maioritariamente no Brasil, com componentes fabricados nas unidades da Embraer em Portugal, nas fábricas de Évora e na OGMA.
“Hoje já existem empresas e instituições portuguesas que estão qualificadas para o programa KC-390 e que enriqueceram a sua experiência no setor, enquadrando-se para procurar outras oportunidades no mercado global em que apenas um grupo seleto de países se consegue afirmar e do qual Portugal agora faz parte”, salientou Jackson Schneider.
A aeronave, disse, “é resultado de um enorme esforço de engenharia” e constitui “o maior” e “mais complexo” avião já desenvolvido pela Embraer, com a produção em Portugal de “importantes conjuntos”, metálicos ou em compósitos, não só para o KC-390, mas “também para outras aeronaves comerciais” da empresa.
Segundo o presidente do Embraer Defesa & Segurança, o investimento da empresa em Évora “já ultrapassou os 400 milhões de euros”, enquanto, na OGMA, registraram-se investimentos, “nos últimos anos”, que “excedem 100 milhões de euros”.
Em Portugal, a construtora é responsável por “2.500 empregos diretos e sete mil indiretos”, acrescentou ainda, garantindo que os contratos assinados reforçam “a parceria industrial entre Portugal e a Embraer” e contribuem para “o desenvolvimento da engenharia e da indústria aeronáutica em Portugal”.