Com protestos, ministro-chefe Gilberto Carvalho fala da Copa na Casa de Portugal

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Mundo Lusíada
Com ABr

Organizado pelo governo federal para debater a Copa do Mundo de 2014 com os movimentos sociais, o evento Diálogos: Governo-Sociedade Civil: Copa 2014, realizado durante toda a tarde de 24 de abril na Casa de Portugal de São Paulo, foi palco de muitos protestos. Embora as manifestações tenham sido pacíficas, os gritos ou interpelações dos integrantes dos movimentos sociais foi constante na apresentação dos representantes das três esferas de governo sobre as obras e gastos para a Copa do Mundo.

O principal alvo foi o governo federal, representado no evento pelo ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho. Enquanto fazia o pronunciamento inicial no evento, manifestantes estenderam grande faixa vermelha atrás do ministro, na qual se lia “Não vai ter Copa”. Também participaram do evento a vice-prefeita de São Paulo, Nádia Campeão, e o secretário estadual de Planejamento e Desenvolvimento Regional e coordenador do Comitê Paulista da Copa do Mundo, Julio Semeghini.

“O evento de hoje é uma tentativa do governo de aparentar diálogo com a sociedade em relação à Copa, enquanto o Exército está na Favela da Maré [no Rio de Janeiro] e temos todos os atos de protesto contra a Copa sendo reprimidos. O que podemos entender aqui é que há duas intenções: primeiro a de simular diálogo com a sociedade, e o segundo ponto é que é uma via-sacra do governo federal em todos os estados para cooptar os movimentos sociais para não irem para as ruas”, disse Rodrigo Antônio, membro do Território Livre. Segundo ele, as manifestações nas ruas de todo o país vão continuar.

Carvalho admitiu que o governo demorou a estabelecer diálogo com a população sobre a Copa do Mundo, o que levou as pessoas a protestar em todo o país. “Nós demoramos a conversar. Deixamos de oferecer a informação e a possibilidade de debate em torno da Copa do Mundo, mas antes tarde do que nunca”, disse o ministro.

Quem também protestou foi o padre Júlio Lancellotti. Ele disse que a Copa não trouxe benefícios para a população, principalmente para os moradores de rua. “Não somos contra a Copa. Mas queremos que eles nos incluam. Até agora a Copa não nos incluiu. Pelo contrário, só nos exclui”, disse Tiago de Jesus Reis, coordenador estadual do Movimento Nacional da População em Situação de Rua em São Paulo (MNRP-SP).

A vice-prefeita Nádia Campeão negou que esteja ocorrendo higienismo em São Paulo, ou que a cidade pretenda esconder os moradores de rua dos turistas. “Não temos porque esconder qualquer morador da cidade de São Paulo. O que não conseguimos resolver juntos, não vamos esconder. Não vamos retirar a população de rua do centro da cidade. Não vai ter maquiagem ou higienização na cidade de São Paulo”, ressaltou.

Mas houve também os que foram ao evento para defender o governo ou a Copa. “Somos a favor. Temos que reivindicar melhorias para o país, mas dizer que não vai ter Copa é ruim. Isso não vai ajudar em nada, e só vai trazer maiores problemas”, disse Regis Cristal, diretor executivo da União Geral dos Trabalhadores (UGT) e do Sindicato dos Comerciários de São Paulo. Cristal negou que as centrais sindicais estejam sendo usadas pelo governo federal como tentativa de impedir os protestos pelo país durante a Copa. “Ninguém vai impedir protesto de ninguém. Também fazemos nossos protestos, e não aceitamos que impeçam nossos protestos. Só estamos favoráveis a que se tenha Copa”, disse ele.

Foi o quarto diálogo promovido pelo governo federal com os movimentos sociais. Já foram realizados eventos semelhantes em Manaus, Porto Alegre e Belo Horizonte. O próximo está marcado para o Rio de Janeiro. Segundo o governo federal, cerca de 120 entidades foram convidadas ou se inscreveram para participar do evento de São Paulo, que contou com a participação de aproximadamente 400 pessoas.

Antes do início do evento, o ministro disse, em entrevista coletiva, que não acredita na ocorrência de atos ou protestos violentos durante a Copa do Mundo, que possam exigir a utilização da Força Nacional de Segurança. “Esperamos que as forças estaduais deem conta. Até porque, em nossa avaliação, não teremos grandes atos de violência na Copa”, falou. “Esperamos que tudo seja contido pelas forças estaduais, pelas polícias militares. Elas estão sendo preparadas e equipadas, principalmente para o trato com manifestações, para que haja uma conduta a mais adequada possível”, acrescentou.

Os Diálogos da Copa também serão realizados em Brasília (DF), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Fortaleza (CE), Natal (RN), Recife (PE), Salvador (BA). Além dos recursos aplicados na reforma e construção de estádios, essas cidades incluindo Rio e São Paulo vão receber investimentos que somam cerca de R$ 14,54 bilhões.

Antes do evento, o ministro foi recebido na Casa de Portugal para o Almoço das Quintas, e foi distinguido com a medalha “Comendador Pereira Queirós”, distinção da comunidade luso brasileira, pelo presidente Antonio dos Ramos. Confira mais na próxima edição do Mundo Lusíada>>

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