Da Redação
Com EBC
O Ministério da Saúde publicou portaria nessa sexta-feira (20) decretando o estado de transmissão comunitária do novo coronavírus (Covid-19) em todo o Brasil. Com isso, as orientações para locais nessa modalidade de forma de disseminação do vírus passam a valer em todo o país.
O Ministério da Saúde do Brasil contou onze mortes até sexta-feira, nove delas em São Paulo, o estado mais populoso e afetado pela doença, e duas no Rio de Janeiro confirmados com coronavírus. Mas nesta manhã o Rio confirmou mais uma morte, a terceira no estado, e São Paulo contabilizou 15 mortes, somando ao todo no Brasil 15 vítimas mortais da doença e mil casos confirmados.
A transmissão comunitária é uma modalidade de circulação na qual as autoridades de saúde não conseguem mais rastrear o primeiro paciente que originou as cadeias de infecção, ou quando esta já envolve mais de cinco gerações de pessoas.
Ela difere dos casos importados (quando uma pessoa adquire o vírus em viagens ao exterior) e da transmissão local (quando alguém é contaminado por contato com alguém infectado em outro país). As situações de transmissão comunitária significam que o vírus está mais disseminado, demandando cuidados mais efetivos.
Essa classificação era atribuída pelo Ministério da Saúde a São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Porto Alegre, Belo Horizonte e a região Sul de Santa Catarina.
Quando há transmissão comunitária, agora em todo o país, a orientação é de isolamento por duas semanas de pessoas com sintomas e das que moram no mesmo espaço de quem apresentou sinais da infecção. Isso implica ficar definitivamente em casa e evitar a todo custo não apenas aglomerações, como a circulação fora de casa.
Sintomas do novo coronavírus
De acordo com a portaria, são considerados sintomas do novo coronavírus “tosse seca, dor de garanta ou dificuldade respiratória, acompanhada ou não de febre, desde que seja confirmado por atestado médico”.
Além dos sintomas, o isolamento também depende de prescrição médica, razão pela qual pessoas com sintomas devem procurar um médico para verificar o estado de saúde e confirmar a orientação.
Atestado médico
O atestado ofertado pelo médico para a pessoa que apresentar esses sinais será estendido também aos familiares ou outros que residem com ela. Para isso, o paciente deve informar o nome completo dos demais parentes ou moradores da casa. Se esses coabitantes vierem a apresentar sintomas, poderão solicitar um novo atestado médico, dentro do prazo previsto de 14 dias.
O atestado faz-se necessário para justificar o afastamento do trabalho, evitando, assim, qualquer sanção caso o empregador mantenha as atividades.
#coronavírus | Pessoas com sintomas gripais leves, como tosse, devem ficar em isolamento domiciliar. Você sabe o que é isso? Confira pic.twitter.com/PfNEMuhTEg
— Ministério da Saúde (@minsaude) March 21, 2020
Idosos
Já os idosos acima de 60 anos devem “observar o distanciamento social, restringindo seus deslocamentos para realização de atividades estritamente necessárias, evitando transporte coletivo, viagens e eventos esportivos, artísticos, culturais, científicos, comerciais e religiosos e outros com concentração próxima de pessoas”.
Apoio à China
Um grupo de nove governadores estaduais no nordeste brasileiro pediu apoio à China no combate à pandemia. O grupo pediu ao embaixador chinês no Brasil, Yang Wanming, o envio de “material médico, consumíveis e equipamentos que possam ajudar na luta contra o flagelo” do surto da Covid-19.
Segundo a carta enviada ao embaixador, “a China acaba de enfrentar um problema semelhante do qual saiu vitoriosa”.
E o Brasil, segundo analistas, tem um déficit de camas hospitalares de ventiladores para atender os pacientes internados.
“Reafirmamos nossa admiração pela forma como o povo chinês enfrentou a epidemia e pela imensa amizade que une nossos povos”, acrescentou a carta assinada pelo líder do grupo, o governador do estado da Bahia, Rui Costa.
O pedido chega dois dias depois de uma crise diplomática entre Brasil e China causada por declarações de um dos filhos do Presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro, que acusou a China de ter gerado a pandemia.
Segundo o filho do presidente, que serviu como conselheiro em assuntos internacionais e foi até proposto como embaixador do Brasil em Washington, a “ditadura” chinesa “preferiu esconder algo sério do que expô-lo, temendo que se desgastasse, mesmo que isso salvasse inúmeras vidas”.
O deputado comparou o tratamento dado pela China à pandemia, que teve os primeiros na cidade de Wuhan, com o desastre nuclear de Chernobyl, ocorrido em 1986 na Ucrânia.
Ao tomar conhecimento da publicação, o embaixador chinês também expressou nas redes sociais o “repúdio” e a “indignação” da China em relação a estas acusações, exigindo um pedido de desculpas.
A China é o principal parceiro comercial do Brasil e é o destino de milhões de toneladas de soja, um dos pilares do setor agroindustrial do país.