Chanceleres defendem acordo de associação UE-Mercosul

OCDE prevê recessão na AL pela primeira vez em 25 anos.

Mundo Lusíada Com Lusa

 

Os ministros das Relações Exteriores de Portugal, Espanha e dos países do Mercosul manifestaram "alto interesse político" em um rápido reinício das negociações para um acordo de associação União Europeia-Mercosul, segundo um comunicado. O texto foi divulgado, dia 30, depois de uma reunião informal, realizada paralelamente à cúpula ibero-americana, de ministros dos quatro países membros do Mercosul, entre eles o chanceler Celso Amorim, e dos chefes das diplomacias de Portugal, Luís Amado, e da Espanha, Miguel Ángel Moratinos.

"Da mesma forma, foi ratificada a vontade de alcançar um acordo equilibrado e ambicioso entre a UE e o Mercosul", traz o comunicado.

A União Europeia negocia há quase dez anos um acordo de livre-comércio com o bloco sul-americano, integrado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. A Espanha, que assume a presidência semestral da UE a partir de 1º de janeiro, quer aproveitar a cúpula UE-America Latina, prevista para maio, para dar um impulso a estas negociações.

O acordo é considerado "um objetivo estratégico" do bloco europeu e visa aprofundar as relações econômicas e comerciais entre as duas regiões.

Paralelamente à cúpula, Luís Amado manteve também encontros bilaterais com seus colegas de Panamá, Equador e Uruguai, com os quais assinou, respectivamente, um acordo de supressão de vistos nos passaportes diplomáticos, um convênio de proteção recíproca de investimentos e um memorando fiscal. Amado se reuniu também com o chefe da diplomacia de El Salvador, Hugo Martinez. O país acaba de deixar a Presidência da Cúpula Ibero-americana.

Recessão na AL pela primeira vez em 25 anos Paralelo ao comunicado, foi divulgano na mesta segunda-feira, dia 30, que a América Latina vai sofrer este ano a primeira recessão em 25 anos, de 3,6%, mas a retomada do crescimento na região deverá ser mais rápida do que nos países desenvolvidos.

A afirmação é da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), em relatório apresentado durante a 19ª Cúpula Ibero-americana, no Etoril, em Portugal. "Já é visível que a América Latina está a se recuperar do choque mais rapidamente do que a maioria das economias desenvolvidas", afirmou o relatório Perspectivas Econômicas da América Latina. "Mais importante, está conseguindo isso sem comprometer o seu significativo progresso rumo às suas metas de desenvolvimento de longo prazo".

Segundo o estudo, imediatamente após a primeira contração inequívoca do PIB (Produto Interno Bruto) em 25 anos, com queda considerável do comércio e do investimento externos e um surto de desemprego, as perspectivas econômicas da região para 2010 já são positivas.

A maioria dos países latino-americanos deverá sofrer, este ano, uma contração que ficará entre 1% e 2%, e alguns terão mesmo um crescimento positivo (Peru, Panamá e Uruguai). No caso do Brasil, as mais recentes previsões da OCDE apontam para uma variação nula do PIB este ano e de 4,8% em 2010.

Entre 2004 e 2008, os países da região tiveram taxas de crescimento médio superiores a 5% ao ano.

Outra lição da crise, disse a OCDE, é que os países que abriram seus mercados à concorrência internacional durante a última década "não demonstraram ser os mais vulneráveis à retração econômica global".

O relatório deste ano aborda ainda os investimentos e padrões recentes de migração nos países do continente e sugere políticas para "maximizar a contribuição que a migração e as remessas podem dar para melhorar o bem-estar de tantos latino-americanos".

Com mais de 20 milhões de latino-americanos vivendo fora do seu país natal – quase 5% do total da população da região -, o efeito da crise global "será dos maiores para as economias latino-americanas", afirmou o secretário-geral da OCDE, Angel Gurría.

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