Da Redação
Ao contrário do que se possa imaginar, a pandemia e o dólar alto não são obstáculos para quem quer investir no exterior. Os únicos empecilhos têm sido as fronteiras fechadas, que serão reabertas em breve, e a suspensão temporária da emissão de alguns vistos de trabalho.
Mesmo diante da crise, a América continua sendo a maior economia do mundo, vista com bons olhos pelos profissionais que almejam estabilidade nos negócios e melhores condições de vida. A Covid-19 fez com que o mundo todo estacionasse, mas a recuperação financeira dos EUA está um passo à frente: o país abriu 4,8 milhões de vagas de emprego em junho, segundo informações divulgadas no relatório mensal do Departamento do Trabalho.
Para ajudar as pessoas que querem sair do país a se organizarem, Vinícius Bicalho, mestre em direito no Brasil e nos Estados Unidos e CEO da Bicalho Consultoria Legal, empresa especializada em imigração e internacionalização de negócios, elaborou uma lista com os cinco principais erros cometidos por brasileiro na hora de sair do país.
Aproveite a quarentena para fazer um bom planejamento e definir o visto que melhor se encaixa nos seus objetivos.
Não pensar na questão imigratória:
De acordo com Bicalho, os brasileiros não se planejam para sair do país, esquecendo de pensar na questão imigratória com antecedência, podendo ter problemas, por exemplo, com os vistos necessários para residir, estudar ou trabalhar fora.
“Na prática, o brasileiro estabelece para onde quer ir, mas não vai atrás da documentação. Muitas vezes os brasileiros chegam nos Estados Unidos como estudantes, mas precisam trabalhar. E é somente nesse momento que se dão conta que estão com vistos de estudantes”, explica.
Nos EUA trabalhar como estudante é ilegal e o cidadão não consegue se regularizar dentro do país. Ou seja, é preciso extrema atenção na hora de escolher o visto americano que melhor se encaixa dentro dos seus planos.
Falta de organização com os impostos:
Pessoas que continuarão a ter renda e patrimônio no Brasil devem se planejar para que não haja incidência de impostos desnecessários, uma vez que existem tratamentos diferentes para quando se é residente permanente ou outras modalidades. Para o advogado, é importante que os cidadãos se planejem para não pagar impostos desnecessários nos dois países.
“O Brasil tem como preceito o indivíduo recolher a renda mundial e os Estados Unidos também têm isso. É necessário o cidadão fazer as compensações dos impostos e estruturas patrimoniais para que não haja duplicidade”, conta.
Não entender como funciona a sua profissão fora do Brasil:
Brasileiros que querem exercer carreira no exterior precisam entender que fora do Brasil existem regras para executá-las. Nos Estados Unidos a situação ainda é mais delicada, uma vez que cada estado tem a sua própria regulamentação.
“Normalmente as pessoas precisam revalidar o diploma, ter licença para atuar nos Estados Unidos ou ainda fazer novos cursos para exercer carreira no país. Oriento que procurem o Conselho de Classe do estado onde pretende atuar para entender quais são as exigências locais.Profissionais de Direito, Medicina e Engenharia, por exemplo, precisam estudar novas matérias para obterem licença para trabalhar”, diz Bicalho.
Não conhecer o mercado de trabalho e as suas regras:
Bicalho explica que nos Estados Unidos os tipos de empresas, as regras tributárias e trabalhistas e as relações com os consumidores e fornecedores são bem diferentes do que temos no Brasil. Por essa razão, é importante conhecer muito bem o mercado de trabalho local e as suas normas.
“O Brasil e os Estados Unidos têm questões legais e culturais bem distintas. Enquanto no Brasil temos o famoso “jeitinho brasileiro” para resolver os problemas, nos Estados Unidos o comprometimento com a verdade é coisa séria. Indico que aqueles que querem internacionalizar os negócios ou abrir uma nova marca tenham o suporte de uma assessoria, que certamente fará pesquisas in loco, minimizando problemas futuros”.
Falta de planejamento financeiro:
O advogado comenta, ainda, que muitas vezes os brasileiros vão para os Estados Unidos com uma expectativa das coisas acontecerem muito rápido. No entanto, é preciso que os imigrantes se planejem financeiramente para ficar no país, uma vez que todos os profissionais e negócios precisam de tempo de maturação para encontrar o tão desejado ponto de equilíbrio.
“Apesar dos Estados Unidos ser o maior mercado consumidor do mundo, não é o “Reino das Fantasias”. A nossa taxa de desemprego é a menor dos últimos anos, mas todo profissional ou empresa precisa de um tempo para se estabelecer no mercado americano”, finaliza.