Comissão da UNESCO contra banalização de candidaturas a Patrimônio da Humanidade

Da Redação
Com Lusa

O presidente da Comissão Nacional da UNESCO defendeu, em Foz Côa, que não é possível aceitar todas as candidaturas a Patrimônio da Unanimidade para não “banalizar” espaços ou sítios que têm características únicas no mundo.

“Há que fazer um esforço pedagógico, para explicar às populações que compreendemos as suas ambições e expectativas. Porém, há regras a cumprir para haver a classificação de espaços físicos ou naturais em Patrimônio da Humanidade”, disse o embaixador José Filipe Cabral.

Para incluir um bem na lista do Patrimônio da Humanidade, defende o responsável, terá de haver “uma qualidade excecional e única”, para não se transformar este processo “numa espécie de lista telefônica”.

“Em todo o processo de classificação é preciso provar que o bem em causa é detentor dessas tais características excecionais e únicas, em termos mundiais, antes de obter qualquer chancela da UNESCO”, frisou o responsável.

As afirmações foram feitas durante o Fórum Internacional – Gestão do Patrimônio Mundial da UNESCO em Contexto Europeu, que decorreu na cidade de Vila Nova Foz de Côa, no distrito da Guarda, e que juntou especialistas nacionais e estrangeiros de sítios classificados devido ao seu valor arqueológico, tomando como exemplo Altamira (Espanha) ou Lascaux (França).

Em Portugal há 15 bens inscritos na lista de Patrimônio da Humanidade da organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).

“O fato de Portugal ter 15 bens inscritos na UNESCO é muito bom no seio de 167 países, quem estão nas mesmas condições”, disse José Filipe Cabral.

O presidente da Comissão Nacional da UNESCO recordou que em Portugal há, de momento, duas candidaturas a patrimônio da UNESCO, o Bom Jesus em Braga e o Convento de Mafra.

“De dez em dez anos, é elaborada uma lista de bens que, potencialmente, se poderão candidatar a Patrimônio da Humanidade. Depois só se pode apresentar uma candidatura por ano, cabendo às partes interessadas elaborar os respetivos dossiês de candidatura”, explicou.

Inscrito na Lista da UNESCO como Patrimônio da Humanidade em 1998, o Vale do Côa é considerado pelos especialistas como “o mais importante sítio com arte rupestre paleolítica de ar livre no mundo”.

O sítio arqueológico divide-se em dois eixos fluviais principais: 30 quilômetros ao longo do rio Côa – Faia, Penascosa, Quinta da Barca, Ribeira de Piscos, Canada do Inferno. Há mais 15 quilômetros pelas margens do rio Douro que passam pela Fonte Fireira, Broeira, Foz do Côa, Vermelhosa, Vale de José Esteves, Vale de Cabrões.

Em 2001, a UNESCO classificou como Patrimônio Mundial 24.600 hectares do Alto Douro Vinhateiro, repartidos por 13 concelhos: Mesão Frio, Peso da Régua, Santa Marta de Penaguião, Vila Real, Alijó, Sabrosa, Murça, Carrazeda de Ansiães, Torre de Moncorvo, Lamego, Armamar, Tabuaço, S. João da Pesqueira e Vila Nova de Foz Côa.

José Filipe Cabral entende que sítios classificados como o Vale do Côa ou Alto Douro Vinhateiro são dois bons exemplos da gestão do Patrimônio Mundial da UNESCO, no país e na Europa.

“Apesar dos bons exemplos é preciso ter muito cuidado e criar uma união de esforços entre todos para preservar a autenticidade dos sítios classificados, que são que são pertença de toda a Humanidade “, observou.

Assim, o concelho Vila Nova de Foz Côa, segundo o presidente da Câmara, Gustavo Duarte, orgulha-se de ser dos poucos territórios a estar integrado em dois patrimônios mundiais da humanidade.

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