Cidades portuguesas cancelam festejos de Carnaval diante da pandemia

Crianças participam no tradicional corso escolar do Carnaval de Torres Vedras, Portugal, 01 de março de 2019. Oito mil alunos das escolas de Torres Vedras desfilaram fantasiados, inspirando-se em tudo o que é tipicamente português, o tema deste Carnaval, que promete a partir de hoje cinco dias de folia na cidade e 400 mil visitantes. MIGUEL A. LOPES/LUSA

Mundo Lusíada
Com Lusa

Diversas cidades portuguesas já anunciaram o cancelamentos dos festejos que estavam programados para o Carnaval deste ano, diante do aumento de casos de Covid-19 no país.

No distrito de Lisboa, os desfiles e festejos do Carnaval de Torres Vedras deste ano foram cancelados pelo segundo ano consecutivo devido à pandemia, anunciou a Câmara e a empresa municipal Promotores, os organizadores do evento.

“Em 2021, esta celebração foi cancelada a bem da saúde de todos. Em 2022, a realidade é diferente, é certo, mas continua a ser inviável, no contexto pandêmico em que vivemos, realizar a festa na rua, com a proximidade e espontaneidade que é um traço de identidade do ‘Carnaval mais português de Portugal’, referem em comunicado o município de Torres Vedras e a empresa municipal Promotores, que “decidiram não organizar desfiles e festejos do Carnaval”.

O Carnaval de Torres Vedras, que remonta a 1930, também não se realizou em 1984 devido às cheias ocorridas meses antes na cidade, o que voltou a acontecer em 2021 devido à pandemia de covid-19.

Por edição, o Carnaval de Torres Vedras recebe cerca de meio milhão de visitantes durante os seis dias do evento e gera receitas de 10 milhões de euros na economia local.

Em Aveiro, a Câmara Municipal de Ovar, escolas de samba e grupos carnavalescos do município decidiram não realizar os tradicionais desfiles do Entrudo que estavam previstos para este ano.

A decisão foi tomada após reuniões entre as 24 associações envolvidas no Carnaval de Ovar, forças de segurança locais, autoridades de Saúde Pública e representantes da Proteção Civil.

“A opinião de não realização dos desfiles foi unânime, atendendo ao atual contexto pandêmico e às medidas em vigor, que obrigariam a uma organização complexa e a requerer uma logística quase impossível de colocar em prática”, anuncia fonte do município.

Alguns grupos e escolas mostravam-se “preparados para sair à rua”, mas a autarquia informa que “a larga maioria” foi da opinião de que os corsos não deveriam realizar-se.

O presidente da Câmara de Ovar, Salvador Malheiro, pretende, mesmo assim, promover outras atividades que assinalem a data em causa, anunciando “a pintura de máscaras gigantes” e “uma programação cultural controlada”, que ainda está por definir, mas cuja realização se verificará nos equipamentos municipais, “cumprindo as regras vigentes”.

Também em Aveiro, a organização do Carnaval de Estarreja anunciou que não vai realizar este ano os desfiles carnavalescos.

A organização, que envolve a Câmara Municipal de Estarreja, a Associação do Carnaval de Estarreja (ACE) e 11 grupos desfilantes, sendo sete grupos de folia e quatro escolas de samba, emitiu um comunicado dando conta de que “entende que não estão reunidas as condições para a realização dos desfiles carnavalescos de 2022”.

Em outubro, a organização, face aos indicadores da pandemia na altura, havia decidido avançar com os trabalhos preparatórios dos festejos.

“Com o crescimento do número de casos de infecção por COVID-19, as circunstâncias alteraram-se de forma significativa provocando dificuldades aos grupos e à autarquia, que desta forma assumem uma decisão que consideram ser a mais sensata e adequada ao momento que estamos a viver, protegendo em primeiro lugar a saúde pública”, justifica o comunicado.

Segundo a vereadora da Cultura da Câmara de Estarreja, Isabel Simões Pinto, “Estarreja não passará a efeméride sem assinalar o Carnaval, estando a preparar uma programação alternativa para os dias habitualmente mais fortes dos festejos”.

Em Viana do Castelo, o vice-presidente da Folia, associação que organiza o Carnaval de Arcos de Valdevez, anunciou o cancelamento de todos os festejos previstos para decorrerem entre 26 de fevereiro e 02 de março.

Em declarações à agência Lusa, Rui Aguiam explicou que a decisão foi tomada “em concordância” com a Câmara Municipal face “às novas medidas de controlo e mitigação da pandemia de covid-19 definidas pelo Governo e à declaração do estado de calamidade, em vigor até 20 de março”.

O vice-presidente da associação Folia, que reparte com a Câmara local a responsabilidade da organização, explicou que foi decidido “não organizar qualquer evento, no Carnaval 2022, que inclui bailes de rua e o desfile carnavalesco, por não estarem reunidas as condições de segurança, em termos de saúde pública”.

Conhecido como o “maior do Norte de Portugal, o Carnaval de Arcos de Valdevez atraia, até 2020, último ano em que se realizou nas ruas daquela vila do distrito de Viana do Castelo, “milhares de foliões”.

Também nos Açores, a programação do Coliseu Micaelense para os meses de janeiro e fevereiro foi cancelada devido ao “aumento de casos diários de covid-19” informou a autarquia. Em causa estão espetáculos, concertos e os Grandes Bailes de Carnaval 2022, esclarece a Câmara.

“Oportunamente e na medida do possível, em articulação com os artistas e promotores, os espetáculos e atividades previstas para este período serão reagendados para data futura”, acrescenta.

Os Açores registraram na terça-feira 868 novos casos de covid-19, um novo máximo diário desde o início da pandemia, com o total de novas infecções só na ilha de São Miguel (602) a aproximar-se do anterior recorde do arquipélago (605).

No início do ano, também as festividades de Carnaval na Madeira, programadas para decorrer entre os dias 26 de fevereiro e 02 de março, foram canceladas devido à evolução da situação pandêmica na região.

Em Portugal, desde março de 2020, morreram 19.413 pessoas e foram contabilizados 2.003.169 casos de infecção, segundo a última atualização da Direção-Geral da Saúde.

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