Da Redação
Com Lusa
O secretário-geral do PCP, Jerônimo de Sousa, afirmou na Guarda que o Presidente da República “não tem moral” para afirmar “que é preciso olhar para os jovens porque eles não se interessam pela política”.
“Um Presidente da República que nunca suportou a luta desses jovens estudantes, como a luta dos trabalhadores não tem moral para vir dizer que é preciso olhar para os jovens porque eles não se interessam pela política”, disse Jerónimo de Sousa no discurso proferido no final do almoço convívio da CDU/Guarda, realizado na Escola Secundária da Sé, na cidade.
O secretário-geral do PCP disse que ao contrário do que diz Cavaco Silva “há muitos jovens que se interessam pela política” e que estão “dispostos a lutar pelo seu futuro”.
O Presidente da República renovou os alertas para “a crescente apatia cívica” e indiferença dos jovens perante a atividade política, considerando fundamental que a sociedade e a classe política passem das “palavras aos atos”.
No seu discurso, o líder comunista disse que Cavaco Silva manifestou “com lágrimas de Cavaco Silva”, as suas preocupações “pela indiferença dos jovens perante a política e um apelo para que os jovens que emigraram forçadamente regressem ao país”.
Lembrou que como primeiro-ministro encetou a “destruição” das pescas, da agricultura, da indústria naval, da frota da Marinha Mercante e da siderurgia nacional. “Tudo empresas e setores estratégicos que se não fossem destruídos como foram por esse Governo de Cavaco Silva, possivelmente hoje haveria postos de trabalho e emprego para os nossos jovens que têm que partir para o estrangeiro à procura de trabalho”, afirmou.
Disse ainda que o Presidente da República “sempre apoiou, incentivou a política do Governo”, que “liquidou milhares de postos de trabalho, forçou os jovens para a emigração” e “esteve sempre contra a luta dos jovens estudantes”.
Jerónimo de Sousa falou também dos programas políticos do PS e da coligação PSD/CDS-PP. “O que confirmam os programas de uns e outros, PS, PSD e CDS, é que são farinha do mesmo saco, com opções políticas e econômicas determinadas pela mesma subordinação aos interesses dos grupos econômicos e dos centros do capital financeiro”, apontou.
Falou também das sondagens e de o PS e PSD pedirem maioria absoluta e dizerem que “não se vão entender no período pós-eleições”. “Não se vão entender, dizem eles. Está bem abelha. Se para servir os interesses do capital for preciso, entendem-se e entendem-se bem, como sempre se entenderam ao longo de 39 anos”, observou.
Jerónimo de Sousa disse ainda que o Governo e os partidos que o suportam “querem à viva força convencer os portugueses” que “os anos negros de política e de empobrecimento estão a chegar ao fim graças à sua governação”. “Andam para aí afanosamente a rebobinar o mesmo filme de mentiras e enganos que os portugueses viram na campanha das últimas eleições”, afirmou.
No sábado estiveram em Guimarães, num ato de “cinismo e descaramento”, assinalar “um ano de independência do país e da ‘troika'”, disse. “A ‘troika’ foi embora, mas deixou cá a política que nos amarra no presente e no futuro”, concluiu.