Da Redação
Com Lusa
O Presidente da República defendeu em 28 de outubro uma “aposta muito forte” das empresas na inovação e investigação e elogiou o dinamismo dos empresários portugueses, considerando que foi fundamental para ultrapassar as dificuldades.
“Quem é que há dez anos poderia dizer que as nossas exportações podiam representar 41% do produto? Quando há 10 anos as exportações representavam cerca de 30% do produto”, questionou o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, num encontro que teve ao final da manhã na residência do embaixador de Portugal em Roma com os cerca de 50 empresários que se deslocaram a Itália para participar no X Encontro da COTEC Europa.
Destacando “o dinamismo, a força, a coragem e a determinação” demonstrados pelos empresários, Cavaco Silva considerou que essas foram condições decisivas para Portugal ultrapassar dificuldades e entrar num ritmo de crescimento e de criação de emprego, ao mesmo tempo que conquistava novos mercados que no passado estavam um pouco esquecidos, como no Extremo Oriente ou na América Latina.
Falando perante uma plateia exclusivamente empresarial, o chefe de Estado apontou alguns caminhos para “vencer a batalha da reindustrialização na Europa e em Portugal”, destacando a aposta “muito forte” que deve ser feita na investigação, desenvolvimento e inovação.
“As empresas têm que tomar consciência de que para serem competitivas não podem deixar de facto de atribuir uma prioridade muito forte à investigação, à inovação, ao desenvolvimento”, vincou.
Por outro lado, acrescentou, é fundamental criar condições para “uma maior coordenação associativa”, ou seja, as empresas trabalharem em parceria com a possibilidade de construir consórcios quando estão em causa projetos de elevado risco.
Além disso, as empresas não podem deixar de se aproximar dos “centros produtores de conhecimento”, como as universidades, onde surgem novos produtos, novos materiais e métodos de produção, referiu.
Na sua intervenção, o Presidente da República recordou ainda a forma como a Europa assistiu “impávida e serena” à partida das suas indústrias para outras paragens, como o Extremo Oriente, tendo agora “acordado” e reconhecido que a indústria transformadora “é pilar decisivo do crescimento económico e da criação de emprego”.
“A indústria transformadora é fundamental para a criação de emprego estável”, frisou, considerando que sem uma indústria transformadora forte dificilmente se poderia ter recuperado o passo em matéria de inovação em relação aos Estados Unidos da América, à Coreia do Sul, havendo mesmo o risco da Europa ser ultrapassada pela China e pelo Japão.
O Presidente da República reiterou igualmente a importância do papel das Pequenas e Médias Empresas (PME), considerando que a Europa tem de prestar atenção a essa realidade e à especificidade das PME do sul da Europa.
“A nossa indústria transformadora está como que a renascer, também está a fazer um grande esforço para introduzir as inovações tecnológicas que vão surgindo a um passo bastante acelerado”, disse, reconhecendo, no entanto, a questão do financiamento é um problema.
A este propósito, o chefe de Estado fez referência à existência de fundos comunitários a que os empresários portugueses podem recorrer, nomeadamente através do programa Horizonte 2020, “que é um programa que fala português”, já que o comissário responsável é Carlos Moedas.