Da Redação
Moedas e cédulas de dinheiro passam de mão em mão pelas ruas e em comércios. Cartões de banco e documentos pessoais também são usados frequentemente por todos. Não se sabe ao certo quanto tempo o vírus que causa a covid-19 sobrevive em superfícies, mas a orientação central para evitar contaminação é, após usar esses objetos, lavar as mãos com água e sabão ou usar álcool gel 70% e evitar tocar nos olhos, boca ou nariz.
“Não importa se o meio de pagamento é cartão ou dinheiro, o que importa é higienizar as mãos. Como não ficamos o tempo todo com eles nas mãos, ao pegar nessas coisas e em tudo que a gente compartilha, como canetas, higienize as mãos”, explicou a infectologista Eliana Bicudo, da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) à Agencia Brasil.
Mesmo com a recomendação do Ministério da Saúde de manter o isolamento social, algumas pessoas ainda precisam frequentar mercados e farmácias em busca de itens essenciais ou mesmo estabelecimentos de saúde. De acordo com Eliana, quando saímos de casa, o importante é manter um distanciamento de pelo menos um metro entre as pessoas. “Pode fazer seu supermercado, suas compras, tocar nos objetos, mas ficar atento para não levar as mãos à boca. Assim que acabar, higienize as mãos dentro do possível, sempre que puder”, ressaltou.
Estudos apontam que os coronavírus (incluindo informações preliminares sobre o que causa a covid-19) podem persistir nas superfícies por algumas horas ou até vários dias. Isso pode variar, por exemplo, conforme o tipo de superfície, temperatura ou umidade do ambiente.
“O tempo pode variar de material para material. A gente sabe que pode estar até três dias em metal e no plástico, no tecido em menor tempo. Único lugar que se tem certeza que não sobrevive é no cobre. Por isso, quando estiver em lojas, evite colocar a mão nas mesas e nos balcões”, explicou a infectologista.
Na dúvida, higienizar as mãos é a melhor medida preventiva, bem como limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência, como celulares. A transmissão do coronavírus ocorre de pessoa a pessoa por meio de gotículas exaladas pela pessoa doente quando ela fala, tosse ou espirra. Quando a pessoa doente toca em objetos ou aperta a mão de alguém e esta coloca a mão a sua boca, nariz ou olhos, também ocorre a infecção.
A SBI esclarece que ainda não se sabe com certeza o papel da pessoa sem sintomas na cadeia de transmissão e recomenda não cumprimentar ninguém com as mãos.
Medidas simples
Pesquisadores do Centro de Pesquisa em Alimentos (Food Research Center – FoRC), da Universidade de São Paulo, também esclarecem à população quais medidas são importantes para manter o vírus longe dos alimentos. Confira as dicas dos especialistas em microbiologia de alimentos.
1. Limpeza das mãos e pulsos
Antes de manusear qualquer alimento é fundamental lavar as mãos corretamente com sabão/sabonete e bastante água corrente, não esquecendo das regiões entre os dedos, pontas dos dedos, dorso das mãos, pulsos e antebraços. O uso de luvas não substitui a lavagem das mãos.
2. Limpeza na cozinha
As informações sobre o tempo de persistência do coronavírus SARS-CoV-2 em superfícies são ainda controvertidas. Alguns estudos científicos com outros coronavírus indicam persistência em metal, plástico e vidro por até 9 dias, enquanto outros mencionam 24h em papelão e 3 dias em plástico para o coronavírus SARS-CoV-2. No entanto, os coronavírus são inativados rapidamente pelo contato por 1 minuto com álcool etílico 62-71%, água oxigenada 0,5% ou hipoclorito de sódio 0,1%.
Em tempo de COVID-19, as recomendações de higiene e limpeza são as mesmas de sempre, e devem ser seguidas criteriosamente. Bancadas, pias, louças e demais utensílios devem estar sempre limpos e secos, sem resíduos de alimentos. Geladeiras, freezers, fornos, fogão e demais eletrodomésticos devem ser limpos e higienizados com regularidade, com água, sabão e sanitizantes ou água sanitária.
3. Cuidados com os alimentos em casa
Para alimentos que serão consumidos crus, como os vegetais folhosos, a recomendação é remover as folhas externas ou danificadas, separar as folhas uma a uma, lavá-las com água tratada abundante e deixá-las em imersão, por 15 minutos, em uma solução de água sanitária (uma colher de sopa diluída em um litro de água), lavando-as depois com água tratada corrente novamente. Para vegetais não folhosos e frutas a serem consumidos com a casca, o procedimento deve ser o mesmo. Os produtos comerciais à base de cloro para desinfecção de vegetais são eficientes para eliminar a contaminação microbiana. Esses procedimentos são eficientes contra bactérias e vírus também. Não usar água sanitária com outras substâncias na sua composição, pois podem ser tóxicas para o organismo humano. O vinagre para fins culinários não tem efeito sanitizante e não deve ser usado para este fim. O tratamento dos alimentos pelo calor, como cozimento e fritura, quando feito corretamente, elimina os vírus caso estejam contaminando o produto cru. No entanto, é preciso evitar a recontaminação depois do aquecimento, principalmente se o alimento não for aquecido novamente antes de ser consumido.
4. Cuidados com as refeições prontas para consumo fornecidas por entrega domiciliar
Devido à necessidade de a população permanecer em suas residências, a demanda por refeições preparadas fora de casa está aumentando. Sempre que possível, dar preferência às embalagens de papelão, pois o que sabe até agora é que os coronavírus resistem menos tempo na superfície de papel do que em outras superfícies, como plástico e metal (alumínio, por exemplo). Antes de abrir uma embalagem, é importante lavar as mãos e, em seguida, aplicar um sanitizante. E deve-se evitar usar os serviços de entrega domiciliar para a aquisição de alimentos prontos para consumo que sejam de alto risco, a exemplo de pescados crus (sushi, sashimi, ostras etc.).
A recomendação é evitar o contato direto com o entregador de refeições porque ele leva refeições para vários domicílios, e pode ser um portador de coronavírus sem que saiba disso. As empresas de entregas em domicílio estão recomendando que os entregadores higienizem suas mãos com álcool em gel, que é um cuidado que diminui o risco, mas não o elimina totalmente. Algumas empresas também recomendam que os entregadores usem luvas, mas esse é um procedimento muito perigoso pois pode dar uma falsa sensação de segurança, levando o entregador e também o consumidor a relaxar nos cuidados de higiene.
Ainda, é errado manter os mantimentos adquiridos por entrega domiciliar em “quarentena”, fora de casa ou da cozinha, em temperatura ambiente. Este procedimento, recomendado em países com clima muito diferente do brasileiro, pode comprometer seriamente a qualidade e segurança dos alimentos, que podem estragar ou provocar gastroenterites e intoxicações alimentares. O correto é receber os mantimentos, higienizar as embalagens e os produtos e fazer o armazenamento.