Com nova greve dos enfermeiros, presidente português faz apelo sobre custo social

Protesto enfermeiros, 2018. Foto Lusa

Da redação
Com Lusa

O Presidente português fez nesta sexta-feira um apelo genérico a que se pese o custo social das paralisações, sobretudo quando são muito longas, depois de questionado sobre a nova greve dos enfermeiros.

À saída da apresentação de um livro no Palácio Foz, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa falou “genericamente” para quem exerce “o seu legítimo direito de greve”, considerando que “devem pensar, sobretudo quando se trata de processos muito longos no tempo, a vantagem que retiram do ponto de vista da defesa dos seus direitos e a desvantagem que se traduz na reação dos portugueses que são mais diretamente atingidos nesses processos”.

“Devem permanentemente ter presente essa balança, esse equilíbrio, que tem dois pratos: um prato é o exercício legítimo do direito à greve, o outro é o custo social sofrido por, nalguns casos, muitos milhares de portugueses. Isso penso que deve ser ponderado permanentemente por quem exerce um direito desses”, reforçou.

Antes, a comunicação social perguntou ao chefe de Estado se concorda com o primeiro-ministro, António Costa, que classificou de “greves selvagens” e “absolutamente ilegais” as paralisações dos enfermeiros nos blocos cirúrgicos de sete centros hospitalares que começaram na quinta-feira e estão convocadas até 28 de fevereiro.

“Nunca me pronuncio sobre greves específicas, ou sobre movimentos específicos ou processos sociais específicos e, portanto, não vou comentar”, respondeu Marcelo Rebelo de Sousa.

Interrogado sobre a possibilidade de o Governo recorrer à justiça para esclarecer se o ‘crowdfunding’ que suporta estas paralisações é legal ou de vir a recorrer à requisição civil, o Presidente da República recusou novamente “comentar um processo concreto”.

No Porto

No Porto, a greve dos enfermeiros nos blocos cirúrgicos obrigou ao adiamento de pelo menos 261 cirurgias marcadas para o período da manhã neste primeiro dia de greve em cinco hospitais da região Norte.

De acordo com a Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE), no Hospital de Braga, foram canceladas 36 cirurgias, já no Centro Hospital do Porto a greve obrigou ao adiamento de 54 cirurgias.

Já no Centro Hospitalar Gaia/Espinho, foram adiadas 52 cirurgias, um número bastante superior ao registrado no Centro Hospitalar de entre Douro e Vouga onde foram canceladas 23 cirurgias.

O Centro Hospitalar São João foi a unidade de saúde onde, de acordo com os dados provisórios da ASPE, o impacto da greve dos enfermeiros nos blocos cirúrgicos foi maior, só durante o período da manhã, foram canceladas 96 cirurgias.

A greve dos enfermeiros em blocos operatórios de sete hospitais públicos foi convocada pela Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE) e o Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor). A greve abrange sete centros hospitalares: São João e Centro Hospitalar do Porto, Centro de Entre Douro e Vouga, Gaia/Espinho, Tondela/Viseu, Braga e Garcia de Orta.

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