Antes de tudo, é preciso ter consciência de que o investimento em ações é uma atividade que além dos aspectos técnicos e objetivos envolve também uma boa dose de arte, experiência e intuição.
Nesse sentido, uma boa sugestão é buscar uma indicação de corretora (home broker) e começar bem devagar. Procure uma corretora com custo de corretagem baixo, com um sistema ágil, segura e com serviços de qualidade. Faça o cadastro e comece com um investimento bem pequeno. Vá aos poucos se envolvendo na atividade. As corretoras, em geral, disponibilizam material didático introdutório sobre investimento em ações, possuem fóruns de discussão para investidores, divulgam relatórios de avaliação de empresas etc. Nesse período, além de se familiarizar com os aspectos operacionais da corretora e com os principais conceitos da área, você vai desenvolvendo suas habilidades, ganhando experiência e descobrindo seu verdadeiro perfil de risco.
Antes de escolher as ações que pretende adquirir, é importante saber se você já possui um planejamento financeiro bem definido. Você deve decidir inicialmente com qual objetivo pretende investir na bolsa. Quer construir um patrimônio a longo prazo ou se beneficiar de oscilações de curto prazo? Qual parcela da sua renda ou do seu patrimônio pretende colocar na bolsa? Quais os níveis de risco e de liquidez pretendidos? Essas questões subjetivas associadas ao seu perfil de consumo e investimento devem ser definidas antes da decisão de escolha da carteira de ações e reavaliadas a todo o momento. Em geral, você deve se confrontar com questões envolvendo os objetivos do seu investimento e suas principais características: prazo, risco, retorno esperado e liquidez. Nessa questão, uma boa leitura de livros sobre Finanças Pessoais pode esclarecer alguns conceitos elementares e ajudar a organizar seu raciocínio.
Sobre os livros específicos de Investimento em Ações, uma dica segura é evitar títulos muito otimistas e certamente ilusórios como: “Ganhe dinheiro fácil na bolsa” ou “A fórmula do sucesso”. Lembre-se sempre que nessa área não há verdades absolutas nem receitas milagrosas. Procure uma leitura bastante diversificada, englobando as diversas visões e filosofias de investimento. Isso lhe permitirá obter um panorama das diferentes formas de pensamento e auxiliará gradativamente na consolidação das suas próprias ideias e opiniões.
Ainda, mesmo que você não vá se dedicar diretamente à gestão de carteiras ou avaliação de empresas, é sempre importante conhecer os fundamentos teóricos que dão o embasamento a essas atividades. Esse tipo de conhecimento é essencial para fortalecer sua intuição econômica sobre o assunto e desenvolver uma postura crítica e criteriosa em relação ao debate eminentemente empírico que muitas vezes se estabelece entre alguns participantes do mercado financeiro.
Se você não possui tempo ou disponibilidade para acompanhar o mercado e investir diretamente em ações, lembre-se que também existe a possibilidade de investir por meio de fundos de ações, nos quais seus gestores tomam as decisões de investimentos por seus clientes. É preciso, no entanto, escolher um fundo com uma estratégia de investimento compatível com o seu perfil e em relação ao qual você possua boas expectativas de desempenho. Esteja bastante atento às taxas de administração, cobradas pelos gestores do fundo e que muitas vezes podem comprometer parte relevante da rentabilidade da carteira do fundo.
Por fim, lembre-se que apesar de não ser uma atividade tão complexa, envolve riscos elevados e, por isso, é importante que sua confiança seja conquistada de forma gradual, com a evolução natural do seu conhecimento e experiência no ramo.
Vinicius Ratton Brandi
Professor de Finanças do Ibmec-DF
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