Chega liga comunidade cigana à criminalidade, Primeiro-ministro recusa olhar crime por etnia

Da Redação com Lusa

 

Nesta quinta-feira, o presidente do Chega associou a comunidade cigana ao aumento da criminalidade violenta, mas o primeiro-ministro recusou-se a olhar para o crime por grupo ético, embora se manifeste preocupado com o crescente sentimento de insegurança.

No primeiro debate quinzenal parlamentar após as férias do verão, André Ventura pegou no triplo homicídio ocorrido na quarta-feira, na Penha de França, em Lisboa, para culpar o Governo “por nada fazer” contra o crime e por a comunidade cigana “continuar impune”.

“Queria lamentar profundamente que a comunidade cigana continue a ter impunidade em Portugal. É um caso atrás de outro, enquanto o país adormece e vira para o lado, sem perceber que há um problema real que tem de ser resolvido”, declarou.

Para o presidente do Chega, impõe-se “mão dura contra a criminalidade”.

“O que pensa o Governo mesmo fazer para garantir que as nossas ruas não se viram um \’far-west\’ desnecessário, com crimes à luz do dia, com sangue a escorrer pelas nossas ruas? É hora de ser duro com o crime – e é isso que esperamos que este Governo faça”, completou.

A seguir, o líder do Chega argumentou que a criminalidade violenta está a crescer em Portugal na ordem dos 5,6%, o que levou depois Luís Montenegro a esclarecer que, nesse ponto específico, a preocupação do Governo é comum.

No entanto, o líder do executivo demarcou-se de Ventura apontando que a diferença é que o Governo “não olha para quem comete crimes por comunidade ou grupo étnico”.

“Não queremos impunidade para ninguém”, contrapôs.

Luís Montenegro assumiu que é preciso combater e reprimir o crime, com mais policiamento, mais investigação e “com a mão que os tribunais puderem afirmar, porque aí a independência dos tribunais é um valor supremo na democracia”.

“Quando o senhor deputado diz que é preciso ter a mão pesada, é um apelo a que os tribunais decidam, mas os tribunais têm de decidir em cada caso concreto com o processo que tenham pela frente”, advertiu o primeiro-ministro.

Na parte final do debate entre ambos, André Ventura defendeu que “quem comete crimes tem uma saída, a porta da rua”, e que Portugal está a conhecer “uma vaga migratória como nunca teve na História”.

Neste ponto, o primeiro-ministro contrapôs que se assistiu a diminuição dos pedidos de residência em Portugal desde que o seu Governo acabou com o regime da manifestação de interesse.

“Temos uma equipa, uma estrutura de missão que está a resolver 400 mil pendências, Isto não significa legalizar 400 mil imigrantes, significa resolver 400 mil pendências, identificando quem são as pessoas e se reúnem as condições para ficar em Portugal”, declarou.

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