Homenageados do ano na Alesp. Confira Galeria de Imagens >>
Por Odair Sene
Por propositura do deputado Fernando Capez, a Assembleia Legislativa de São Paulo manteve a tradição e realizou a Sessão Solene em homenagem ao Dia de Portugal, quando prestou várias homenagens para portugueses e descendentes que vivem em São Paulo e, de algum modo contribuíram para o engrandecimento de Portugal no Brasil.
O evento aconteceu na noite de 04 de junho na Alesp (Plenário Juscelino Kubitschek), sendo uma realização do Conselho da Comunidade Luso Brasileira do Estado de São Paulo, sob presidência do Dr. Manuel Magno, que esteve na mesa diretiva ao lado do proponente Fernando Capez e do Cônsul Geral Paulo Lourenço.
Ainda na abertura tivemos as execuções dos hinos dos dois países e exibição de um vídeo promocional do programa “Experimenta Portugal 2018” desenvolvido e administrado pelo Consulado.
Ainda antes das homenagens, falaram no plenário, o presidente do Conselho, Manuel Magno (em nome da Comunidade Portuguesa), destacando a figura do maior poeta português Luís de Camões (considerado uma das maiores figuras da literatura lusófona), enaltecendo a presença portuguesa no país, com valorosa contribuição das Comunidades, presentes no Brasil e diversas partes do mundo: “sempre contribuindo, com seu trabalho, para o desenvolvimento da sua região, da suas cidades, fazendo ainda maior, este país de acolhimento”, disse.
Na sequência falou o Cônsul Geral, Paulo Lourenço, que marcou sua última participação nesta solenidade, por estar próximo de encerrar suas funções no Brasil. Ele elogiou o envolvimento da Alesp por estar ano após ano engajada nesta data máxima de Portugal, destacando nesta noite a representatividade das entidades pelos dirigentes ali presentes.
“A comunidade luso brasileira de São Paulo é hoje, em meu entender, a mais importante e a mais ativa comunidade lusa do Brasil, não só se manteve fiel ao seu papel de guardiã, e zeladora do nosso legado na cidade brasileira mais multi-cultural e mais influenciada por diferentes origens migratórias, que é São Paulo, como soube separar sempre o essencial do assessório(…) Mudam os governos, mudam os titulares, muda a orientação, vem as modas, até os modismos, vão e vem, mas não muda a essencialidade do nosso relacionamento, e isso, essa comunidade sempre soube sabiamente preservar. A comunidade portuguesa, mesmo na suas transformações mais recentes, não é tanto uma colônia, mas por ventura, uma variante da própria sociedade brasileira, integrada, ramificada por todos os setores sociais, que se sente orgulhosamente portuguesa e brasileira”, disse o diplomata.
Paulo Lourenço também abordou a questão do aumento da procura de brasileiros por cidadania portuguesa, com a facilidade da língua comum, a realidade tem permitido aumentar o trânsito entre os países aproveitando o que os países tem de melhor para oferecer nos dois lados do Atlântico.
“Nunca os brasileiros olharam tanto, e com tanta curiosidade e interesse na ‘terrinha’, como costumam dizer, onde nunca investiram, residiram, fizeram turismo, ou colocaram os filhos a estudar como agora”, disse justificando que, para que isso acontecesse era preciso que essa comunidade desempenhasse um papel por vezes até invisível, de lutar pela integridade da herança e legado, onde as vezes até o passado parece incerto, graças a essa busca ao passado, à tradição, que pode-se hoje revelar as surpresas de um país europeu, contemporâneo e antenado. “Não há modernidade portuguesa sem tradição”, disse aproveitando o momento para saudar os ranchos folclóricos ali representados pelas porta bandeiras presentes.
Conforme o Cônsul, o grande desafio agora, para a comunidade portuguesa é de saber interpretar esse novo ciclo e criar novas condições que permitam garantir sua longevidade e capacidade de resposta na sociedade onde está integrada. Aproveitar a hospitalidade [da Alesp], e até criar um “Grupo de Amizade” que possa ir ao encontro dessa nova dinâmica de relacionamento entre São Paulo e Portugal.
Outra sugestão do diplomata é para usar o projeto de criação da Escola Portuguesa de São Paulo (agradecendo ao empenho do Governo do Estado), como um novo dínamo agregador e mobilizador para esta comunidade.
Ao final do discurso, Paulo Lourenço aproveitou para falar mais sobre a programação do “Experimenta Portugal 2018” que está na quarta edição com vasta programação, para três meses de eventos, os quais podem ser vistos no portal do Mundo Lusíada.
Paulo Lourenço ainda agradeceu à casa [Alesp] pelo acolhimento obtido durante sua estada em São Paulo, especialmente pelo relacionamento institucional tanto com o Consulado quanto com a República Portuguesa. Pedindo que se mantenha a representação política na altura da sua história, para a comunidade portuguesa, “a qual, certamente, saberá retribuir e honrar”.
Antes ainda do início das homenagens teve uma breve apresentação da fadista Glória de Lourdes, que cantou algumas canções acompanhada pelos músicos Alexandre Matis e Marcos Sabo.
Neste ano o Conselho da Comunidade indicou, procedeu e entregou homenagens para as seguintes personalidades: João Aderito da Silva Amaral, João Victor dos Santos Pereira, José Manuel Araújo da Silva, Julio Luíz Marques, Ramiro Alves da Rocha Cruz e Salvador Gonçalves Lopes.
Em agradecimento, Ramiro Cruz falou em nome dos homenageados, enalteceu o legado deixado pelos emigrantes, especialmente para os familiares, filhos e netos, alguns deles presentes esta noite.
A solenidade da Alesp em homenagem ao Dia de Portugal foi encerrada com o deputado e presidente da mesa, Fernando Capez, que fez questão de elogiar os portugueses, especialmente os que moram no Brasil, como trabalhadores honestos que são, e enalteceu sua ligação com esta comunidade desde a década dos anos setenta. Capez ainda fez referências a processos junto ao Ministério Público paulista, dizendo que, como presidente [março de 2015 a março de 2017] pôde comandar um orçamento de R$ 1,2bi havendo renegociado contratos e promoveu cortes de mais de R$ 80 milhões nesses contratos, completando que: “quando esta casa funcionou aprovando 81 projetos do poder executivo sem a política do ‘toma lá dá cá’ – ‘aprovo se me der emenda parlamentar’ – isso aqui nunca teve, sempre procuramos pautar e elevar o nome do poder legislativo, talvez tenha sido este meu grande pecado”, disse.
O ex-presidente da Alesp se referiu ao processo do procurador-geral de Justiça de São Paulo, Gianpaolo Smanio, que o denunciou ao Tribunal de Justiça, tanto o deputado Fernando Capez (PSDB), ex-presidente da Assembleia Legislativa, como mais oito investigados no âmbito da “Operação Alba Branca”, deflagrada em janeiro de 2016 contra desvios no fornecimento de merenda escolar. Ao parlamentar, o mandatário do Ministério Público paulista atribui crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
A sessão presidida por Capez foi encerrada dando início a um coquetel de confraternização realizado nas dependências da Alesp.