Com patrocínio da SECP, “Tributo ao Fado” é promovido no ABC

Por Odair Sene
Mundo Lusíada

 

O presidente Paulo Freitas, o Cônsul Paulo Lourenço, o Secretário da SECP José Cesário e o dirigente da Beneficência de SCS Antonio Rubira.

 

Em 30 de Novembro, a Casa de Portugal do Grande ABC foi palco de uma noite de música portuguesa. O Tributo ao Fado, com patrocínio da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, reuniu a fadista luso-brasileira Marly Gonçalves, e os portugueses do grupo da Senhora da Beira, de Viseu.

O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, falou sobre o programa e sobre a comunidade portuguesa da região. “Este evento é um de três que organizamos com instituições da comunidade no Brasil, como aqui no Grande ABC, outro em Santos, e outro no Rio de Janeiro. Eventos em que juntamos fadistas de cá com fadistas portugueses de lá. Acabou de se comemorar o primeiro ano do fado como Patrimônio Cultural da Humanidade. E por outro lado, estamos em pleno Ano de Portugal no Brasil. É importante ter eventos que se dirijam a comunidade portuguesa, aquela que vem às associações, e temos o maior gosto em patrocinar”.

Cesário comentou a atuação do presidente Paulo Freitas, um jovem descendente à frente da Casa de Portugal do ABC, sediada numa região composta por sete cidades. “Visitei esta instituição há exatamente 10 anos, e devo dizer que admiro a forma com que ela evoluiu nos últimos tempos. Realmente a dinâmica que adquiriu, tem muito a ver com essa transição que tem feito. O Paulo é um homem admirável, está fazendo um trabalho notável, é prova que é possível ter luso-brasileiros que tenham uma relação normal e consigam motivar os mais antigos. É possível nas casas portuguesas ter gerações diferentes, esta é a maior prova disso”.

Segundo ele, é necessário que os emigrantes mais antigos percebam a necessidade dos jovens estarem à frente das associações, sem se desligarem dela. “Se os clubes portugueses conseguirem fazer isso, e são tantos no Brasil, vão continuar a ter sucesso e ter público. Se não houver essas transições, elas morrerão, como já morreram algumas”.

Ao final, desejou a todos um feliz ano de 2013. “Espero que o próximo ano seja um ano melhor para todos. Tenho consciência plena que as pessoas que estão fora sentem Portugal tanto ou mais do que nós que estamos lá. O que desejo é que haja uma articulação, mais perfeita possível, entre todos os portugueses, e que não haja diferenças. Que sejamos capazes de conviver, fazer coisas juntos, de nos relacionarmos de maneira que Portugal seja muito mais forte e presente em todos os países do mundo”.

Senhora da Beira

A fadista luso brasileira Marly Gonçalves com a fadista portuguesa Carla Linhares cantaram juntas e receberam muitos aplausos.

Carla Linhares está à frente do grupo Senhora da Beira, acompanhada de Ricardo Silva na guitarra portuguesa e Silvio Pereira na viola de fado. Em entrevista ao Mundo Lusíada, a fadista comentou sobre a sua visão do fado no Brasil e em Portugal.

“Não sou uma purista, gosto das misturas, acho que isso enriquece o fado. Se calhar, chegamos até as classes mais jovens. Antigamente o fado era mais pesado e apreciado por quem tinha mais idade”, diz ela citando a modernização e a transformação do antigo como um fator positivo. Citou como exemplo Antonio Zambujo, que esteve recentemente se apresentando no Brasil, um fadista que interpreta “um jeito de fado bossa-nova que é bastante interessante”.

Durante sua entrevista, Carla Linhares estava curiosa para ouvir a fadista brasileira que a acompanharia nesta noite em Santo André, Marly Gonçalves. “A voz e forma de cantar brasileira é muito especial e casa muito bem com o fado”. E mencionou que não só brasileiros, mas já viu uma chinesa a cantar fado. “Temos que ter um leque variado porque nem toda gente gosta de fado, se calhar mais agora, mas é uma forma de chegarmos a todos”.

Pela primeira vez no Brasil, ela seguiu para apresentações, além do ABC Paulista, Santos e Rio de Janeiro. No repertório, ela afirmou não ter adiantado o que faria nem mesmo ao Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, antes do show. “Como é obvio, não podemos deixar de imortalizar a diva do fado, Amália Rodrigues, e outros temas. O que escolhi foram algumas coisas conhecidas porque quero que as pessoas se sintam próximas e participem”.

Seguindo uma tradição, fadistas sempre a trazer Amália Rodrigues nas suas interpretações, e Carla Linhares não foge a regra. “Tem que ser, é minha musa inspiradora. Se é uma diva do fado, tem que ser imortalizada como tal. Nós por respeito ao fado e ela, temos que fazer”, diz a fadista do grupo que lançou um álbum em janeiro de 2012, em Viseu. “É um trabalho que é uma espécie de casamento entre dois estilos de fado, talvez uma ousadia para quem é mais purista, mas no fundo queríamos tirar um pouco de partido daquilo que existia na cidade”, cita ela comentando que Viseu reúne diversos fadistas mas não é Lisboa, Porto ou Coimbra, “onde o fado está realmente enraizado. Nós quisemos tirar partido de algumas pessoas, Dr. Jorge Minho, um mestre na guitarra de Coimbra. E o trabalho foi produtivo e o feedback tem sido positivo”, diz ela que sabe, não é um trabalho para o gosto de todos.

Ao final, o grupo citou o apoio do governo português para essa digressão pelo Brasil. “O Secretário de Estado das Comunidades José Cesário é um grande amigo, de longos anos. Nosso grupo tem uma amizade por ele e um agradecimento especial por tudo aquilo que ele tem feito por nós. Inclusive o fato de ter sido ele a nos trazer ao Brasil, terra que realmente vai deixar saudades”.

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