Da Redação com Lusa
A União Europeia, América Latina e Caraíbas preparam uma cimeira para o segundo semestre de 2023, segundo informou o ministro dos Negócios Estrangeiros português, João Gomes Cravinho, que participa na reunião dos chefes da diplomacia dos dois blocos.
O ministro sublinhou, em declarações à agência Lusa, a “vontade generalizada de uma aproximação birregional e a consciência de que é uma aproximação que se impõe, para bem das populações das regiões, da Europa, América Latina e Caraíbas, nas circunstâncias em que não há certezas e, pelo contrário, há eclosão de violência internacional”.
Essa vontade, percebida na reunião ministerial dos mais de 50 países que integram a UE e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), que decorreu esta quinta-feira em Buenos Aires, “é a base que permite, projetar para 2023 uma cimeira entre União Europeia, América Latina e Caraíbas, no segundo semestre, durante a presidência espanhola”, referiu Gomes Cravinho.
A reunião permitiu “identificar claramente várias áreas em que podemos trabalhar mais juntos”, referiu o ministro, realçando a transição verde e o combate às alterações climáticas, defender em conjunto o sistema multilateral e a transição digital”, área onde “há condições para criar mecanismos conjuntos para evitar a fragmentação e utilização da internet para efeitos de divisão e polarização das sociedades”.
O chefe da diplomacia portuguesa destacou também que num bloco internacional muito significativo, mais de 90% dos países “foram muito firmes na sua condenação da Rússia”, pela invasão e guerra na Ucrânia.
“Isto representa um grande compromisso em relação ao direito internacional, em relação à defesa dos direitos humanos e em relação ao Estado de direito no quadro internacional”, apesar de existir um muito pequeno numero de países com posição mais próxima da Rússia.
Brasil
No encontro dos chefes de diplomacia dos dois blocos, o primeiro desde 2018, não está o Brasil, país chave na discussão das questões ambientais e do acordo Mercosul-UE, que abandonou a CELAC em 2020 por decisão do Governo de Jair Bolsonaro, candidato a reeleição a Presidente nas eleições de domingo.
“A ausência do Brasil é algo que penso que todos sentem como penalizadora para nós e para o próprio Brasil”, e na sua ausência “não se fala do Brasil aqui”, referiu Gomes Cravinho.
“A nossa expectativa é que o Brasil regresse a breve prazo à CELAC para poder ser parte deste diálogo bi-regional”, declarou o chefe da diplomacia portuguesa, recordando que esse país representa quase 40% do comércio da União Europeia com a América Latina.
A recuperação pós pandemia e os fluxos migratórios foram também temas da reunião ministerial, tendo João Gomes Cravinho defendido que a “União Europeia tem obrigação de saber apoiar os parceiros da América Latina e das Caraíbas” nestas questões.