A China reiterou na quinta-feira, 06 de dezembeo, a recusa de metas quantitativas de redução das emissões de gases causadores do efeito estufa.
"Não devemos abandonar o princípio das responsabilidades comuns, mas diferenciadas", disse o porta-voz do Ministério chinês das Relações Exteriores, Qin Gang, acrescentando que "os membros da comunidade internacional devem combater as alterações climáticas com base nos seus níveis de desenvolvimento".
Representantes de 180 países discutem durante duas semanas, em Bali, na 13ª Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudança Climática (UNFCCC, na sigla em inglês), um mecanismo de controle das emissões de gases causadores do efeito estufa para entrar em vigor após fim da vigência do Protocolo de Kyoto, em 2012.
A China e outros grandes países em vias de desenvolvimento, como a Índia, enfrentam em Bali a pressão, sobretudo da União Européia, para aceitarem metas quantitativas obrigatórias de redução das emissões de gases do efeito estufa.
Protegidas do Protocolo de Kyoto por serem países em vias de desenvolvimento, China e Índia não têm metas obrigatórias de redução – situação que a comunidade internacional gostaria de alterar porque o crescimento econômico chinês e indiano está entre as maiores causas do aumento global de emissões.
Pequim recusa metas obrigatórias e argumenta que, em termos históricos, os países industrializados são os responsáveis pela maior parte das emissões desses gases para a atmosfera, desde a revolução industrial, no século 19.
O segundo argumento chinês contra as metas quantitativas para países em vias de desenvolvimento se refere às emissões per capita.
Apesar de, em termos absolutos, a China já ter ultrapassado os Estados Unidos como maior emissor mundial de gases causadores do efeito estufa, as emissões chinesas per capita são ainda pequenas na comparação com os países desenvolvidos.
Pequim afirma que a diferença prova que a imposição de metas quantitativas tornará mais difícil o desenvolvimento econômico chinês e a conseqüente retirada de milhões de pessoas da pobreza.
No entanto, a China reconhece o papel das Nações Unidas e do protocolo de Kyoto na busca de uma solução comum para o combate às alterações climáticas, disse Qin Gang.
Al Gore O ex-vice-presidente americano Al Gore, pediu aos Estados Unidos e a China que assumam responsabilidades para com o planeta.
Na segunda, 10 de dezembro, ele recebeu o Prêmio Nobel da Paz juntamente com especialistas em mudanças climáticas, e durante seu agradecimento acusou os EUA e a China de serem os maiores emissores do efeito estufa.
Segundo ele, é preciso uma mobilização universal para a atual ameaça ecológica no planeta. Para Al Gore, ambos países "devem deixar de utilizar o comportamento do outro como desculpa para o bloqueio, e em troca desenvolver uma agenda para sobrevivência mútua".