Clube Português de São Paulo comemora 100 anos de sua fundação

Fundado em 14 de julho de 1920, o Clube Português de São Paulo agora é mais uma entidade centenária, são 100 anos de história, de muito glamour, muitas realizações e de uma época que não volta mais. Com a entidade fechada, a data foi comemorada por um grupo de amigos, num almoço em local não divulgado na terça feira (14) em São Paulo.

No encontro o atual presidente Sr. Assis Augusto Pires esteve junto ao ex-presidente Dr. Rui Fernão Mota e Costa, que é ligado à entidade por mais de 50 anos tendo integrado todas as diretorias nessas décadas, sendo ele um dos saudosos da boa época dos bailes, porque foi quando conheceu sua esposa Dona Linda, com quem se casou, formou família e hoje trazem as lembranças de suas histórias vividas nesta que foi uma das melhores casas de São Paulo e ainda hoje um dos maiores patrimônios.

Assim como a maioria das associações luso brasileiras, a atual situação do Clube Português não é boa, sem eventos, sem alugar seus espaços, sem festas e sem receitas, segue com suas portas fechadas em plena pandemia e sem perspectivas para normalidade ainda em 2020, os atuais dirigentes tentam nesta altura do ano, chegar a um consenso para poderem tomar alguma decisão que seja a melhor possível para o futuro da instituição.

Em uma recente entrevista, Dr. Rui Fernão Mota e Costa disse que o Clube Português é o que somou ao longo de sua história, que é muito rica e que precisa ser recordada sempre. Foram muitas personalidades importantes que visitaram a entidade, artistas, políticos brasileiros e portugueses, “como foram muitos os nomes dos que contribuíram para o desenvolvimento do clube, seria difícil enumerar todos, mas alguns merecem ser citados, como o arquiteto Ricardo Severo e o primeiro presidente comendador Antônio Pereira Inácio, mas foram muitos ao longo da história”, disse.

O Clube Português se orgulha de alguns feitos durante esses 100 anos. Um deles com certeza, foi a mudança para a sede da Rua Turiassú.

Em 16 de fevereiro de 1967 aconteceu a inauguração com uma grande festa envolvendo grandes personalidades da comunidade luso-brasileira, bailes marcantes aconteciam no clube que foi conhecido como o “clube casamenteiro” da cidade devido ao grande número de casais que se conheceram nos eventos ali realizados.

Constituída oficialmente em 1929, a Biblioteca Portuguesa do Clube Português de São Paulo possui um significativo acervo – são mais de 15 mil volumes formado por livros e periódicos raros e especiais, mapas, multimeios e material sobre a memória da instituição (iconografia, recortes de periódicos etc).

Mantém uma relevante coleção de títulos da Literatura Portuguesa e Brasileira. Preservação e acesso são as palavras-chaves que orientam a missão da Biblioteca Portuguesa e se refletem nas ações realizadas para divulgar seu acervo a todos os pesquisadores.

Tem como patrono o arquiteto e promotor cultural Ricardo Severo, um dos seus idealizadores. Tendo algumas relíquias e algumas referências históricas guardadas a sete chaves, como um exemplar do ano de 1572 da obra “Os Lusíadas” de Luís de Camões, além de coleções dos escritores Camilo Castelo Branco, Eça de Queirós, Guerra Junqueiro, Fernando Pessoa e Machado de Assis.

HISTÓRIA

No ano de 1920, foi fundado o “Clube Português de São Paulo”, por obra meritória de diversos portugueses e brasileiros. A ideia e o ideal era conservar e transmitir a maravilhosa cultura portuguesa como o folclore português, a expressiva biblioteca com os mestres lusitanos e isso foi conseguido com a fundação deste clube, onde centenas e milhares de portugueses e brasileiros se associaram ao longo dos anos.

A primeira “sede” do clube foi na Av. São João, esquina do Vale do Anhangabaú em um prédio com vários andares, onde havia a biblioteca, salão de jogos, salão de bilhar, de esgrima, pingue-pongue, ginástica e um grandioso salão de festas, onde aconteciam os bailes mensais e os bailes semanais. Local onde muitos casais se conheceram, se casaram e se mantiveram inseridos com filhos e netos.

Em 40 anos, tornou-se um dos maiores clubes sociais da capital paulista, sendo que, nos 40 anos (até 1960), permaneceu nas dependências deste imóvel, o qual, porém, havia sido doado por este período ao Clube por um cidadão português, de nome “J.Moreira” proprietário da empresa “J.Moreira Tecidos”. E o termino da doação se deu no dia 31 de dezembro de 1960.

Ao completar esses 40 anos, conforme o combinado, o imóvel deveria ser repassado para a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, o que aconteceu dentro do prazo estipulado: até 31 de Janeiro de 1961.

Em reunião da diretoria, no começo de Janeiro de 1961, ficou resolvido que o Clube Português, dono de um terreno na Av. da Liberdade, venderia o mesmo e compraria uma casa para poder voltar com suas atividades, o que foi feito com a aquisição de uma casa no bairro das Perdizes, na Rua Turiassú, onde o clube voltou a funcionar, com portaria e escritório, uma sala de jogos, carteado e uma biblioteca, sendo que, o prédio tinha ao lado anexo um terreno.

Nesta altura um outro cidadão português, dono da “Loja da China” na Rua São Bento (Izidro Pedro dos Santos Costa), comprou outra casa no mesmo quarteirão do clube e doou o imóvel ao clube e da mesma forma fazendo o novo prédio que passou a ser então a sede do Clube Português de São Paulo.

Neste período, o Clube Português lançou os títulos sociais (familiar e individual), após vender o prédio adquirido em 1961, e muitos cidadãos portugueses e brasileiros passaram a frequentar o clube, consequentemente as domingueiras infantis, os bailes noturnos e demais eventos daquela entidade que era um verdadeiro luxo dentre a sociedade paulistana.

Depois, lá pelo inicio do século 21, o clube teve problemas internos e praticamente parou de promover os famosos bailes, as apresentações folclóricas que tanto glamour traziam aos associados e aos membros da comunidade portuguesa, aos descendentes lusitanos e aos brasileiros, e este passado ficou na memória de centenas de frequentadores.